Dólar recupera fôlego após ir abaixo de R$5,13 com política monetária em foco
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar recuperava algum terreno depois de chegar a ir abaixo de 5,13 reais nesta segunda-feira, com as perspectivas para os juros tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil --às vésperas da reunião de política monetária do Banco Central-- dominando o foco de investidores, que seguiam de olho em temores internacionais de recessão.
Às 10:23 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,24%, a 5,1851 reais na venda, mas, na mínima do dia, chegou a cair 0,87%, a 5,1277 reais, nível que não era registrado desde o dia 22 de junho.
Na B3, às 10:23 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,16%, a 5,2305 reais.
As perdas do dólar vistas mais cedo nesta manhã vieram na esteira de baixa acumulada de 5,91% vista na semana passada, em que a moeda fechou em 5,1727 reais. No mês de julho, a moeda reverteu ganhos anteriores e cedeu 1,12%, depois de ter chegado a contabilizar alta de até 5,09% no período.
Participantes do mercado ressaltaram que é normal, depois de movimentos expressivos da moeda norte-americana, ver ajustes pontuais no sentido oposto, conforme operadores realizam lucros.
No exterior, o dólar tinha perdas generalizadas neste início de semana, com seu índice frente a uma cesta de pares fortes em baixa de 0,40%, a 105,570, bem distante de uma máxima em duas décadas atingida no mês passado, o que estrategistas da Travelex disseram ser possível fator de impulso para o real ao longo desta sessão.
Divisas arriscadas pares da moeda brasileira, como dólar australiano, rand sul-africano e pesos mexicano e chileno, tinham fortes ganhos nesta segunda-feira, conforme investidores moderavam suas apostas para a magnitude do aperto monetário a ser promovido pelo Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos.
A política monetária também é foco no mercado local, disse a Travelex em nota, com investidores à espera da reunião de dois dias do Banco Central, que se encerrará na quarta-feira. No encontro, a taxa Selic deve ser elevada em 0,50 ponto percentual, a 13,75% ao ano, mostrou pesquisa da Reuters com economistas.
Num geral, quanto mais altos os juros em determinado país, mais sua moeda tende a se beneficiar, já que taxas de empréstimo elevadas impulsionam os retornos da dívida local, atraindo investidores estrangeiros.
Nesse sentido, Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), disse no domingo que a recuperação do real vista no final do mês passado reflete em boa parte uma amenização na guinada "hawkish" (dura no combate à inflação) do Fed, que "não precisará subir os juros tão agressivamente" à medida que os custos dos empréstimos norte-americanos se aproximam de patamar considerado neutro.
Ele acrescentou em postagem no Twitter que fortes superávits na balança comercial do Brasil colaboram para sua visão de que o real está em patamares subvalorizados. O IIF vê uma taxa de câmbio de 4,50 reais por dólar como nível "justo", ou seja, condizente com os fundamentos macroeconômicos do país.
A equipe de macro e estratégia do BTG Pactual disse em relatório desta segunda-feira que a "ausência de novidades no cenário político" brasileiro também colaborou para a recente apreciação do real, já que permitiu que vetores externos compensassem preocupações locais.
No entanto, o documento ressaltou que "a moeda local enfrenta um cenário desafiador diante de um cenário de recessão global e perda de força das commodities.
O dólar acumula baixa de 7% contra o real em 2022, mas ainda está mais de 12% acima da mínima para encerramento deste ano, de 4,6075 reais, atingida no início de abril.
(Edição de Camila Moreira)