Dólar devolve ganhos ante real com ambiente doméstico atrativo; mercado monitora tensão geopolítica

Publicado em 14/02/2022 10:29

O dólar devolveu ganhos iniciais e caía contra o real nesta segunda-feira, refletindo a percepção de ambiente doméstico atraente, enquanto investidores de todo o mundo freavam ligeiramente sua fuga para a segurança conforme avaliavam a perspectiva de possível ataque russo à Ucrânia.

Os Estados Unidos disseram no domingo que a Rússia pode invadir sua vizinha a qualquer momento e criar um pretexto surpresa para um ataque, embora Moscou negue tais planos e acuse o Ocidente de "histeria".

A Rússia tem mais de 100 mil soldados concentrados na fronteira com a Ucrânia, e Washington tem dito repetidamente que uma invasão é iminente.

Os mercados internacionais mostraram movimento amplo de fuga para a segurança mais cedo nesta segunda-feira, em meio ao contexto geopolítico, embora já tenham moderado ligeiramente a cautela.

Enquanto isso, investidores têm apontado para o bom desempenho dos ativos brasileiros neste início de ano. Na sexta-feira passada, embora tenha fechado com variação positiva de 0,07%, a 5,2428 reais, o dólar registrou seu quinto declínio semanal consecutivo em relação à divisa doméstica.

Participantes do mercado têm atribuído a performance do real à percepção de que o Brasil está atrativo para novos fluxos de dinheiro estrangeiro, com o patamar elevado dos juros básicos aumentando a rentabilidade do mercado de renda fixa local.

A taxa Selic está atualmente em 10,75% ao ano, e a mais recente pesquisa semanal Focus, do Banco Central, projeta que ela encerre este ano em 12,25%.

O dólar chegou a subir 0,48% na máxima do dia, a 5,2680 reais, mas já devolveu completamente esses ganhos. Às 10:15 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,64%, a 5,2091 reais na venda. Na mínima do dia, a divisa caiu 0,72%, a 5,2046 reais.

Na B3, às 10:15 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,88%, a 5,2265 reais.

No exterior, o índice da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis rivais avançava 0,29%, desacelerando os ganhos em relação às máximas do dia.

Enquanto isso, o dólar australiano, muitas vezes tido como uma "proxy" de demanda por risco, desvalorizava-se 0,27%, a 0,7116 dólar norte-americano, recuperando-se ante os menores patamares da sessão.

Moedas consideradas refúgios em tempos de incerteza, como iene japonês e franco suíço, rondavam a estabilidade, depois de avançarem com força mais cedo, enquanto os rendimentos dos títulos dos EUA abandonaram quedas iniciais, sinal de esfriamento da demanda por segurança.

Os futuros de Wall Street desaceleraram a queda acentuada registrada mais cedo, embora as principais bolsas europeias continuassem profundamente em território negativo nesta segunda-feira. [.NPT] [.EUPT]

Segundo nota matinal da XP, as tensões sobre a Ucrânia devem continuar no centro das atenções ao longo dos próximos dias, com destaque para seus impactos sobre os preços das principais commodities e na volatilidade de ativos financeiros.

A corretora também apontou a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, na quarta-feira, como um dos principais eventos da semana, conforme investidores buscam por indicações da magnitude do aumento de juros que o banco central provavelmente realizará em março.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar dispara contra real e ultrapassa R$5,80 com temores de recessão nos EUA
Mercado eleva novamente previsão para inflação em 2024 e 2025 no Focus
Minério de ferro sobe com a melhora das perspectivas econômicas da China
Iene atinge maior alta em sete meses com aumento de temores por economia dos EUA
Ações da China acompanham queda de pares globais com temores de recessão nos EUA
Ações fecham em baixa e Nasdaq confirma correção com mais temores de recessão nos EUA