Apoio a grande alta de juros pelo BCE cresce entre autoridades
Por Balazs Koranyi
ALPBACH, Áustria (Reuters) - Um coro de autoridades do Banco Central Europeu (BCE) pediu aumentos decisivos e rápidos dos juros nesta terça-feira para combater a inflação crescente, uma indicação de que a escolha na reunião de política monetária da próxima semana será entre um movimento grande e outro ainda maior.
Com a inflação provavelmente atingindo 9% este mês antes de seguir para o território de dois dígitos diante dos preços crescentes do gás, os formuladores de política monetária temem cada vez mais que até mesmo as expectativas de longo prazo ultrapassem a meta de 2% do BCE, o que sugeriria uma perda de confiança nos poderes de combate à inflação da instituição.
Isso deixa a escolha para a próxima semana em grande parte dividida entre um ajuste de 0,50 e 0,75 ponto percentual nos juros, depois que o BCE subiu sua taxa de depósito em 0,50 ponto percentual, para zero, no mês passado, primeiro aumento em mais de uma década.
O presidente do banco central holandês, Klaas Knot, e Madis Müller, da Estônia, disseram que um ajuste para cima de 0,75 ponto percentual nos juros deve pelo menos ser discutido, enquanto o presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, defendeu uma ação rápida e elogiou os benefícios das medidas de antecipação de incrementos nos juros.
"Uma rápida normalização das taxas de juros é uma primeira fase essencial, e algumas antecipações não devem ser excluídas", afirmou Knot em um evento do Danske Bank. "A ampliação e aprofundamento do nosso problema de inflação gera a necessidade de agir com força."
A diretora do BCE Isabel Schnabel e o presidente do banco central francês, François Villeroy de Galhau, pediram aumentos fortes ou significativos das taxas de juros neste fim de semana.
Os futuros de mercado precificam totalmente uma elevação de juro de 0,50 ponto percentual e alta probabilidade de um incremento de 0,75 ponto percentual em setembro, um sinal de que o BCE pode seguir qualquer caminho.
"Acho que 75 pontos-base devem estar entre as opções para setembro", disse Müller. "Não devemos ser muito tímidos com os movimentos de política monetária, já que a inflação está muito alta há muito tempo e ainda estamos muito abaixo da taxa neutra."
Embora muitas autoridades tenham dito que o objetivo é primeiro levar as taxas de juros para o nível "neutro", onde o BCE não iria estimular nem desacelerar o crescimento, Knot afirmou que essa taxa --algo entre 1% e 2%-- pode não ser suficiente, e uma política monetária restritiva poderia tornar-se necessária.
Falando apenas dois dias antes do próximo período de silêncio do BCE, Pierre Wunsch, chefe do banco central da Bélgica, reiterou o comentário de Knot e argumentou que uma política monetária restritiva pode ser necessária, mesmo que uma recessão agora seja provável.
"Acho que o consenso é que temos que avançar rapidamente para um nível que, em algum momento, será restritivo", disse Wunsch.