IPCA-15 tem em agosto maior queda em quase 31 anos por combustíveis e energia elétrica

Publicado em 24/08/2022 09:36 e atualizado em 24/08/2022 11:44

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) - O IPCA-15 registrou em agosto a maior deflação desde 1991, sob os efeitos de medidas que ajudaram na queda dos preços de combustíveis e energia elétrica, com a taxa em 12 meses indo abaixo de 10% pela primeira vez em um ano.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) teve neste mês recuo de 0,73%, depois de alta de 0,13% em julho, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Foi a primeira deflação mensal do índice --considerado uma prévia do IPCA, que baliza o regime de metas de inflação-- desde maio de 2020 (-0,59%), a primeira para agosto desde 2010 (-0,05%) e a menor taxa de variação desde o início da série histórica, em novembro de 1991.

No entanto, a queda dos preços foi menos intensa do que se esperava em pesquisa da Reuters, que apontava recuo de 0,81%.

Com essa leitura, o IPCA-15 passou a acumular em 12 meses alta de 9,60%, de 11,39% no mês anterior, mas ainda bem acima do teto da meta oficial para a inflação neste ano, de 3,50%, com margem de 1,50 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA --já abandonada pelo Banco Central.

A expectativa para o dado em 12 meses era de avanço de 9,5%.

Os preços dos combustíveis tiveram em agosto queda de 15,33%. A gasolina recuou 16,80% --dando a maior contribuição negativa ao índice do mês (-1,07 ponto percentual)-- e o etanol, 10,78%. Com isso, o grupo Transportes apresentou queda de 5,24%.

Já os custos de Habitação caíram 0,37%, com as contas da energia elétrica residencial ficando 3,29% mais baratas.

O resultado do mês ainda mostrou efeito residual da lei que estabelece um teto para as alíquotas de ICMS sobre os setores de combustíveis, gás, energia, comunicações e transporte coletivo.

Para os combustíveis, ainda contribuiu corte de preços anunciado pela Petrobras no fim de julho. No entanto, analistas alertam que a melhora do mercado de trabalho e nova rodada de estímulos fiscais apresentam riscos de alta para a inflação no médio prazo.

Já a maior alta em agosto foi registrada pelos preços de Alimentação e bebidas, de 1,12%, com aumento de 14,21% nos preços do leite longa vida. Frutas (2,99%), queijo (4,18%) e frango em pedaços (3,08%) também subiram, e com isso os custos da alimentação no domicílio se elevaram 1,24% em agosto.

Mesmo com a indicação de que o pior já passou para a inflação, o BC elevou no início de agosto a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 13,75%, e disse que avaliará a necessidade de ajuste residual nos juros em sua reunião de setembro.

O BC alertou ainda que o prolongamento de políticas temporárias de apoio à renda pode elevar prêmios de risco do país e as expectativas de inflação. Na véspera, o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, disse que a inflação de 2022 no Brasil será de aproximadamente 6,5% ou talvez um pouco menor, ressaltando não estar celebrando esse possível resultado.

A pesquisa Focus mais recente realizada pelo BC com uma centena de economistas mostra que a expectativa é de que a inflação termine este ano a 6,82%, indo a 5,33% em 2023.

Fonte: IBGE

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar abre semana estável antes de decisões de juros no Brasil e nos EUA
Mercado eleva expectativas para a inflação em 2024 e 2025 no Focus
Atividade manufatureira da China deve registrar queda crescente em julho
Confiança da indústria no Brasil avança pelo 4º mês consecutivo em julho, diz FGV
Minério de ferro fecha em leve alta em Dalian com dados industriais da China
Índice de Xangai fecha estável antes de reunião do Politburo