Bolsonaro pede a Petrobras que não aumente preços e sugere que reajuste teria motivação política
Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro voltou a pedir nesta quinta-feira que a Petrobras não reajuste os preços dos combustíveis e sugeriu que um novo aumento teria motivações políticas contra seu governo.
Pedra no sapato do presidente, que busca a reeleição no pleito de outubro, a constante alta no preço dos combustíveis tem sido um assunto recorrente em suas falas. Na live em redes sociais desta quinta-feira, Bolsonaro renovou suas críticas à margem de lucro da estatal, e, ao fazer questão de se eximir de ingerência na empresa, lembrou suas iniciativas de trocar o comando da pasta de Minas e Energia e da Petrobras.
"A Petrobras tem dado sinalização que vai reajustar os preços dos combustíveis na imprensa. Eu só espero que não aconteça", disse o presidente, manifestando a expectativa que a empresa "não faça essa maldade com o povo brasileiro".
"Eu só posso entender que seria um reajuste da Petrobras agora interesse político para atingir o governo federal", afirmou, lembrando que o Congresso discute Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê isenção e redução tributária federal sobre combustíveis e ainda uma compensação a Estados que aderirem a uma redução da incidência de tributos estaduais.
A petrolífera estatal deve anunciar um aumento no preço dos combustíveis na sexta-feira, informou o jornal O Globo nesta quinta-feira. De acordo com a reportagem a diretoria da empresa aprovou um reajuste no preço do diesel e da gasolina, que entrará em vigor na próxima semana.
Procurada, a empresa respondeu que "por questões concorrenciais, a Petrobras não pode antecipar decisões sobre manutenção ou reajuste de preços".
Na live desta quinta, Bolsonaro disse enfrentar obstáculos para concretizar trocas no comando da empresa.
"Eu não mando nada lá. Nós trocamos o ministro das Minas e Energia, ele está tentando mudar a presidência e a diretoria da Petrobras. Mas está complicado, porque é uma burocracia enorme, que não depende de nós, depende do conselho", explicou.
"A gente espera que --não é a burocracia--, que o conselho se reúna. Porque o conselho não quer se reunir para decidir aí a troca do presidente. E o presidente uma vez assumindo, ele impõe a sua política."
Bolsonaro aproveitou ainda a live para questionar a "sanha" da direção da empresa em reajustar os preços.
"Informações que chegaram para nós --olha a dificuldade de tratar com a Petrobras--, (é que) não precisa, quando aumenta lá fora o petróleo e o Brent e o dólar aumenta aqui, ela não precisa imediatamente reajustar seus preços. Ela tem um prazo de vários meses para reajustar."
O presidente disse ter a expectativa que o Congresso vote a PEC que trata da redução tributária e disse ainda que o projeto recém aprovado pelos parlamentares será avaliado pelos ministérios para análise de sua sanção ou eventuais vetos.
O projeto também mira nos preços dos combustíveis e fixa um teto para a alíquota de ICMS --em cerca de 17%-- para os setores de combustíveis, gás, energia, transporte e comunicações.
Ao mudar de assunto, o presidente aproveitou para negar mais uma vez que tenha pedido apoio à sua reeleição ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em reunião entre os dois.