Setor de serviços fica estável em dezembro e fecha o ano com queda de 7,8%

Publicado em 11/02/2021 09:46

O setor de serviços ficou estável ( -0,2%) em dezembro frente a novembro, interrompendo seis meses consecutivos de alta. Apesar do ganho acumulado de 18,9% nesse período, o volume de serviços ainda se encontra 3,8% abaixo do patamar de fevereiro, quando as medidas de isolamento social para controle da pandemia de Covid-19 ainda não haviam sido adotadas.

Com isso, o setor encerrou o ano com um acumulado de -7,8% entre janeiro e dezembro. É a queda mais intensa da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), iniciada em 2012 para esse indicador. Os dados foram divulgados hoje (11) pelo IBGE.

A retração no acumulado do ano supera a de 2016 (-5%) e interrompe dois anos de resultados não negativos: 2018 (0,0%) e 2019 (1,0%). Os setores que mais impactaram essa queda são os ligados às atividades presenciais e que, portanto, foram mais afetados pelas medidas adotadas para combater a pandemia causada pelo novo coronavírus. Entre eles estão os serviços prestados às famílias (-35,6%), os profissionais, administrativos e complementares (-11,4%) e os transportes (-7,7%), que tiveram quedas recorde no período.

“Em termos de atividades, houve uma disseminação de taxas negativas, com quatro dos cinco setores mostrando recuo frente ao ano de 2019. O principal impacto veio dos serviços prestados às famílias, que foi pressionado pela queda na receita dos restaurantes, hotéis, serviços de bufê e produção e promoção de eventos esportivos e atividades de ensino ligadas a cursos profissionalizantes, técnicos e autoescolas, por exemplo”, explica o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.

Já o segundo maior impacto veio do setor de serviços profissionais, administrativos e complementares, que foi pressionado pela retração na receita das empresas de gestão de ativos intangíveis, administração de programas de fidelidade, soluções de pagamentos eletrônicos e serviços de limpeza.

“Em relação à administração de programas de fidelidade, temos uma correlação com a queda da receita das companhias aéreas. Já a queda nos serviços de limpeza é explicada por conta de edifícios comerciais terem sido fechados a partir de março. Ainda que alguns tenham voltado a funcionar, muitas pessoas permanecem trabalhando remotamente e isso afetou, de alguma forma, a contratação das empresas que oferecem esses serviços”, afirma Lobo.

A retração no setor de transportes foi puxada, principalmente, pela queda na receita das empresas de transporte aéreo de passageiros, rodoviário coletivo de passageiros, rodoviário de cargas e correio nacional.

Também houve queda nos serviços de informação e comunicação (-1,6%), com perdas de receita especialmente nos segmentos de telecomunicações, programadoras e atividades relacionadas à televisão por assinatura, atividades de exibição cinematográfica, operadoras de TV por satélite e consultoria em tecnologia da informação.

O único setor que teve resultados positivos no acumulado do ano foi o de outros serviços (6,7%), impulsionado, principalmente, pelo aumento das receitas das empresas que atuam nos segmentos de corretoras de títulos, valores mobiliários e mercadorias e administração de bolsas e mercados de balcão organizados.

“Com a queda recente da taxa de juros, famílias e empresas passaram a procurar outras formas de investimento alternativas à poupança e estão migrando para investimentos de renda fixa ou variável. E empresas desses segmentos financeiros auxiliares também tiveram aumento de receita em função dessa intermediação que fazem do mercado financeiro com as famílias e empresas que buscam por aumento de rendimento”, diz o pesquisador.

Duas atividades têm queda em dezembro

A variação de -0,2% no volume de serviços na passagem de novembro para dezembro foi acompanhado por duas das cinco atividades pesquisadas na PMS: os serviços prestados às famílias (-3,6%) e os transportes, serviços auxiliares ao transportes e correio (-0,7%).

“Entre junho e novembro, o setor de serviços mostrou uma recuperação importante (18,9%) depois de ter caído de forma considerável nos meses iniciais da pandemia, entre março e maio. Não havia alcançando ainda o patamar pré-pandemia e, agora no mês de dezembro, interrompe essa sequência de taxas positivas e mostra uma ligeira variação negativa, uma espécie de acomodação frente ao crescimento recente”, diz Lobo.

Ele explica que as atividades que pressionaram a queda dos dois setores são de caráter presencial, como alojamento e alimentação no setor de serviços prestados às famílias e transporte rodoviário coletivo de passageiros no setor de transportes.

“A necessidade do isolamento social, o fechamento de diversos estabelecimentos – seja parcial ou integralmente – considerados não essenciais, o receio de contágio das famílias, a inexistência de uma medicação que combata a Covid-19 e o horizonte de tempo ainda distante de uma vacinação em massa são fatores que atuam como um limitador de uma recuperação mais acelerada do setor, sobretudo, em relação aos de caráter presencial”, ressalta.

Já os setores de outros serviços (3,0%), serviços de informação e comunicação (0,3%) e os profissionais, administrativos e complementares (0,1%)tiveram taxas positivas na passagem de novembro para dezembro.

Na comparação com dezembro de 2019, o volume de serviços recuou 3,3% e registrou a décima taxa negativa seguida. Também nesse indicador, os serviços prestados às famílias (-25,4%) foram a principal influência negativa. Isso se deve à queda nas receitas das empresas que atuam nos ramos de restaurantes, hotéis, serviços de bufê e atividades de condicionamento físico, como academias.

Índice de atividades turísticas fica estável

O índice de atividades turísticas apontou estabilidade (0,0%) na passagem de novembro para dezembro, após registrar sete taxas positivas seguidas, período em que acumulou ganho de 120,8%. Mesmo com esse crescimento acumulado no período, o segmento de turismo ainda precisa avançar 42,9% para retomar ao patamar de fevereiro.

“Todas aquelas atividades de caráter presencial, como transporte aéreo de passageiros, restaurantes, hotéis, locações de automóveis e agências de viagens, puxaram o indicador para baixo, fazendo com que ele ficasse estável nesse mês”, explica o gerente da pesquisa.

No acumulado do ano, o índice recuou 36,7% frente a igual período do ano anterior, pressionado, sobretudo, pelos ramos de restaurantes, transporte aéreo, hotéis, transporte rodoviário coletivo de passageiros, catering, bufê e outros serviços de comida preparada e agências de viagens.

Fonte: IBGE

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