Dólar à vista fecha em queda de 0,40%, a R$5,017

Publicado em 18/03/2022 17:35

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou nesta sexta-feira no menor valor em mais de uma semana, na casa de 5,01 reais, depois de chegar a oscilar em torno de 4,99 reais, com fluxo estrangeiro beneficiando o real em meio a uma melhora gradual dos mercados externos ao longo da tarde.

O dólar à vista caiu 0,40%, a 5,017 reais na venda, menor patamar desde o último dia 9 (5,0124 reais).

A cotação variou nesta sexta de 5,077 reais (+0,79%) e 4,9935 reais (-0,87%).

Lá fora, o dólar subia 0,27% contra uma cesta de pares, mas mostrava menos da metade da alta vista mais cedo. A perda de fôlego da moeda no exterior deu ânimo aos vendedores por aqui, empurrando a divisa novamente abaixo da marca psicológica de 5 reais.

De forma geral, o dia foi de apetite por ativos de maior risco no mundo, o que tende a amparar o câmbio. O dólar australiano, correlacionado às commodities, subia 0,5%, e as bolsas de valores em Wall Street fecharam em firmes altas [.NPT].

O noticiário sobre a guerra na Ucrânia seguiu no radar, bem como as relações EUA-China. O presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente chinês, Xi Jinping, falaram por videochamada nesta sexta-feira sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia. A mídia chinesa disse que Xi sublinhou que tais conflitos não são do interesse de ninguém, o que acalmou os nervos de investidores em relação à possibilidade de a China eventualmente dar suporte a Moscou na guerra.

As esperanças de avanço nas negociações de paz no leste europeu deram o tom da semana, o que abriu espaço para nova queda do dólar --no Brasil, a moeda perdeu 0,73%, aprofundando a queda em março para 2,70%. Em 2022, a moeda cede 9,98%.

O real teve na semana a segunda melhor performance comparado a seus principais pares, perdendo apenas para o peso mexicano, e segue, com folga, na liderança do ranking de desempenho das principais moedas neste ano frente ao dólar.

"O principal produto da pauta de exportação do Brasil é o CDI. A gente exporta CDI desde sempre. Quando flertou com movimento de levar o CDI para aquelas mínimas, o dólar subiu. Agora é o contrário", disse Roberto Serra, gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos, referindo-se à atratividade aos olhos do estrangeiro para investimentos na renda fixa brasileira com o juro de dois dígitos.

Mais fluxo para o mercado local significa mais dólares a serem vendidos, o que aumenta a oferta da moeda e, consequentemente, baixa seu valor.

"É difícil saber até onde vai esse movimento --tem o Fed no meio do caminho, por exemplo--, mas o CDI, sim, aguenta muito desaforo", completou.

O CDI é a taxa de juros cobrada entre os bancos em operações diárias e atualmente está em 11,65% ao ano. A Selic --taxa básica de juros da economia-- está numa meta de 11,75% ao ano, após a alta de 1 ponto percentual pelo Banco Central nesta semana. E o retorno nominal de um ano de contratos a termo de taxa de câmbio está em 12,6%, nas máximas em seis anos.

Por todas essas métricas o Brasil tem uma das maiores taxas nominais e reais do mundo emergente, o que ajuda a explicar a valorização cambial neste ano.

Mas esse certo "frisson" com a moeda brasileira pode ficar em xeque, pelo menos com base no posicionamento de especuladores que operam na Bolsa de Chicago. Pelos dados mais recentes compilados pela CFTC --referentes ao período de sete dias findo em 15 de março--, esse grupo de investidores fez nesse intervalo a primeira venda líquida de reais desde o começo de fevereiro e no maior volume desde meados de janeiro.

Com a venda líquida de 6.333 contratos, o estoque "comprado" em real caiu do recorde de 50.496 contratos para 44.163 contratos. De todo jeito, embora em menor número, os especuladores ainda veem apreciação da moeda brasileira.

Fonte: Reuters

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