Ibovespa fecha acima dos 110 mil pontos com alívio em inflação nos EUA
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa avançou mais de 1% e fechou na máxima em dois meses nesta quarta-feira, com ativos de risco beneficiando-se de apostas de menor aperto monetário nos Estados Unidos após alívio da inflação do consumidor norte-americano.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,46%, a 110.235,76 pontos, cravando a sétima alta seguida, na maior série de ganhos desde meados de março. No melhor momento, chegou a 110.362,14pontos. O volume financeiro do pregão somou 28,5 bilhões de reais.
Nos EUA, o Departamento do Trabalho divulgou pela manhã que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ficou estável em julho, ante alta de 1,3% no mês anterior e expectativa de aumento de 0,2%.
Após os dados, investidores imediatamente reduziram apostas de que o Federal Reserve fará um terceiro aumento consecutivo de 0,75 ponto percentual na reunião de setembro e agora veem que o banco central dos EUA deve optar por uma elevação de 0,5 ponto.
Na visão do diretor de investimentos da Reach Capital, Ricardo Campos, o CPI corrobora expectativas de que talvez o Fed não precise elevar tanto os juros nos EUA, dado o ambiente de desaceleração global e queda do petróleo. "E aí a bolsa sobe."
Em Wall Street, uma das referências do mercado acionário, o S&P 500 avançou 2,1%.
Para Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora, o pregão foi pautado pelo CPI, mas ele também destacou que a divulgação de resultados corporativos robustos favorecem a demanda por ativos de risco.
Ainda nesta quarta-feira estão previstos os números de empresas como JBS, Banco do Brasil, Braskem e BRF, enquanto a quinta-feira reserva outra bateria de balanços.
Campos ainda chamou a atenção para a deflação registrada pelo IPCA no mês passado, que foi divulgada na véspera, como mais um componente favorável para a bolsa, uma vez que endossa a perspectiva de que o ciclo de alta da Selic pode ter acabado.
DESTAQUES
- IRB BRASIL RE ON avançou 8,93%, a 2,44 reais, buscando apoio no viés mais positivo do mercado como um todo para ampliar os ganhos em agosto, após testar mínimas históricas no mês passado. Em 2022, os papéis ainda contabilizam um declínio de quase 40%. A resseguradora reporta balanço no próximo dia 15 - dados de abril e maio mostraram prejuízo.
- EZTEC ON avançou 8,09%, a 18,98 reais, com o segmento imobiliário entre os destaques setoriais na B3, em meio às perspectivas mais favoráveis para as taxas de juros.
- YDUQS ON avançou 7,04%, a 16,11 reais, encontrando suporte no apetite a risco para ampliar a recuperação desde que atingiu uma mínima desde dezembro de 2016 no começo de julho. No setor, COGNA ON avançou 3,53%, a 2,64 reais. Yduqs divulga balanço no dia 15 e Cogna no dia 11. A Genial espera um trimestre "morno".
- PETROBRAS PN caiu 0,32%, a 37,11 reais, após seis pregões seguidos de alta, tendo renovado máximas históricas. Parte do movimento positivo está atrelada a operações de investidores mirando o dividendo expressivo anunciado pela estatal, que será pago com base na posição acionária do dia 11. Desde o anúncio, a ação já subiu ao redor de 20%, incluindo máxima nesta quarta, a 37,65 reais.
- COPEL PNB caiu 1,92%, a 7,17 reais, após reportar prejuízo líquido de 522,37 milhões de reais no segundo trimestre de 2022, revertendo o lucro de 1 bilhão de reais reportado no mesmo período do ano passado, em resultado afetado por impacto de devolução de créditos tributários. O índice do setor elétrico subiu apenas 0,45%, entre os piores desempenhos setoriais na B3.
- XP INC despencou 13,61%, a 20,44 dólares, em Nova York, após a plataforma de investimentos reportar lucro quase estável no segundo trimestre na comparação com um ano antes, de 1,046 bilhão de reais, com receita líquida crescendo 14%, mas margem Ebitda caindo a 35,4%. Analistas do Bank of America destacaram positivamente a resiliência das receitas, mas chamaram a atenção para a pressão de margens.