Dólar cai 7,8% em 4 semanas e analistas veem moeda abaixo de R$ 5 em 2021

Publicado em 11/12/2020 18:08 e atualizado em 12/12/2020 14:20

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em leve alta ante o real nesta sexta-feira, replicando movimento visto no exterior em dia de correção negativa em ativos de risco, depois do tombo da véspera que empurrou a moeda a mínimas em seis meses no Brasil.

O ajuste nesta sexta, contudo, nem de longe impediu que o dólar engatasse a quarta semana consecutiva de perdas, a mais longa sequência em quase um ano.

O dólar à vista subiu 0,12%, a 5,0476 reais na venda, nesta sessão, depois de oscilar entre 5,0893 reais (+0,94%) e 5,03 reais (-0,23%).

Na véspera, a cotação recuou 2,55%, para o menor patamar desde junho. Indicadores técnicos, como o índice de força relativa (IFR) de 14 dias, apontam que o dólar pode já estar em terreno "excessivamente fraco", o que elevaria chances de uma correção no curto prazo.

Na semana, a cotação caiu 1,51%. A série de quatro semanas de baixa (em que acumulou perda de 7,81%) é a mais longa desde a sequência também de quatro semanas de queda finda em 27 de dezembro do ano passado. Em dezembro, o dólar recua 5,59%.

A combinação entre contínua fraqueza da moeda no exterior, salto nos preços das commodities, sinais positivos do lado da agenda local de reformas e defesa de regras fiscais, confirmação de oferta líquida de dólares pelo Banco Central e o tom mais duro da autarquia sobre política monetária ditou o alívio nas pressões sobre a taxa de câmbio nesta semana.

Conforme o prêmio de risco cambial continua a reduzir, analistas veem como questão de tempo o rompimento do suporte psicológico de 5 reais --na quinta, o dólar spot chegou a 5,0322 reais na mínima.

"No nosso cenário-base, o dólar vai a 4,80 reais em 2021, sem furo do teto de gastos e com aprovação de uma PEC emergencial não muito ambiciosa", disse Roberto Motta, chefe da mesa de derivativos da Genial Investimentos, que fala em chances de um "superciclo" de commodities e de crescimento econômico global sincronizado.

Mas, num cenário ainda mais favorável, no qual mais reformas são aprovadas pelo Congresso em 2021, a moeda norte-americana poderia ficar abaixo de 4,50 reais, segundo Motta. O dólar não fecha abaixo desse patamar desde 2 de março (4,4868 reais), logo antes de entrar em acelerada rota ascendente enquanto a pandemia se agravava no mundo.

Para o ASA Investments, a taxa de câmbio poderia se aproximar de 4,60 reais por dólar até o fim de 2021 num quadro em que o prêmio de risco do Brasil caia a 100 pontos-base, as contas externas sigam equilibradas e o ambiente global continue favorável à fraqueza da moeda norte-americana.

O cenário-base da casa, contudo, é de um dólar a 4,80 reais, com o spread dos Credit Default Swaps (CDS) de cinco anos em 150 pontos-base.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar recua em linha com emergentes em meio a dados dos EUA e expectativa pela China
Ações da China fecham semana em baixa em meio a cautela
Dólar oscila em margens estreitas e fecha perto da estabilidade no Brasil
Trump vai propor dedução dos juros sobre financiamento de veículos
Presidente do Fed de Atlanta se diz "confortável" em manter juros inalterados em novembro
Ações recuam na Europa após dados de inflação dos EUA e com orçamento francês em foco