Custos elevados de empréstimos ainda se justificam por "algum tempo", aponta ata do BC

Publicado em 18/01/2024 10:28

FRANKFURT (Reuters) - As autoridades de política monetária do Banco Central Europeu pareciam confiantes na reunião de dezembro de que a inflação estava voltando para a meta, mas viam muitos riscos que ainda justificavam os custos elevados dos empréstimos, de acordo com a ata do encontro divulgada nesta quinta-feira.

O BCE manteve as taxas de juros no mês passado e deixou claro que não haveria novos aumentos. Mas também disse que era muito cedo para discutir o afrouxamento da política monetária, mesmo com os mercados apostando cada vez mais no início de uma reversão no começo da primavera (do hemisfério norte).

"Não havia espaço para complacência e não era o momento de o Conselho do BCE baixar a guarda", disse o BCE no documento da reunião de 13 e 14 de dezembro. "Foi observada a necessidade de vigilância e paciência contínuas, e da manutenção de uma postura restritiva por algum tempo."

"Ainda era muito cedo para estar confiante de que a tarefa havia sido cumprida", acrescentou o banco, depois que as autoridades concordaram unanimemente em manter os juros.

As autoridades de política monetária também concluíram que precisavam rechaçar as expectativas do mercado de um afrouxamento monetário rápido, mesmo que houvesse uma incerteza incomum em relação às perspectivas de inflação e crescimento econômico.

"Foi amplamente considerado importante não acomodar as expectativas do mercado na comunicação pós-reunião", disse o BCE. "Foi recomendada certa humildade com relação ao julgamento das expectativas do mercado, dadas as incertezas prevalecentes."

Os investidores agora esperam cortes de 135 pontos-base nas taxas de juros este ano, uma grande mudança em comparação com o início da semana, quando 150 pontos-base eram cotados. A mudança ocorreu depois que várias autoridades de política monetária disseram que os mercados estavam se precipitando.

A inflação subiu para 2,9% no mês passado, conforme esperado pelo BCE, e o banco previu um crescimento de preços na faixa de 2,5% a 2,9% durante todo o ano, não chegando à sua meta de 2% antes de 2025.

As autoridades de política monetária também concluíram que todos os seus três critérios - as perspectivas de inflação, a inflação subjacente e a força da transmissão da política monetária- estavam se movendo na direção certa, aumentando a confiança de que a política monetária está funcionando como pretendido.

Agora, faltando apenas uma semana para a próxima reunião de política monetária do BCE, o debate mudou um pouco, pois as autoridades agora aceitam claramente que o próximo movimento é uma redução nos custos dos empréstimos. Mas ainda existe uma grande lacuna entre as expectativas dos investidores e das autoridades.

Os investidores acreditam que a perspectiva de inflação do BCE está errada e que os cortes nas taxas terão de começar em breve, enquanto os autoridades de política monetária argumentam que os dados, inclusive sobre a evolução dos salários, não estarão disponíveis por meses, portanto, junho é o primeiro momento razoável para reconsiderar a política.

(Reportagem de Balazs Koranyi)

Fonte: Reuters

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