BC deve elevar Selic em 1 p.p. na semana que vem e avaliar postura mais dura

Publicado em 11/03/2022 14:30

Por Gabriel Burin

BUENOS AIRES (Reuters) - O Banco Central do Brasil aumentará a taxa Selic em 1 ponto percentual na semana que vem e avaliará uma escalada de seu aperto monetário já agressivo, à medida que os preços globais das commodities alimentam a inflação doméstica, mostrou uma pesquisa da Reuters.

Com a decisão esperada para quarta-feira o aperto total promovido pelo BC chegará a 9,75 pontos ao longo do ciclo de combate à inflação iniciado há um ano, que tem mostrado pouco sucesso até o momento. O IPCA acelerou a alta em 12 meses para 10,54% em fevereiro.

Riscos negativos para a economia devido à postura monetária mais rígida devem permanecer como uma questão secundária na perspectiva do BC, mesmo com a produção industrial brasileira mantendo um preocupante padrão de contração.

Depois de a inflação superar com força o teto da meta (5,25%) no ano passado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que os aumentos de preços deveriam começar a esfriar no primeiro semestre de 2022, observando que os efeitos das medidas de política monetária levam algum tempo para se manifestar.

O Comitê de Política Monetária do BC (Copom) elevará a taxa Selic de 10,75% para 11,75% na reunião que se encerra na quarta-feira, segundo 21 economistas de um total de 28 entrevistados de 7 a 11 de março.

Um dos economistas previu aumento de 1,50 ponto percentual, cinco esperam alta de 1,25 ponto e um aposta em ajuste de 0,75 ponto. Alguns disseram que os riscos estão inclinados para cima, prevendo movimentos maiores do que se pensava anteriormente para os próximos trimestres.

"O recente aumento nos preços das commodities e previsões de alta da inflação de alimentos e energia podem impactar a decisão do Copom em março, resultando em uma alta maior da taxa Selic", disse Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter.

Um aumento nos preços internacionais do petróleo após a invasão da Ucrânia pela Rússia está elevando os custos dos combustíveis domésticos. A Petrobras anunciou na quinta-feira uma elevação de cerca de 25% dos preços do diesel em suas refinarias e um aumento de quase 19% para a gasolina.

Nesse contexto, a equipe econômica do governo defende que a Petrobras retire do cálculo de sua política de preços os custos relacionados à importação, disseram à Reuters duas fontes do Ministério da Economia.

O comunicado de política monetária do BC da semana que vem será examinado em busca de pistas sobre possíveis mudanças no tamanho dos próximos ajustes nos juros. Na pesquisa, o pico da Selic no atual ciclo de aperto foi projetado em 12,50% no terceiro trimestre deste ano, com a taxa ficando nesse patamar até o final de 2022.

Essa perspectiva considera um BC mais agressivo do que o previsto em janeiro, quando havia expectativa de que a Selic atingiria 12,00% no segundo trimestre, permaneceria assim no trimestre seguinte e começaria a cair no final do ano.

"O tom deve permanecer 'hawkish' (duro com a inflação)... dado o choque adicional à inflação vindo do cenário global", escreveram analistas do HSBC em relatório. "O BC vai sinalizar a continuação do ciclo de alta por mais algumas reuniões."

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ações fecham em baixa e Nasdaq confirma correção com mais temores de recessão nos EUA
Após se aproximar de R$5,80, dólar perde força com exterior e fecha em baixa
Ibovespa flerta com 128 mil pontos, mas fecha em queda com receios sobre economia dos EUA
Conselho Eleitoral da Venezuela ratifica vitória de Maduro; oposição mantém solicitação de atas
Taxas futuras de juros desabam em sintonia com Treasuries e refletindo chance menor de alta da Selic
Kamala alcança número necessário de delegados para se tornar candidata presidencial democrata