Dólar sobe quase 1% ante real, mas ainda caminha para 2ª baixa semanal consecutiva

Publicado em 21/01/2022 09:50

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar tinha forte alta frente ao real na manhã desta sexta-feira, chegando a avançar quase 1% depois de registrar desvalorizações acentuadas nos dois últimos pregões, mas ainda estava em curso de registrar sua segunda semana consecutiva de perdas.

Às 9:48 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,73%, a 5,4567 reais na venda. No pico intradiário, a moeda foi a 5,4704 reais (+0,98%).

Na B3, às 9:48 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,60%, a 5,4660 reais.

Vários investidores apontavam para clima de maior cautela no exterior nesta sexta-feira, depois de duas sessões amplamente positivas para ativos considerados arriscados. As bolsas europeias e os futuros de Wall Street registravam perdas nesta manhã, enquanto o dólar australiano --muitas vezes tido como uma "proxy" de demanda por risco-- perdia terreno. [.EUPT] [.NPT]

O foco dos mercados estava sobre a política monetária do Federal Reserve, em meio a expectativas de que o banco central dos Estados Unidos comece a elevar os juros já em março deste ano de forma a domar uma inflação persistente. Na semana que vem, o Fed realiza sua primeira reunião de 2022, o que pode afastar investidores de grandes apostas no curtíssimo prazo.

No Brasil, cujo regime fiscal tem dominado a atenção de investidores há meses, os holofotes estavam sobre sanção do Orçamento de 2022 pelo presidente Jair Bolsonaro, cujo prazo se esgota nesta sexta-feira.

O presidente tem dado sinais trocados sobre o assunto. Após afirmar em 2021 que o governo concederia aumento aos servidores, ele limitou a promessa apenas a profissionais da segurança e, neste mês, disse que não há garantia de reajuste para ninguém.

Bolsonaro, que está em visita internacional ao Suriname e à Guiana, antecipou a volta ao Brasil nesta sexta-feira, após anunciar nas redes a morte de sua mãe, Olinda Bonturi Bolsonaro, aos 94 anos.

Apesar da recuperação deste pregão, o dólar segue a caminho de perdas semanais de quase 1%, depois de fechar a última sexta-feira em 5,5125 reais na venda. Isso configuraria sua segunda semana consecutiva de desvalorização, período em que acumularia queda de quase 3%.

Em relatório divulgado na noite de quinta-feira, o Citi disse que os mercados brasileiros parecem ter recebido bem comentários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) --líder nas pesquisas de intenção de voto para a eleição de outubro--, que fez na quarta-feira acenos a partidos mais à direita.

"Isso gerou uma resposta positiva nos preços dos ativos nesta semana, tanto no mercado de câmbio quanto no de juros", afirmaram os estrategistas do banco norte-americano.

"Apesar de seus comentários, Lula ainda é visto como o pior cenário para os preços dos ativos" brasileiros, acrescentou o Citi, afirmando que eles devem ter desempenho inferior ao de seus pares nos meses que antecederão o primeiro turno, algo comum em anos de decisões eleitorais.

Além dos comentários de Lula, participantes do mercado apontaram um arrefecimento nos rendimentos dos Treasuries --que saíram recentemente de máximas em dois anos-- e um rali das commodities nos últimos dias como fatores de impulso para o real na semana.

Na véspera, o dólar spot caiu 0,92%, a 5,4172 reais, menor valor para um fechamento desde 11 de novembro do ano passado (5,4031 reais).

(Por Luana Maria Benedito)

Fonte: Reuters

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