China aprofunda laços com Rússia e Biden reúne Otan sobre Ucrânia
Por Nandita Bose e Guy Faulconbridge
VARSÓVIA/MOSCOU (Reuters) - A China prometeu nesta quarta-feira aprofundar cooperação com a Rússia, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se prepara para uma reunião com líderes do flanco oriental da Otan, antes do primeiro aniversário da guerra na Ucrânia.
A Rússia deve iniciar exercícios militares com a China na África do Sul na sexta-feira e enviou uma fragata equipada com mísseis de cruzeiro hipersônicos de nova geração. Um oficial russo disse nesta quarta-feira que a Rússia disparará artilharia, mas não os mísseis, cuja velocidade os torna difíceis de abater.
Na visita de mais alto nível à Rússia por uma autoridade chinesa desde que os países assinaram uma parceria "sem limites" semanas antes da invasão, o principal diplomata da China, Wang Li, disse ao presidente Vladimir Putin que Pequim está pronta para fortalecer os laços.
Um momento de crise exigiu que Rússia e China "aprofundassem continuamente nossa parceria estratégica abrangente", declarou Wang.
Putin disse que estava ansioso por uma visita a Moscou do presidente chinês, Xi Jinping, e uma parceria mais profunda.
Espera-se que Xi faça um "discurso de paz" na sexta-feira. Kiev afirma que não se pode falar em paz com as tropas russas na Ucrânia.
"Esta guerra não provocada e criminosa da Rússia contra a Ucrânia... precisa terminar com a limpeza de toda a terra ucraniana da ocupação russa e sólidas garantias de segurança a longo prazo para o nosso Estado, toda a Europa e o mundo inteiro", disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, no aplicativo de mensagens Telegram.
Dentro da Ucrânia, as escolas têm aulas online pelo resto da semana por medo de um aumento de ataques de mísseis russos um ano depois da invasão de Moscou, em 24 de fevereiro, que ainda não conseguiu derrubar o governo de Zelenskiy e está travada há muito tempo.
Putin respondeu à falta de progresso na Ucrânia com ameaças veladas de usar armas nucleares. Ele suspendeu um tratado de controle de armas nucleares na terça-feira, acusando Washington de transformar a guerra em um conflito global ao armar a Ucrânia.
Os ministérios das Relações Exteriores e da Defesa da Rússia disseram mais tarde que Moscou continuará cumprindo as restrições descritas no New Start (Tratado de Redução de Armas Estratégicas) sobre o número de ogivas nucleares que pode ter implantado e o número de porta-mísseis nucleares. A câmara baixa do Parlamento da Rússia aprovou a suspensão do tratado nesta quarta-feira.
A tensão sobre a Ucrânia já havia interrompido as inspeções sob o tratado, que exige que EUA e Rússia façam verificações mútuas em seus arsenais nucleares.
Biden, que destacou apoio a Kiev em uma visita surpresa à Ucrânia na segunda-feira, reuniu aliados da Otan na Polônia, dizendo que a invasão testou o mundo inteiro, mas Washington e seus aliados mostraram que defenderão a democracia.
Nesta quarta-feira, Biden se reunirá com os líderes do grupo Bucareste Nove, membros orientais da Otan que se juntaram à aliança após anos de dominação da Guerra Fria pela então União Soviética. Eles incluem muitos dos mais fortes apoiadores da ajuda militar à Ucrânia.