Mais da metade dos brasileiros não consegue pagar as contas, com o fim do auxilio
Pesquisa PoderData mostra que, em duas semanas, subiu de 51% para 58% o número de brasileiros que dizem ter deixado de pagar uma conta no último mês.
Já os que tiveram emprego ou renda prejudicados por causa da pandemia cresceu de 57% para 63%.
O percentual é próximo ao registrado em julho, pico da disseminação do vírus no Brasil.
A consequência da suspensão do auxílio pode ter sido sentida no aumento da inadimplência e na oferta de empregos.
O levantamento do PoderData foi feito de 1º a 3 de fevereiro de 2021. Ouviu 2.500 pessoas em 519 municípios das 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
O auxílio emergencial, criado para mitigar os efeitos da pandemia da covid-19, pode influenciar a alta nos índices de inadimplência. O aumento das pessoas que não conseguem quitar suas dívidas coincide com o momento em que o governo reduziu o benefício, de R$ 600 para R$ 300. Em fevereiro, o programa acabou por completo. De acordo com a Caixa Econômica Federal, foram pagos R$ 294 bilhões a 68 milhões de beneficiários.
A pressão política pela volta do auxílio emergencial foi retomada com a eleição dos novos presidentes da Câmara e Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Nesta semana, a discussão sobre a volta do benefício foi pautada entre Lira e Pacheco , que definiram a demanda como “prioridade”. Em petição online, 270 ONGs também pressionam pela volta do coronavoucher.
Os números são registrados no mesmo momento em que o país observa um repique de casos e mortes pela doença. Dados do Ministério da Saúde divulgados na noite de 6ª feira (5.fev.2021) indicam que o Brasil chegou, nos cálculos do governo, a 9.447.165 casos da covid-19 e 230.034 mortes provocadas pela doença.
De acordo com o levantamento, 56% dos brasileiros já tiveram ou conhecem alguém que teve covid.
ESTRATIFICAÇÃO
O PoderData destacou, também, os recortes para as respostas à pergunta sobre a percepção dos brasileiros sobre a inadimplência relacionada a covid.
De acordo com os dados, fica clara a discrepância em relação a empregabilidade e renda. Dos que recebem mais de 10 salários mínimos, 30% deixaram de quitar as dívidas no período da pandemia. Enquanto os desempregados deixaram de pagar 68% das contas.
Quem é menos prejudicado
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homens (50%);
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pessoas de 60 anos ou +(45%);
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os que estudaram até o ensino superior (45%);
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moradores da região Sul (35%);
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quem ganha mais de 10 salários mínimos (30%).
Quem é mais prejudicado
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mulheres (66%);
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jovens de 25 a 44 anos (65%);
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quem tem ensino fundamental (66%);
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moradores da região Norte (75%);
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os que estão desempregados (68%).
PODERDATA
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PESQUISAS MAIS FREQUENTES
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Num ambiente em que a política vive em tempo real por causa da força da internet e das redes sociais, a conjuntura muda com muita velocidade. No passado, na era analógica, já era recomendado fazer pesquisas com frequência para analisar a aprovação ou desaprovação de algum governo. Agora, no século 21, passou a ser vital a repetição regular de estudos de opinião.
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Desemprego baterá pico de quase 17% no 1º semestre, mas vacinação ajudará a reduzir taxa até fim do ano, diz Santander
SÃO PAULO (Reuters) - A taxa de desemprego no Brasil alcançará um pico de 16,9% neste primeiro semestre, sobretudo por causa da normalização nos números da força de trabalho, após um primeiro trimestre afetado por fim de transferência de renda e piora da pandemia, mas uma recuperação do emprego será vista na segunda metade do ano, na esteira da reabertura da economia e da aceleração da vacinação, disseram profissionais do Santander Brasil.
O ano de 2021 como um todo ainda será "desafiador", com o país devendo emergir da crise da Covid-19 com a informalidade superando o mercado formal de emprego. "Em outras palavras, esperamos que a estrutura geral do mercado de trabalho seja mais precária", disseram Lucas Maynard, Ítalo Franca e Gabriel Couto em relatório enviado com exclusividade à Reuters.
Eles notam que o agravamento da pandemia no Brasil, a incerteza sobre o início do processo de vacinação mais ampla no país, o fim do auxílio emergencial, atraso nas reformas econômicas e possibilidade de mudança no regime fiscal são riscos negativos ao cenário do Santander para o mercado de trabalho.
"Nesse sentido, a relação entre emprego e as taxas de aprovação pelo governo deve ser cuidadosamente acompanhada, em nossa opinião, conforme a alta esperada no desemprego no primeiro semestre pode ser um fator adicional para gerar pressão no debate sobre políticas fiscais e sociais."
O Santander prevê que o governo anunciará um novo auxílio emergencial por quatro meses, ao custo de 25 bilhões de reais. Ainda assim, a massa salarial no Brasil sofreria uma queda real de 6,6%, depois de alta estimada em 3,1% em 2020, apoiada nos programas de transferência de renda.
Mas, ao longo do segundo semestre, o Santander acredita que a taxa de desemprego deva começar a cair à medida que a abertura da economia ganhar tração e a imunização contra a Covid-19 acelerar. O banco prevê que a desocupação fechará 2021 em 13,5% --com criação líquida de 120 mil a 150 mil vagas formais-- e terminará 2022 em 13,1%. No trimestre encerrado em novembro de 2020, a taxa estava em 14,1%, segundo o IBGE. []
"A gente acredita que uma agenda econômica que melhore o PIB potencial ajude na retomada do emprego. A reforma tributária, os marcos regulatórios também podem contribuir", disse Ítalo Franca, economista no Santander com foco em política fiscal, em entrevista à Reuters.
O Santander prevê que, com a economia tomando fôlego no segundo semestre, haja abertura de cerca de 1,5 milhão de postos de trabalho (entre vagas formais e informais) nos segmentos mais golpeados pela pandemia, como os setores de serviços prestados às famílias e serviços domésticos, enquanto a vacinação acelera e deve chegar a quase 60% da população até o fim de 2021.
Mesmo com essa retomada do emprego no segundo semestre, o economista Gabriel Couto ainda vê o hiato do mercado de trabalho bastante aberto. "A gente acredita que esse hiato não deva se fechar tão cedo", disse, citando uma previsão de taxa neutra de desocupação entre 12,5% e 13%. O economista disse que, considerando a mesma força de trabalho de antes da pandemia, a taxa de desemprego no Brasil teria alcançado um pico próximo de 20% no terceiro trimestre de 2020.