Estoque de crédito no Brasil cai 0,2% em outubro, afetado por financiamento a empresas
BRASÍLIA (Reuters) - O estoque de crédito no país caiu 0,2 por cento em outubro sobre setembro, a 3,165 trilhões de reais, afetado pela contração no saldo de financiamentos a empresas no período, informou o Banco Central nesta quarta-feira.
Com o movimento, o saldo geral de financiamentos passou a representar 46,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ante 46,6 por cento no mês anterior.
O recuo do estoque em outubro foi impactado pela retração de 1,6 por cento no crédito a pessoas jurídicas, enquanto para as famílias houve crescimento de 1,1 por cento na mesma base de comparação.
Em coletiva de imprensa, o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, explicou que o saldo de crédito a empresas em outubro foi afetado pela valorização do câmbio, com forte queda do dólar frente ao real no período.
Em outubro, o dólar caiu 7,79 por cento, mas no acumulado do ano o avanço da divisa é de cerca de 17 por cento até agora.
"Existem alguns saldos que são afetados pela variação cambial, como é o caso das operações de crédito livre vinculadas ao comércio exterior. Quando o câmbio aprecia, essas operações acabam valendo menos em reais, isso contribuiu para reduzir o saldo", disse.
"A estimativa é que esse efeito no mês implicou redução nos saldos de crédito de 8,5 bilhões de reais. Sem esse efeito, o crédito teria subido 0,1 por cento", completou.
No acumulado dos 10 primeiros meses do ano, o crédito subiu 2,4 por cento, ao passo que em 12 meses a expansão foi de 3,5 por cento.
No fim de setembro, o BC melhorou sua projeção para o estoque de crédito em 2018 a um avanço de 4 por cento, sobre 3 por cento antes, principalmente pela melhora nos financiamentos às pessoas jurídicas, movimento que é afetado pela alta do dólar frente ao real, que aumenta automaticamente os saldos nas operações denominadas na moeda norte-americana. [nE6N1VQ005]
INADIMPLÊNCIA
No último mês, a inadimplência ficou estável no segmento de recursos livres, em que as taxas de juros são livremente definidas pelos bancos. Assim como em setembro, o patamar foi de 4,1 por cento.
No mesmo segmento, os juros médios subiram ligeiramente a 38,0 por cento ao ano, contra 37,9 por cento no mês anterior.
Ao mesmo tempo, o spread bancário, que mede a diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada pelos bancos ao consumidor final, teve aumento de 1 ponto percentual, a 29,6 pontos em outubro.
(Por Marcela Ayres)