Copom reduz juros básicos para 5% ao ano, o menor nível da história

Publicado em 30/10/2019 18:11

Pela terceira vez seguida, o Banco Central (BC) diminuiu os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic para 5% ao ano, com corte de 0,5 ponto percentual. A decisão era esperada pelos analistas financeiros.

Com a decisão de hoje (30), a Selic está no menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986. De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018, só voltando a ser reduzida em julho deste ano.

Inflação

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em setembro, o indicador fechou em 2,89% no acumulado de 12 meses. No mês passado, o IPCA registrou deflação de 0,04%, o menor percentual para meses de setembro desde 1998.

Para 2019, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu meta de inflação de 4,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não poderá superar 5,75% neste ano nem ficar abaixo de 2,75%. A meta para 2020 foi fixada em 4%, também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.

No Relatório de Inflação divulgado no fim de setembro pelo Banco Central, a autoridade monetária estima que o IPCA encerrará 2019 em 3,3%, continuando abaixo de 4% até 2022. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,29%.

Crédito mais barato

A redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica. No último Relatório de Inflação, o BC projetava expansão da economia de 0,9% para este ano e de 1,8% em 2020.

A expectativa está em linha com as do mercado. Segundo o boletim Focus, os analistas econômicos preveem crescimento de 0,91% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2019.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

BC corta juros básicos em 0,5 ponto e indica que deverá repetir a dose este ano (Reuters)

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central reduziu nesta quarta-feira a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, a 5% ao ano, e indicou com clareza que deverá repetir a dose em sua próxima decisão, em meio a um quadro de fraqueza na economia e baixa inflação.

A próxima e última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste ano acontece em 10 e 11 de dezembro. Com a nova tesourada, a Selic fechará 2019 em 4,5%.

Todos os 31 economistas consultados pela Reuters já previam que a Selic seria diminuída em 0,5 ponto na reunião desta quarta. [nE6N26S01O]

"O Comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir um ajuste adicional, de igual magnitude", trouxe comunicado do BC.

Olhando à frente, a autoridade monetária ressaltou ainda que o "Copom entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela em eventuais novos ajustes no grau de estímulo".

De qualquer forma, o BC também repetiu que, a despeito da sinalização dada, seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.

Numa inovação em relação a suas comunicações prévias, o BC apontou que o seu balanço de riscos para a inflação agora têm cinco fatores, correndo em ambas as direções. Numa eventual contribuição para inflação abaixo da trajetória das metas, o BC destacou dois deles: o nível de ociosidade elevado da economia e o potencial de propagação da inflação corrente.

No sentido oposto, o Copom frisou que "o atual grau de estímulo monetário, que atua com defasagens sobre a economia, aumenta a incerteza sobre os canais de transmissão e pode elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária".

Esse risco altista para a inflação se intensifica no caso de deterioração do cenário externo para economias emergentes ou eventual frustração em relação às reformas na economia brasileira, acrescentou o Copom.

No comunicado, o colegiado elevou ligeiramente a projeção de inflação para 2019 pelo cenário de mercado a 3,4%, sobre 3,3% em sua última projeção, feita no fim de setembro. Para 2020, a estimativa foi mantida em 3,6%. Para 2021, foi apontada em 3,5%.

Em todos os casos, os valores estão abaixo do centro da meta para o ano: 4,25% (2019), 4,00% (2020) e 3,75% (2021).

Fonte: Agência Brasil/Reuters

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