Banco Central eleva projeção do crescimento do crédito para 6,9%
O Banco Central (BC) elevou a projeção para o crescimento do saldo das operações de crédito no país neste ano e em 2020, de acordo com o Relatório de Inflação, divulgado hoje (19), em Brasília.
Para 2019, a previsão para a expansão do estoque de crédito subiu de 5,7% para 6,9%, com elevações nas estimativas para o saldo do crédito destinado a pessoas jurídicas, de -0,9% para 0,9%, bem como para pessoas físicas, de 11% para 11,8%.
Empresas
“No que tange ao estoque de crédito a pessoas jurídicas, houve elevação na projeção de crescimento do segmento de recursos livres (de 8,0% para 10,5%), influenciada pela aceleração recente no ritmo de expansão das novas operações, especialmente para as empresas de pequeno e médio porte, movimento consistente com a recuperação da atividade econômica”, disse o BC.
Acrescentou que o crédito às grandes empresas “segue contido, influenciado pelo processo de substituição de financiamento bancário por dívidas fora do Sistema Financeiro Nacional (SFN)”.
A projeção para a variação do saldo do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados basicamente aos setores habitacional, rural e de infraestrutura) às empresas em 2019 “segue indicando contração acentuada” (-11%, ante -12%), em linha com a redução de participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Famílias
No caso do crédito livre - em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e para definir as taxas de juros -, o Banco Central destacou que os juros mais baixos “têm contribuído para a dinâmica mais vigorosa do segmento”.
“Os empréstimos para pessoas físicas financiados com recursos livres continuam sendo o principal vetor de crescimento do crédito no país. A expansão generalizada dessas modalidades de crédito, em linha com o aumento da confiança do consumidor e a expansão do consumo das famílias, corrobora a revisão da projeção de crescimento desse segmento em 2019 (de 15,5% para 16,9%)”, afirmou o Banco Central.
Em relação ao saldo de crédito com recursos direcionados, o BC prevê crescimento próximo ao publicado no Relatório de Inflação de setembro (6,2% ante 6%), com perspectiva de aceleração no ano seguinte.
Crescimento de 8,1% no estoque de crédito
Para o próximo ano, foi mantida a projeção de crescimento de 8,1% do estoque de crédito, porém, com revisão para cima na previsão de desempenho dos empréstimos a pessoas físicas (de 11,2% para 12,2%) e redução na evolução esperada para os financiamentos às empresas (de 3,8% para 2,5%).
“A revisão da trajetória do crédito às famílias incorpora o ritmo de crescimento mais forte que vem sendo observado em 2019, com repercussão, principalmente, no segmento de recursos livres. Em que pese o aumento na projeção de crescimento do crédito livre às famílias (de 13% para 15,4%), espera-se ligeira moderação em relação ao desempenho estimado para 2019, tendo em vista a evolução ainda gradual do mercado de trabalho, o aumento da base de comparação e a elevação nos indicadores de endividamento e comprometimento de renda com serviços financeiros”, afirmou o Relatório de Inflação.
As operações com recursos direcionados devem registrar crescimento de 8,1%, ante projeção anterior de 9%, “com as operações de financiamento de imóveis mostrando uma dinâmica mais forte que a do crédito rural”.
A evolução dos empréstimos às pessoas jurídicas deve seguir limitada pelo segmento de recursos direcionados (projeção revisada de -5% para -8,6%), no contexto de diminuição da participação de bancos públicos.
Por outro lado, acrescentou o BC, o segmento de recursos livres deve registrar expansão de 9,7% (projeção anterior de 9,5%), em consonância ao processo de recuperação da atividade econômica.
Contas externas
No relatório, o Banco Central também divulgou projeções para as contas externas. Ele revisou a estimativa para o superávit comercial de US$ 43 bilhões para US$ 39 bilhões este ano.
“A revisão da projeção do saldo da balança comercial para 2019 incorporou os impactos da desaceleração da economia argentina e da peste suína que afeta principalmente a China, bem como a evolução recente do câmbio e do comércio mundial, além das revisões nos dados de setembro, outubro e novembro provenientes da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia”, disse o BC.
Segundo o relatório, houve desaceleração das exportações em ritmo superior ao esperado anteriormente. Para as importações, acrescentou o BC, a revisão decorre fundamentalmente da incorporação dos dados divulgados desde o Relatório de Inflação anterior, ligeiramente aquém do nível esperado, em parte pela menor importação de bens destinados às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e de gás natural.
Exportações e importações
O Banco Central estima que as exportações e as importações atinjam US$ 226 bilhões e US$ 187 bilhões.
Para o saldo em transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços do Brasil com outros países, a previsão é que o déficit chegue a US$ 51,1 bilhões em 2019 (2,8% do Produto Interno Bruto – PIB), acima da previsão constante no Relatório de Inflação de setembro (US$ 36,3 bilhões, correspondente a 2% do PIB).
Segundo o BC, essa mudança ocorre “notadamente em razão da revisão no saldo da balança comercial, bem como da incorporação de revisões estatísticas nas contas de serviços e renda primária”.
Em relação à conta financeira, a projeção para os ingressos líquidos de Investimentos Diretos no País (IDP), recursos que vão para o setor produtivo, foi elevada em US$ 5 bilhões, para US$ 80 bilhões (4,4% do PIB).
Com a aceleração da atividade econômica em 2020, a expectativa é de aumento do déficit em transações correntes, que deverá atingir US$ 57,7 bilhões ao final do ano (3,1% do PIB).
A projeção é de recuo do saldo da balança comercial para US$ 32 bilhões, resultado de US$ 225 bilhões de exportações, recuo de 0,4% em relação a 2019, e de US$ 193 bilhões de importações, expansão de 3,2%.
Para 2020, a projeção de Investimentos Diretos no País é de US$ 80 bilhões no ano (manutenção em relação ao Relatório de Inflação anterior).