Lucros da zona do euro ainda são maior fator na inflação do que salários, diz BCE

Publicado em 29/06/2023 07:53

 

(Reuters) - Uma medida importante da lucratividade corporativa na zona do euro atingiu um pico recorde no último trimestre, mantendo a pressão sobre a inflação à medida que a tão esperada queda nas margens dos negócios é adiada ainda mais, mostrou um documento do Banco Central Europeu (BCE) nesta quinta-feira.

As empresas aumentaram os preços antes dos aumentos de custos no ano passado e empurraram a inflação para dois dígito, forçando o BCE a aumentar rapidamente os juros para esfriar a demanda, de modo que as empresas teriam que ceder e começar a absorver demandas salariais mais altas.

Embora o BCE muitas vezes culpe o rápido crescimento salarial pelas pressões inflacionárias, o deflator do PIB - uma medida de mudanças no preço de todos os bens e serviços - subiu para quatro vezes sua média histórica no último trimestre com lucros, não salários, contribuindo para a maior parte disso.

"No primeiro trimestre de 2023, a taxa de crescimento anual do deflator do PIB da área do euro atingiu uma máxima recorde de 6,2%, acima dos 5,7% no trimestre anterior, tendo ficado no mínimo de 0,6% no segundo trimestre de 2021, " disse o BCE em artigo do Boletim Econômico.

"A contribuição dos lucros foi particularmente grande nos últimos três trimestres, respondendo por cerca de 60% do crescimento total do deflator do PIB", acrescentou o BCE.

O pensamento econômico tradicional teria apontado para lucros mais fracos, dado que o bloco sofreu uma recessão durante o inverno, mas a natureza única dos choques substituiu o livro de regras.

As famílias ainda estão com amplas reservas acumuladas durante a pandemia, então continuam gastando, enquanto a volatilidade dos preços da energia criou uma desculpa mais fácil para as empresas aumentarem os preços.

A antecipação de mais choques de energia está motivando as empresas a se protegerem contra novos choques.

Mesmo que uma queda nas margens ainda não seja evidente, o BCE repetiu sua visão de longa data de que isso eventualmente acontecerá e as empresas começarão a absorver parte da demanda de salários extras de seus trabalhadores, tirando assim a pressão do BCE para aumentar os juros.

"Olhando para o futuro, o desaparecimento da demanda reprimida relacionada à pandemia, a diminuição dos gargalos na oferta e o impacto do aperto da política monetária devem significar que as empresas estão sob mais pressão para absorver o forte crescimento salarial e o consequente crescimento nos custos trabalhistas usando lucros unitários", disse o BCE.

(Reportagem de Balazs Koranyi)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar recua em linha com emergentes em meio a dados dos EUA e expectativa pela China
Ações da China fecham semana em baixa em meio a cautela
Dólar oscila em margens estreitas e fecha perto da estabilidade no Brasil
Trump vai propor dedução dos juros sobre financiamento de veículos
Presidente do Fed de Atlanta se diz "confortável" em manter juros inalterados em novembro
Ações recuam na Europa após dados de inflação dos EUA e com orçamento francês em foco