Gás russo para Europa fica em xeque; Ucrânia se prepara para novos ataques

Publicado em 01/04/2022 08:34

Por Vitalii Hnidyi e Pavel Polityuk

TROSTYANETS/LVIV, Ucrânia (Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou nesta quinta-feira suspender os contratos de fornecimento de gás à Europa, a menos que sejam pagos em moeda russa, sua mais forte resposta econômica até agora às sanções ocidentais por sua invasão da Ucrânia.

Os governos europeus rejeitaram o ultimato de Putin para sexta-feira, com o maior receptor de gás russo do continente, a Alemanha, chamando-o de "chantagem". Moscou, no entanto, ofereceu um mecanismo para os compradores obterem rublos por meio de um banco russo.

A Europa quer se livrar da energia russa, mas isso corre o risco de inflar ainda mais os preços dos combustíveis. A Rússia tem uma enorme fonte de receita em jogo, mesmo sofrendo com as sanções.

Ao enfrentar forte resistência dos militares da Ucrânia, Putin jogou uma de suas maiores cartadas aos compradores europeus de energia.

"Para comprar gás natural russo, eles precisam abrir contas em rublos em bancos russos. É a partir dessas contas que os pagamentos serão feitos para o gás entregue a partir de amanhã", afirmou Putin em comentários na televisão.

"Se tais pagamentos não forem feitos, consideraremos isso uma inadimplência por parte dos compradores, com todas as consequências decorrentes. Ninguém nos vende nada de graça, e também não vamos fazer caridade - ou seja, os contratos existentes serão interrompidos."

Com a guerra elevando os preços globais dos combustíveis, o presidente norte-americano, Joe Biden, lançou a maior liberação já feita da reserva de petróleo dos EUA e desafiou os gigantes do petróleo a produzir mais para reduzir os preços.

"Este é um momento de consequências e perigos para o mundo", disse Biden na Casa Branca ao anunciar a liberação de 180 milhões de barris a partir de maio. Mas essa quantia não cobre uma perda de petróleo russo, que Biden proibiu este mês.

NOVOS ATAQUES

Putin enviou tropas em 24 de fevereiro para o que ele chama de "operação militar especial" para desmilitarizar e "desnazificar" a Ucrânia.

Mas nas negociações desta semana, Moscou disse que reduziria as ofensivas perto da capital Kiev e no norte como um gesto de boa vontade e se concentraria em "libertar" a região sudeste de Donbass.

Kiev e seus aliados dizem que Moscou está simplesmente tentando se reagrupar após perdas e uma contra-ofensiva ucraniana que recapturou os subúrbios da capital, além de cidades e vilarejos estratégicos no nordeste e sudoeste.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, elogiou "nossos defensores" que resistiram aos bombardeios aéreos e repeliram as colunas blindadas. Agora, disse ele, a Rússia está reunindo forças para novos ataques a Donbass, região que exige que a Ucrânia ceda aos separatistas pró-Moscou.

As negociações de paz devem ser retomadas na sexta-feira.

Fonte: Reuters

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