Dados dos EUA e declarações de "Fed-boys" impulsionam dólar, que acumula alta de 1,75% na semana
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista subiu pela terceira sessão consecutiva no Brasil nesta sexta-feira, em sintonia com o avanço da moeda norte-americana no exterior, após dados mostrarem uma piora da expectativa de inflação nos Estados Unidos e depois de comentários cautelosos de dirigentes do Federal Reserve sobre a política monetária no país.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,1578 reais na venda, em alta de 0,28%. Na semana, a moeda norte-americana acumulou ganho de 1,75%.
Às 17h22, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,33%, a 5,1650 reais na venda.
Na quinta-feira o dólar havia avançado mais de 1% ante o real em meio aos receios de que o Banco Central possa se tornar mais brando no combate à inflação a partir de 2025, quando os dirigentes indicados pelo governo Lula se tornarão maioria na instituição.
Nesta sexta-feira a moeda norte-americana chegou a oscilar no território negativo no início da sessão, ensaiando um ajuste após o forte avanço recente. Às 9h27 o dólar à vista marcou a cotação mínima de 5,1168 reais (-0,51%).
A divulgação do índice de confiança do consumidor dos EUA, medido pela Universidade de Michigan, mudou o cenário no fim da manhã. A leitura preliminar ficou em 67,4 em maio, em comparação com uma leitura final de 77,2 em abril. Economistas consultados pela Reuters previam uma leitura preliminar de 76,0.
Já a leitura sobre as expectativas de inflação para um ano subiu para 3,5% em maio, de 3,2% em abril. A perspectiva de inflação para cinco anos aumentou para 3,1%, de 3,0% no mês anterior.
Comentários de autoridades do Fed sobre a política monetária e a inflação ajudaram a completar o cenário de maior cautela no exterior, o que fez o dólar ganhar força ante outras divisas.
O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, disse em uma entrevista à Reuters que a economia deve estar desacelerando, mas que o momento de corte de juros nos EUA segue incerto.
Já a presidente do Fed de Dallas, Lorie Logan, disse haver "incertezas" sobre se a política monetária está suficientemente restritiva para reduzir a inflação para a meta de 2%. Segundo ela, é "muito cedo" para cortar as taxas de juros.
“As declarações dos ‘Fed-boys’ e a divulgação do sentimento do consumidor, com a inflação ainda forte, deram força ao dólar, que subiu lá fora e aqui também”, comentou durante a tarde Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.
Após virar para o terreno positivo, o dólar à vista marcou a máxima de 5,1623 reais (0,37%) às 14h22.
Além da influência vinda dos EUA, profissionais do mercado ponderaram que as notícias no Brasil também não favoreciam uma queda do dólar ante o real.
Ainda permeavam os negócios -- em especial no mercado de juros futuros -- receios em torno do Banco Central e a expectativa antes da divulgação, na próxima terça-feira, da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom). Os possíveis efeitos sobre a economia da tragédia provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul eram outro fator de cautela entre os investidores.
No exterior, o dólar seguia em leve alta ante moedas fortes no fim da tarde.
Às 17h21, o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- subia 0,08%, a 105,300.
Pela manhã o BC vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de julho.