Plano de aportes da Petrobras pode crescer, dependerá de venda de ativos, dizem fontes

Publicado em 27/11/2018 17:16

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os investimentos previstos no plano de negócios da Petrobras entre 2019 a 2023 poderão superar os aportes estimados no período anterior (2018-2022), quando a estatal projetou investir 74,5 bilhões de dólares, disseram à Reuters fontes com conhecimento do assunto.

O volume total, contudo, dependerá do tamanho dos desinvestimentos previstos. Se aumentarem as vendas de ativos, o plano de investimentos pode até ser menor, disse uma das fontes, na condição de anonimato.

Ainda nesta semana, o plano começa a ser apreciado pela cúpula da estatal para ser aprovado pelo Conselho de Administração até meados de dezembro, segundo as fontes. A Petrobras havia previsto tal cronograma anteriormente.

"A situação da companhia melhorou, já tem um lucro de 24 bilhões de reais este ano, a tendência é que se aprove um valor maior do que o atual", disse a fonte à Reuters.

"O plano de negócios está no forno... vai para a diretoria executiva para seguir para o conselho", acrescentou.

As perspectivas de investimentos dependerão do total das vendas de ativos possíveis, ponderou a fonte, lembrando que a empresa tem focado mais em exploração e produção de petróleo, enquanto busca desinvestir em refinarias, por exemplo.

"Se você desinvestir mais, tem mais dinheiro em caixa para investir e menos investimento a fazer em ativos existentes. Por outro lado, se cortar o desinvestimento, o plano será maior, mas se aumentar o desinvestimento pode ser menor", explicou a fonte.

A fonte ressaltou que os números ainda estão em processo de análise e definição, e que qualquer estimativa seria prematura no momento.

No início do mês, o presidente-executivo da estatal, Ivan Monteiro, disse que a Petrobras não conseguirá atingir sua meta de desinvestimentos de 21 bilhões de dólares para o biênio 2017 e 2018, devido a impasses judiciais para vender importantes ativos, como a unidade de gasodutos no Nordeste (TAG) e fatias em refinarias.

Apesar da mudança de governo, a fonte garantiu que o novo plano não tem qualquer influência da nova equipe econômica do presidente eleito Jair Bolsonaro, até porque a estatal tem mecanismos próprios e independentes para decisões estratégicas, afirmou.

"Difícil falar em influência do novo governo. O que vai sair nas próximas duas semanas já está sendo feito há muito tempo. O trabalho já está bem encaminhado. Se for mudar, não tem plano. Se (o novo governo) fosse mudar, só teríamos um novo lá para julho ou agosto", disse a fonte.

Ela explicou que a empresa já tem muitos compromissos assumidos e as plataformas para o ano que vem já estão em fase final de obra.

"O plano tem pouca flexibilidade. O que dá para considerar (em termos de um novo governo) é seguir um novo rumo, se vai ter mais venda de ativos num ritmo mais acelerado. Mas o plano já está amarrado", adicionou a fonte.

Uma segunda fonte ouvida pela Reuters disse que o plano ainda tem uma "amarração de pontas para ser fechada, embora os trabalhos estejam adiantados".

Já uma terceira fonte confirmou que os processos estão bem encaminhados, podendo ser analisados pelo conselho ainda esta semana.

"Isso deve passar pelo conselho amanhã (quarta-feira)", disse a terceira fonte em condição de sigilo.

Procurada, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente.

Fonte: Reuters

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