Altas de juros ainda não foram sentidas, mesmo com mais aumentos por vir, diz BCE
Por Marc Jones
LONDRES (Reuters) - O forte aumento do Banco Central Europeu (BCE) nos custos de empréstimos ainda não foi totalmente sentido pela economia da zona do euro, disseram dois importantes formuladores de política monetária do BCE nesta quinta-feira, dizendo que movimentos futuros devem depender de como os dados evoluem.
O economista-chefe do BCE, Philip Lane, e seu colega de conselho, Fabio Panetta, disseram que as ações do banco central ainda não funcionaram na economia e pediram, respectivamente, "uma mente aberta" e uma "abordagem ponderada" para movimentos futuros.
"A maioria dos efeitos de nosso aperto (monetário), ainda está à nossa frente", disse Panetta em um evento em Londres. "Isso significa, por exemplo, que o atual ajuste no mercado de crédito... deve comprimir o consumo e o investimento nos próximos meses."
Ele estimou que a inflação na zona do euro pode cair abaixo de 3% até o final do ano se a queda nos preços da energia for sustentada --bem abaixo dos 8,5% do mês passado.
Lane disse mais tarde que o aperto do BCE reduziu a inflação em cerca de 1,2 ponto percentual para este ano de 2023 e em 1,8 ponto percentual para 2024, mas "muito de seu efeito" ainda estava em andamento.
Ele listou uma série de razões pelas quais o impacto da política monetária do BCE pode ser adiado, desde a alta poupança das famílias até uma proporção maior de hipotecas de taxa fixa do que na época do último ciclo de aperto.
O BCE elevou os juros em 0,50 ponto percentual, movimento historicamente alto, neste mês e anunciou outro aumento do mesmo tamanho para 16 de março.
Panetta, nomeado pela Itália para o conselho do BCE, pediu ajustes com magnitudes menores depois de março.
“Ao suavizar nossos aumentos de juros --ou seja, movendo-se em pequenos incrementos-- podemos garantir que calibramos ambos os elementos com mais precisão à luz das informações recebidas e de nossa função de reação”, disse ele.
Os mercados financeiros esperam que o BCE aumente a taxa que paga sobre depósitos bancários de 2,5% atualmente para pelo menos 3,5% até o verão europeu.