Ibovespa recua com NY e peso de Vale; Cosan estende queda

Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa caiu nesta segunda-feira, seguindo o recuo das bolsas de Nova York, em especial das ações de tecnologia, enquanto investidores avaliam o cenário de alta de juros e o desenrolar da guerra na Ucrânia.

Vale foi a que mais pressionou o índice e, WEG, a principal contribuição positiva.

O Ibovespa caiu 0,37%, a 115.940,64 pontos. Na mínima, o índice cedeu a 115.261,12 pontos, enquanto na máxima foi a 116.840,61 pontos. O volume financeiro somou 25,5 bilhões de reais.

"Ibovespa está acompanhando as bolsas norte-americanas e a queda do petróleo. Vale também ajuda a puxar para baixo, já que o papel estava muito inflado devido a compras da Cosan", disse Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

"No resto, o mercado vai ficar esperando política de juros, principalmente nos Estados Unidos e Europa", acrescentou.

Os principais índices em Wall Street cederam entre 0,3% e 1%, quarto recuo consecutivo, diante da queda de ações de fabricantes de chips, após o governo Biden publicar um amplo conjunto de controles de exportação de microprocessadores, novo acirramento de tensões entre Rússia e Ucrânia no final de semana e manutenção do foco na política monetária.

Por aqui, o índice de inflação IGP-M caiu mais do que o esperado em setembro, com novo alívio nos preços de combustíveis e de commodities, divulgou a FGV pela manhã. Na terça-feira, o IBGE publica o IPCA do mês passado.

No front das eleições, o Ipec divulga nova pesquisa de intenção de votos ainda nesta segunda-feira.

Gestores da Verde Asset, uma das principais do país, disseram em carta de desempenho mensal que o resultado do primeiro turno das eleições "trouxe surpresas importantes para a maioria dos analistas", com um Congresso mais conservador do que se projetava. "O próximo presidente, independente de quem vencer no segundo turno, terá que trabalhar com restrições impostas por essa composição legislativa", escreveram.

DESTAQUES

- COSAN ON cedeu 7,5%, a 15,40 reais, estendendo queda da sexta-feira, quando fechou em baixa de 8,7%, na esteira de anúncio de aquisição pelo conglomerado de cerca de 4,9% do total de ações ordinárias da mineradora Vale. RUMO ON, do grupo Cosan, caiu 4,6%, a 18,23 reais.

- VALE ON perdeu 2%, a 73,99 reais, após o anúncio da Cosan e mesmo com alta do minério de ferro na Ásia devido a menores estoques em portos da China durante o feriado no país no início do mês.

- SLC AGRÍCOLA ON elevou 6,1%, a 44,73 reais, enquanto SÃO MARTINHO ON ganhou 5,5%, a 27,67 reais, em sessão positiva para ações ligadas ao agronegócio. Frigoríficos foram bem, apesar da volatilidade em alguns papéis. BRF ON avançou 5,1%, a 14,55 reais, e MINERVA ON expandiu 4,2%, a 13,20 reais.

- BRADESCO PN reduziu 1,5%, a 20,16 reais, após analistas do Itaú BBA cortarem recomendação do papel a "market perform", com expectativa de fracos resultados no terceiro trimestre.

- PETROBRAS PN exibiu perda de 1,1%, a 33,25 reais, uma vez que o petróleo Brent, que serve de referência para a companhia, caiu 1,8%, com perspectiva de economia global mais fraca impactando leitura para demanda da commodity. A estatal ainda anunciou redução em 5%, em média, nos preços dos contratos de gás natural para distribuidoras. No setor, PETRORIO ON diminuiu 1,7%, 31,46 reais, e 3R PETROLEUM ON aumentou 0,3%, a 43,02 reais.

- NEOENERGIA ON, que não está no Ibovespa, avançou 1,1%, a 15,38 reais. A empresa está avaliando vender uma participação minoritária em seu negócio de transmissão de energia, disse o Valor Econômico nesta segunda-feira, acrescentando que a elétrica contratou os bancos Itaú BBA e JPMorgan para encontrar um sócio.

- ONCOCLÍNICAS ON, que não faz parte do Ibovespa, recuou 1,6%, a 6,99 reais. A empresa anunciou expansão de parceria com a cooperativa Unimed Nacional para criação de uma joint venture para oferta de serviços de tratamento de câncer.