Desemprego baterá pico de quase 17% no 1º semestre, mas vacinação ajudará a reduzir taxa até fim do ano, diz Santander

Publicado em 05/02/2021 08:34

A taxa de desemprego no Brasil alcançará um pico de 16,9% neste primeiro semestre, sobretudo por causa da normalização nos números da força de trabalho, após um primeiro trimestre afetado por fim de transferência de renda e piora da pandemia, mas uma recuperação do emprego será vista na segunda metade do ano, na esteira da reabertura da economia e da aceleração da vacinação, disseram profissionais do Santander Brasil.

O ano de 2021 como um todo ainda será "desafiador", com o país devendo emergir da crise da Covid-19 com a informalidade superando o mercado formal de emprego. "Em outras palavras, esperamos que a estrutura geral do mercado de trabalho seja mais precária", disseram Lucas Maynard, Ítalo Franca e Gabriel Couto em relatório enviado com exclusividade à Reuters.

Eles notam que o agravamento da pandemia no Brasil, a incerteza sobre o início do processo de vacinação mais ampla no país, o fim do auxílio emergencial, atraso nas reformas econômicas e possibilidade de mudança no regime fiscal são riscos negativos ao cenário do Santander para o mercado de trabalho.

"Nesse sentido, a relação entre emprego e as taxas de aprovação pelo governo deve ser cuidadosamente acompanhada, em nossa opinião, conforme a alta esperada no desemprego no primeiro semestre pode ser um fator adicional para gerar pressão no debate sobre políticas fiscais e sociais."

O Santander prevê que o governo anunciará um novo auxílio emergencial por quatro meses, ao custo de 25 bilhões de reais. Ainda assim, a massa salarial no Brasil sofreria uma queda real de 6,6%, depois de alta estimada em 3,1% em 2020, apoiada nos programas de transferência de renda.

Mas, ao longo do segundo semestre, o Santander acredita que a taxa de desemprego deva começar a cair à medida que a abertura da economia ganhar tração e a imunização contra a Covid-19 acelerar. O banco prevê que a desocupação fechará 2021 em 13,5% --com criação líquida de 120 mil a 150 mil vagas formais-- e terminará 2022 em 13,1%. No trimestre encerrado em novembro de 2020, a taxa estava em 14,1%, segundo o IBGE. []

"A gente acredita que uma agenda econômica que melhore o PIB potencial ajude na retomada do emprego. A reforma tributária, os marcos regulatórios também podem contribuir", disse Ítalo Franca, economista no Santander com foco em política fiscal, em entrevista à Reuters.

O Santander prevê que, com a economia tomando fôlego no segundo semestre, haja abertura de cerca de 1,5 milhão de postos de trabalho (entre vagas formais e informais) nos segmentos mais golpeados pela pandemia, como os setores de serviços prestados às famílias e serviços domésticos, enquanto a vacinação acelera e deve chegar a quase 60% da população até o fim de 2021.

Mesmo com essa retomada do emprego no segundo semestre, o economista Gabriel Couto ainda vê o hiato do mercado de trabalho bastante aberto. "A gente acredita que esse hiato não deva se fechar tão cedo", disse, citando uma previsão de taxa neutra de desocupação entre 12,5% e 13%. O economista disse que, considerando a mesma força de trabalho de antes da pandemia, a taxa de desemprego no Brasil teria alcançado um pico próximo de 20% no terceiro trimestre de 2020.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

UE diz preferir negociações, mas propõe primeiras tarifas sobre importações dos EUA
Petrobras não deve alterar preços de combustíveis em cenário turbulento, diz CEO
CEO da BlackRock diz que mercados acionários podem ampliar queda em 20%
Ibovespa fecha em queda sem alívio em receios sobre tarifas; Petrobras pesa
Ministro pede à CEO da Petrobras análise sobre corte no preço do diesel, diz fonte
Dólar supera R$5,90 após Trump ameaçar China com mais tarifas
undefined