Geadas atingem trigo no RS, mas PR tem área maior sujeita a perdas, diz Safras

Publicado em 21/08/2020 21:27

SÃO PAULO(Reuters) - Geadas atingiram o trigo do Rio Grande do Sul nesta sexta-feira e perdas estão sendo ainda avaliadas, mas o Estado gaúcho tem uma área suscetível a quebra climática menor que o Paraná, onde o frio pode colocar em risco parte das lavouras nas próximas duas madrugadas, avaliou nesta sexta-feira a consultoria Safras & Mercado.

O Rio Grande do Sul, segundo maior produtor de trigo no Brasil, tem cerca de 22% da área suscetível ao frio, disse o analista da consultoria Jonathan Staudt, durante videoconferência.

"O Rio Grande do Sul teve geadas (na madrugada) de ontem para hoje, com possíveis perdas que vão ser contabilizadas nos próximos dias. Paraná ainda não teve, mas há previsão para o fim de semana", afirmou.

O Paraná, líder na produção nacional de trigo, tem cerca de 80% das lavouras desta temporada em estágios suscetíveis a perdas por problemas climáticos, como geadas.

O órgão paranaense Simepar prevê geada de moderada intensidade para o sul do Estado na madrugada de sábado, e um fenômeno mais fraco para grande parte da faixa central do Paraná no mesmo dia.

Na madrugada de domingo, apenas uma parte ao sul do Estado terá geada, mas ela tende a ser fraca, incluindo os municípios de Guarapuava, Pato Branco e União da Vitoria, segundo previsão mais atualizada do Simepar.

O analista da Safras explicou que a diferença entre os cenários dos dois Estados está no calendário de plantio do cereal.

O trigo em estágios iniciais ou próximo da colheita tem menos chance de sofrer perdas.

"O Rio Grande do Sul está mais atrasado que o Paraná, embora dentro da média histórica", disse.

Até domingo, o Brasil passará por uma frente fria que pode ser a mais intensa do ano, com ocorrência de neve entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul e geadas que podem se estender até São Paulo e Mato Grosso do Sul.

O Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral) informou nesta sexta-feira que dificilmente terá um retrato fidedigno sobre como a frente fria impactou as lavouras do Estado em seu levantamento sobre o mês de agosto.

"Demorará ao menos uma semana para que os efeitos das possíveis geadas sejam mais aparentes... Para agosto, devem ser quantificadas apenas as perdas ocasionadas pela seca que perdurava antes dos eventos atuais", afirmou o analista do Deral em boletim Carlos Hugo Godinho.

Enquanto não há resultado sobre o efeito das adversidades climáticas sobre as lavouras de trigo, Staudt disse que seguem mantidas as previsões da Safras & Mercado, que espera produção nacional de trigo em 6,6 milhões de toneladas.

"Se alcançarmos esse volume, será a segunda maior colheita dos últimos anos, atrás apenas da temporada de 2016/17, que registrou 6,7 milhões de toneladas", lembrou Staudt.

Caso perdas venham a ocorrer, crescem as possibilidades de o Brasil aumentar suas importações, já que o país costuma produzir, nas melhores safras, cerca de metade do volume consumido.

Até o momento, a consultoria estima importação de 6,7 milhões de toneladas para o cereal neste ano comercial, enquanto o consumo interno previsto é de 12,5 milhões de toneladas.

"Reduções no volume ofertado podem aumentar o custo para os moinhos, que recorrerão mais às importações neste momento de real desvalorizado", enfatizou Godinho, do Deral.

Segundo ele, as importações do cereal nos sete primeiros meses de 2020, no Paraná, foram 25% menores que entre janeiro e julho de 2019, na contramão das importações brasileiras, que cresceram 3%, "o que pode indicar que muitos moinhos locais estão se mantendo no limite de estoques à espera da safra nova", completou.

Fonte: Reuters

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