Dólar cai mais de 1% ante real com exterior benigno; semana promete volatilidade com Fed em foco
O dólar tinha queda acentuada contra o real nesta segunda-feira, acompanhando movimento semelhante observado nos mercados de câmbio globais, com o foco de investidores na reunião de política monetária do banco central dos Estados Unidos, o Federeal Reserve, mais tarde nesta semana.
Às 10:30 (de Brasília), o dólar à vista recuava 1,24%, a 5,4295 reais na venda, nas mínimas do dia.
Na B3, às 10:30 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,31%, a 5,4370 reais.
As perdas do dólar nesta segunda-feira eram generalizadas, com seu índice frente a uma cesta de rivais de países fortes cedendo 0,42%, a 106,250, mantendo-se bem abaixo de uma máxima em duas décadas atingida mais cedo neste mês.
Enquanto isso, várias moedas de países emergentes ou exportadores de commodities, como pesos mexicano e chileno, rand sul-africano e dólar australiano, apresentavam ganhos expressivos nesta manhã. Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, atribuiu esse comportamento a avanço nos preços de produtos como petróleo e minério de ferro, o que "naturalmente também acaba favorecendo uma valorização do real".
Apesar da aparente melhora no sentimento dos mercados internacionais neste pregão, com as principais bolsas apresentando ganhos, a semana promete ser volátil, com operadores à espera da reunião do Federal Reserve, que começa na terça-feira e se encerra na quarta.
O cenário precificado pela grande maioria dos mercados é de uma elevação de 0,75 ponto percentual nos juros pelo banco central norte-americano, o que configuraria manutenção do ritmo de aperto em relação a seu último encontro de política monetária, mas alguns investidores apostam em ajuste mais intenso, de 1 ponto completo.
"O mercado está bem em cima não só da decisão do Fed, mas do comunicado (de política monetária) também; a depender de como vier, ele pode ajudar a valorizar ou desvalorizar" o dólar, disse Izac. Num geral, quando o Fed emite sinais de endurecimento do aperto monetário, a moeda norte-americana tende a ganhar força globalmente, enquanto indicações mais brandas costumam desencadear seu enfraquecimento.
Também deve colaborar para a volatilidade no mercado de câmbio nesta semana a formação da Ptax referencial de julho, que acontecerá na sexta-feira, disseram em nota estrategistas da Travelex. A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para liquidação de derivativos. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar, o que geralmente eleva a instabilidade das negociações.
Enquanto isso, investidores devem começar a mostrar cautela cada vez maior em relação à corrida eleitoral brasileira, que provavelmente começará a ganhar ritmo, uma vez que as candidaturas tanto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), já foram oficializadas.
"Ambos os candidatos estão dando indícios de que, se eleitos, vão manter medidas populistas, o que levanta um risco fiscal que pode ser um dos fatores que limitaria uma queda do dólar contra o real", afirmou Izac, da Nexgen.
O dólar tem alta de 3,80% contra o real até agora em julho, embora ainda acumule no ano baixa de 2,57%.
O dólar negociado no mercado interbancário fechou a última sessão, na sexta-feira, com valorização positiva de 0,02%, a 5,4976 reais.