FMI corta previsões de crescimento global e alerta para recessão com inflação alta

Publicado em 26/07/2022 10:29

O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou as previsões de crescimento global novamente nesta terça-feira, alertando que os riscos negativos da inflação alta e da guerra na Ucrânia estão se materializando e podem levar a economia mundial à beira da recessão se não forem controlados.

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real global desacelerará para 3,2% em 2022, ante uma previsão de 3,6% divulgada em abril, disse o FMI em uma actualização de seu relatório Perspectiva Econômica Global. O Fundo acrescentou que o PIB mundial contraiu no segundo trimestre devido a retrações na China e na Rússia.

O Fundo cortou sua previsão de crescimento em 2023 para 2,9% em relação à estimativa de abril de 3,6%, citando o impacto de uma política monetária mais restritiva.

O crescimento mundial se recuperou em 2021 para 6,1% depois que a pandemia da Covid-19 esmagou a produção global em 2020 com uma contração de 3,1%.

"A perspectiva piorou significativamente desde abril. O mundo poderá em breve estar à beira de uma recessão global, apenas dois anos após a última", disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, em comunicado.

EMBARGO DE GÁS RUSSO

O FMI disse que suas últimas previsões são "extraordinariamente incertas" e sujeitas a riscos negativos do aumento dos preços de energia e alimentos devido à guerra da Rússia na Ucrânia. Isso exacerbará a inflação e incorporará expectativas inflacionárias de longo prazo que levam a um maior aperto da política monetária.

Sob um cenário alternativo "plausível" que inclui um corte completo do fornecimento de gás russo para a Europa até o final do ano e uma queda adicional de 30% nas exportações russas de petróleo, o FMI disse que o crescimento global desaceleraria para 2,6% em 2022 e 2% em 2023, com crescimento praticamente nulo na Europa e nos Estados Unidos no próximo ano.

O crescimento global caiu abaixo de 2% apenas cinco vezes desde 1970, disse o FMI, incluindo a recessão pela Covid-19 de 2020.

O FMI disse que agora espera que a taxa de inflação nas economias desenvolvidas atinja 6,6% em 2022, acima dos 5,7% das previsões de abril, acrescentando que permanecerá elevada por mais tempo do que o previsto anteriormente. A inflação nos mercados emergentes e países em desenvolvimento deve agora atingir 9,5% em 2022, acima dos 8,7% em abril.

"A inflação nos níveis atuais representa um risco claro para a estabilidade macroeconômica atual e futura e trazê-la de volta às metas dos bancos centrais deve ser a principal prioridade para os formuladores de políticas monetárias", disse Gourinchas.

O aperto da política monetária terá impacto no próximo ano, desacelerando o crescimento e pressionando os países de mercados emergentes, mas atrasar esse processo "só exacerbará as dificuldades", disse ele, acrescentando que os bancos centrais "devem manter o curso até que a inflação seja domada".

QUEDAS DE EUA E CHINA

Para os Estados Unidos, o FMI confirmou suas previsões de 12 de julho de crescimento de 2,3% em 2022 e 1,0% para 2023, que havia cortado duas vezes desde abril devido à desaceleração da demanda.

O Fundo cortou com força a previsão de crescimento do PIB da China em 2022 para 3,3%, de 4,4% em abril, citando surtos de Covid-19 e lockdowns generalizados nas principais cidades, o que reduziu a produção e piorou as interrupções na cadeia de suprimentos global.

O FMI cortou sua perspectiva de crescimento da zona do euro para 2022 para 2,6%, de 2,8% em abril, refletindo as repercussões inflacionárias da guerra na Ucrânia. Mas as previsões foram cortadas mais profundamente para alguns países com maior exposição à guerra, incluindo a Alemanha, que viu sua perspectiva de crescimento para 2022 reduzida para 1,2%, de 2,1% em abril.

A economia da Rússia deve contrair 6,0% em 2022 devido ao aperto das sanções financeiras e energéticas ocidentais, e cair mais 3,5% em 2023, disse o FMI. A economia da Ucrânia deve encolher cerca de 45% devido à guerra, mas a estimativa vem com extrema incerteza.

Fonte: Reuters

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