Ibovespa recua abaixo de 97 mil pontos sem alívio em preocupações com recessão mundial
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava quase 2% nesta terça-feira, perdendo o patamar dos 97 mil pontos pela primeira vez desde novembro de 2020, sem alívio nas preocupações com o risco de contração da atividade econômica mundial.
O tombo nos preços do petróleo no exterior derrubava as ações do setor na bolsa paulista, com os papéis preferenciais de Petrobras caindo 4,8%.
Às 12:27, o Ibovespa caía 1,93 %, a 96.704,8 pontos. O volume financeiro somava cerca de 8,5 bilhões de reais.
"Permanece a cautela com a possibilidade de recessão global, diante do aperto monetário em curso nas principais economias", afirmou a equipe de economia do Bradesco em relatório a clientes nesta terça-feira.
Nos Estados Unidos, as bolsas retornaram do feriado do Dia da Independência com perdas. O S&P 500 cedia 2%.
Investidores estão atentos especialmente ao movimento da autoridade monetária norte-americana, que divulga na quarta-feira a ata da última reunião de seu Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), quando acelerou a alta dos juros nos EUA.
"O Federal Reserve ainda está focado em reduzir a inflação, mesmo que precise sacrificar o ritmo de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA", afirmaram estrategistas do BTG Pactual.
Também números do mercado de trabalho norte-americano, previstos para a sexta-feira, estão no radar.
No Brasil, agentes financeiros continuam avaliando que o risco para o cenário fiscal do país permanece elevado, com a tramitação da PEC dos Benefícios na Câmara dos Deputados no centro das atenções.
O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou mais cedo que a intenção do Executivo é votar a proposta de emenda à Constituição (PEC) na Casa da forma como passou no Senado.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN perdia 4,8%, conforme os preços do petróleo desabavam nesta sessão com as preocupações de que uma possível recessão global reduza a demanda, superando os temores de interrupção da oferta, acentuados por um corte de produção esperado na Noruega. No setor, PETRORIO ON caía 5,8% e 3R PETROLEUM ON cedia 5,2%.
- VALE ON recuava 2,2%, mesmo com o avanço dos contratos futuros de minério de ferro na bolsa de Dalian, com o mercado em alta pela primeira vez em quatro sessões devido às expectativas de tarifas mais baixas dos EUA sobre produtos chineses. No setor, CSN MINERAÇÃO ON mostrava declínio de 4,3%.
- AZUL PN e GOL PN caíam 5,2% e 4,4%, respectivamente, tendo de pano de fundo ainda a alta do dólar em relação ao real.
- BRF ON valorizava-se 5,2%, apoiada por relatório do BTG Pactual, que elevou o preço-alvo das ações para 20 reais, de 17 reais anteriormente, bem como avaliaram que a performance de curto prazo da companhia pode surpreender do lado positivo. Ainda assim, os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin reiteraram recomendação 'neutra'.
- ITAÚ UNIBANCO PN registrava queda de 1,6% e BRADESCO PN recuava 1,2%, sofrendo com o viés mais vendedor na bolsa como um todo.
(Por Paula Arend Laier)