Dólar salta acima de R$5,00 à espera de decisões de política monetária

Publicado em 02/05/2022 10:26

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha forte alta nesta segunda-feira, negociado acima da marca psicológica de 5 reais, à medida que o clima mais arisco no exterior mantinha a demanda pela divisa norte-americana, em início de semana que deve ser dominada pelas reuniões de política monetária dos bancos centrais de Brasil e Estados Unidos.

Às 10:14 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,59%, a 5,0219 reais na venda, depois de mais cedo saltar 1,63%, a 5,0239 reais.

Na B3, às 10:14 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,97%, a 5,0660 reais.

O dólar também tinha valorização contra uma cesta de moedas de países ricos no exterior, de 0,2%. Embora bem mais comportada, a alta levava a divisa norte-americana para perto de máximas em 20 anos atingidas na semana passada.

Ditando o comportamento dos mercados internacionais --onde as principais ações caíam e os rendimentos dos títulos soberanos dos EUA avançavam acentuadamente-- estava a reunião de política monetária do Federal Reserve, banco central norte-americano, que começa na terça e termina na quarta-feira.

Várias autoridades da instituição, incluindo o chair Jerome Powell, já indicaram que os juros básicos dos EUA serão elevados em 0,5 ponto percentual no encontro desta semana, o que representaria uma dose de aperto mais agressiva que os costumeiros ajustes de 0,25 ponto.

Nesse contexto, "parte do fluxo global começa a se alinhar a um cenário mais conservador, que em partes afetou a valorização do real frente ao dólar, o movimento em commodities de toda a ordem e também, em partes, as perspectivas inflacionárias de diversas localidades do mundo", disse em relatório Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Juros mais altos em determinado país tendem a elevar a atratividade da renda fixa local, o que pode beneficiar sua moeda. Nesta segunda-feira, a taxa de um título soberano norte-americano protegido da inflação, também chamado de rendimento real, entrou em território positivo, indo ao maior patamar desde março de 2020.

No Brasil, os juros estão em níveis bem acima dos custos dos empréstimos nos Estados Unidos --o que inclusive foi fator de impulso para o real no primeiro trimestre deste ano--, mas alguns participantes do mercado apontam que os ativos norte-americanos oferecem muito mais segurança ao investidor que os brasileiros.

A Selic está atualmente em 11,75%, e a expectativa é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumente a taxa em 1 ponto percentual em sua reunião desta semana, que coincide com o encontro do Fed.

"A expectativa gira em torno da comunicação do Comitê diante do cenário incerto e elevadas pressões inflacionárias, especialmente no componente subjacente da inflação", disse a equipe de macro e estratégia do BTG Pactual em relatório. "Esperamos que deixe a porta aberta para a continuidade do ciclo de elevação, ainda mais diante da aceleração do dólar e os possíveis impactos na inflação à frente."

A divisa norte-americana fechou a última sessão com oscilação positiva de 0,07%, a 4,9435 reais.

Fonte: Reuters

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