Inflação nos EUA impõe tom sinistro aos mercados com fichas de alta de 1 p.p. dos juros à mesa
Por Lewis Krauskopf
NOVA YORK (Reuters) - Os dados de inflação norte-americana em junho surpreendentemente elevados estão complicando as perspectivas para os mercados, à medida que investidores se preparam para uma abordagem ainda mais "hawkish" (dura contra a inflação) por parte banco central dos EUA e volatilidade contínua em ações e títulos.
Wall Street reagiu aos dados, que mostraram os preços ao consumidor em alta de 9,1% em base anual, acima do esperado, com desânimo. Analistas do Wells Fargo classificaram o relatório como péssimo, enquanto estrategistas do BofA Global Research disseram que o documento endossou a recente previsão do BofA de uma recessão leve nos EUA.
Contratos futuros de juros, que refletem apostas de operadores para os movimentos da política monetária do Federal Reserve, mostraram recentemente chance superior a 80% de um aumento de 1 ponto percentual na taxa básica de juros na próxima reunião do Fed, ante probabilidade de aproximadamente uma em nove antes da divulgação do relatório, segundo dados do CME Group.
"É mais provável que tenhamos uma recessão porque o Fed terá de agir de forma agressiva", disse Chris Zaccarelli, diretor de investimentos da Independent Advisor Alliance.
"Infelizmente estávamos à procura de boas notícias, e isso não é uma boa notícia", afirmou.
O relatório causou fortes oscilações nas ações, e o S&P 500 chegou a cair 1,6% antes de se recuperar e mostrar alta. No dia, o índice de referência tinha moderadas alterações e, no ano, recua cerca de 20%.
A curva entre os rendimentos dos Treasuries de dois e dez anos atingiu nesta quarta-feira seu nível mais negativamente inclinado desde 2006, o que mais uma vez acende um alerta que precedeu recessões passadas.
Alguns analistas disseram que a inflação pode começar a arrefecer nos próximos meses e destacaram uma queda recente nos preços das commodities.
Peter Cardillo, economista-chefe de mercado da Spartan Capital Securities, disse que "os números são feios", mas ponderou que "as pistas de que a inflação pode estar começando a desacelerar estão aí".
Investidores agora se voltam para a temporada de balanços corporativos do segundo trimestre, que ainda está no início, buscando esperanças de algum vigor para o mercado.