Criação de empregos surpreende positivamente em julho e Guedes fala em sinal de retomada em V

Publicado em 21/08/2020 21:31 e atualizado em 22/08/2020 06:10

BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil abriu 131.010 vagas formais de trabalho em julho, interrompendo quatro meses de dados negativos com a ajuda de bons números na indústria e na construção, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério da Economia.

O resultado também ficou acima da abertura de 43.820 postos em julho do ano passado e foi visto como pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, como "excelente sinal" de que a economia pode fazer um retorno em formato de V, embora tenha admitido que essa retomada será mais lenta que a queda.

No Twitter, o presidente Jair Bolsonaro também comemorou os dados.

"É o Brasil voltando à normalidade", escreveu.

Operadores do mercado diziam esperar que o Caged do mês apontaria a criação de 10 mil a 25 mil vagas no mês de julho. A divulgação dos dados estava prevista para a próxima semana, mas foi antecipada.

Em participação não usual na entrevista coletiva de detalhamento dos dados do Caged, Guedes classificou o resultado de julho como "notícia extraordinária" após a destruição líquida de postos causada pela pandemia de coronavírus.

Guedes avaliou ainda que o dado corrobora hipótese de trabalho da equipe econômica de que a retração da economia brasileira será menor do que a esperada por muitos agentes.

"Revisões estão agora confirmando que PIB brasileiro pode cair 4%, pouco acima de 4%, mas praticamente a metade do que havia sido previsto antes", disse ele, complementando que dados mais recentes de energia elétrica, arrecadação, vendas e crédito têm todos dado sinais de fortalecimento da atividade.

Oficialmente, a perspectiva do governo é de queda de 4,7% do PIB este ano, enquanto o mercado, conforme pesquisa Focus do Banco Central mais recente, vê um recuo de 5,52%.

Entre os setores, a indústria ficou na dianteira em julho, com saldo positivo de 53.590 postos criados no mês, puxados fundamentalmente pela indústria da transformação. Em seguida, apareceram os setores da construção (+41.986), comércio (+28.383) e agricultura (+23.027).

Frontalmente impactado pela pandemia de coronavírus e pelas medidas de isolamento adotadas para frear os casos de infecção, o setor de serviços foi o único que seguiu no vermelho, com fechamento de 15.948 vagas em julho.

No acumulado dos sete primeiros meses do ano, foram fechadas 1.092.578 vagas no total, na série com ajustes, ante criação de 461.411 em igual período de 2019.

Este é o pior dado da série disponibilizada pelo Caged para o acumulado, reflexo do profundo impacto da crise com o Covid-19 na atividade econômica.

Para os meses à frente, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, avaliou que a perspectiva é de mais números no azul.

"Vem ocorrendo uma melhora sucessiva e significativa, se me permite aqui uma análise subjetiva, e que culmina nesse primeiro Caged positivo durante o período de pandemia", disse Bianco.

"Tudo indica que ele continue sendo positivo e mais positivo ainda, já que o mercado está reabrindo, as pessoas estão se recolocando, estamos vendo um aquecimento em alguns setores e estamos vendo outros se mantendo vivos."

Tanto Guedes quanto Bianco afirmaram que, num fator que deve ajudar na preservação de postos, o governo prorrogará por mais dois meses a possibilidade de redução de jornada ou suspensão do contrato de trabalho. Com isso, o programa do governo, lançado como medida de enfrentamento da crise gerada pela pandemia do coronavírus, terá duração total de seis meses.

Ele permite redução temporária de salário e jornada ou a suspensão do contrato de trabalho, com o pagamento de compensação parcial pelo governo aos trabalhadores. Esse benefício, batizado de BEM, corresponde a uma parte do seguro-desemprego a que o trabalhador teria direito em caso de demissão. Hoje, o seguro desemprego varia de um salário mínimo (1.045 reais) a 1.813,03 reais.

Segundo o ministério, dados atualizados até 19 de agosto mostram que o BEM gerou 16.310.897 acordos entre empregados e 1.430.417 empregadores no Brasil. Já foram desembolsados no âmbito da iniciativa 23,2 bilhões de reais, de um total de 51,6 bilhões de reais previstos no orçamento.

Para Guedes, o fato de 16 milhões de vagas terem sido poupadas de cortes durante a crise torna esse programa o mais efetivo do governo em termos de gastos.

NOVIDADES NA TERÇA-FEIRA

O ministro da Economia também disse nesta sexta-feira que mais novidades serão apresentadas pela sua equipe na terça-feira, "como o Verde Amarelo, Renda Brasil e mais coisas que estamos elaborando".

Na terça-feira o Palácio Planalto deverá realizar uma cerimônia para anúncio do Pró-Brasil, plano para a retomada econômica no pós-pandemia.

Questionado a respeito, Bianco afirmou que os ministérios da Economia e da Cidadania estão trabalhando "com muita convergência de ideias" para o lançamento nos próximos dias do Renda Brasil, que unificará os programas sociais do governo, e do Contrato Verde Amarelo, mas disse que não podia dar mais detalhes a respeito.

Setor automotivo aponta caminho de retomada econômica

Brasília, DF--(DINO - 21 ago, 2020) - O Banco Central libera, na próxima semana, os dados de julho sobre o mercado de crédito no Brasil. Nas planilhas enviadas ao Congresso Nacional, o BC já adiantou que o financiamento de veículos para pessoas físicas lidera o crescimento do mercado. Além do financiamento de carros novos, dados de registros de veículos usados também apontam retomada econômica do setor.

Entre as linhas de crédito acompanhadas pelo BC, as concessões de médias diárias para financiamento de veículos tiveram crescimento de 8,21% entre junho e julho. O montante movimentado pelos empréstimos para compra de automóveis chegou a R$ 466,4 milhões. Setor já sido apontado como uma das principais ascensões em maio

Esse segundo mês de crescimento também pode ser observado nos dados apresentados pela Logo IT, maior registradora independente de contratos de financiamentos de veículos, com mais de 11 anos de experiência no mercado financeiro, através da análise em alguns estados em que atua

Em uma média geral dos 11 estados em que atua, a empresa observou um crescimento de 42% nos registros de veículos usados e 34% nos registros de veículos novos. O principal destaque em relação aos veículos usados foi para o Rio de Janeiro, com 118%, e Pernambuco, com 69%. Já nas aquisições de carros saídos de fábrica, o Maranhão (71%) e Rio Grande do Norte (62) despontam.

Estados com grande número de aquisições, como Paraná e São Paulo, apresentam melhores índices na aquisição de carros usados, com crescimento de 20% e 50%, respectivamente.

Para Renato Aragon, o Diretor Comercial e de Produtos da Logo IT, a expectativa é que essa recuperação seja mantida nos próximos meses

'Observamos a partir de fevereiro uma queda sem precedentes no número de registros. Apesar de ainda não atingirmos os números que o mercado de veículos apresentava em janeiro, os dois últimos meses apontam que a recuperação já começou', aponta Aragon.

Website: https://www.logoit.com.br

 

Fonte: Notícias Agrícolas/Estadão

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