Dólar estende rali, supera R$5,28 e caminha para forte alta semanal por receios sobre Fed

Publicado em 16/09/2022 11:11

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar estendia seu rali em relação à moeda brasileira nesta sexta-feira, superando a marca de 5,28 reais e ficando a caminho de forte valorização semanal, com os receios sobre um ciclo de alta de juros muito agressivo nos Estados Unidos continuando a impor cautela internacional.

Às 9:59 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,85%, a 5,2842 reais na venda, rondando os maiores patamares do dia, em níveis intradiários que não eram vistos desde o dia 4 de agosto.

Na B3, às 9:59 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,66%, a 5,3015 reais.

Essa alta estava em linha com uma valorização de 0,3% do índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes no exterior, que rondava seus maiores patamares em 20 anos. Ao mesmo tempo, várias moedas emergentes ou sensíveis às commodities, como peso mexicano, rand sul-africano e dólar australiano, operavam no vermelho nesta manhã.

Por traz desses movimentos, especialistas citavam expectativas crescentes de que o banco central dos EUA, o Federal Reserve, dará sequência a seu agressivo ciclo de alta dos juros em sua próxima reunião, visão que foi alimentada nesta semana por dados mais altos do que o esperado sobre a inflação e a atividade na maior economia do mundo.

"Esperamos que a autoridade monetária eleve as taxas de juros em 0,75 ponto percentual (a terceira consecutiva dessa magnitude), porém há um receio nos mercados de que o Fed possa adotar um tom ainda mais duro", disse o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco em relatório.

"Na Ásia, nem mesmo dados de atividade de agosto, melhores do que o esperado, conseguiram reverter o ambiente de preocupação com a postura que será adotada pelo Fed e o temor de recessão global... Nesse cenário, o dólar se fortalece ante as principais moedas."

Dados desta sexta-feira mostraram que tanto a produção industrial quando as vendas no varejo da China superaram acentuadamente as projeções de analistas no mês passado. Apesar da surpresa positiva, os preços de algumas commodities sensíveis ao país asiático, como minério de ferro, mostravam queda no dia --um suporte a menos para divisas expostas a esse tipo de produto, como o real e outros pares latino-americanos.

Após dias de negociações permeadas por cautela, o dólar ficava a caminho de fechar a semana em alta de 2,6% --que seria a mais acentuada desde meados de julho--, impulsionado principalmente pelos saltos de 1,80% e 1,18% de terça e quinta-feira, respectivamente.

Participantes do mercado alertaram que o clima de aversão a risco visto nos últimos pregões pode perdurar até a conclusão da reunião de política monetária do Fed, na semana que vem. O encontro começará na terça e se encerrará na quarta, com previsão de anúncio da decisão sobre a taxa de juro às 15h (de Brasília). O banco central norte-americano já subiu os custos de empréstimo em 2,25 pontos percentuais desde março deste ano, conforme enfrenta uma inflação persistente.

O Banco Central do Brasil também fará sua próxima reunião de política monetária na semana que vem, nos mesmos dias que o encontro do Fed. Contratos futuros de juros mostram probabilidade implícita de 60% de manutenção da taxa Selic no nível atual de 13,75% ao ano, mas ainda há 40% de chance de haver aumento residual para 14%.

Fonte: Reuters

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