Em acordo entre Planalto e STF, Temer sanciona reajuste de ministros e Fux revoga auxílio-moradia

Publicado em 26/11/2018 18:56

BRASÍLIA (Reuters) - Na linha do acordo costurado pelas cúpulas do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto, o ministro da corte Luiz Fux decidiu nesta segunda-feira revogar o pagamento de qualquer tipo de auxílio-moradia a magistrados, integrantes do Ministério Público e de outras categorias jurídicas, ao passo que o presidente Michel Temer sancionou leis que reajustam os salários de ministros do STF e de membro do MP.

Temer sancionou dois projetos de lei aprovados recentemente pelo Congresso Nacional que reajustaram em 16,38 por cento os salários dos ministros do STF e da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Em sua decisão de 29 páginas, Fux destacou a sanção das leis por Temer como algo que, no contexto atual, trata-se de um "fato novo de amazônica repercussão" e chega a citar já o número das novas leis que chancelam os reajustes na decisão --o Planalto só confirmou a sanção delas posteriormente à divulgação da decisão do ministro.

"O impacto orçamentário do projeto de lei de revisão do subsídio de ministro do Supremo Tribunal Federal aprovado pelo Congresso Nacional e recentemente sancionado pelo Presidente da República não pode ser desprezado e merece uma análise detida, na medida em que a nova lei repercute intensa e diretamente nos recursos públicos destinados ao pagamento de despesas com pessoal", disse o ministro do STF.

"As recentes Leis n.º 13.752/2018 e n.º 13.753/2018 aprovaram uma recomposição das perdas inflacionárias em um total de 16,38 por cento, purgando, ainda que parcialmente, os efeitos deletérios do prolongado congelamento dos subsídios pagos aos membros do Supremo Tribunal Federal e ao Procurador-Geral da República", acrescentou.

"Tais normas têm, como consectário do sistema de vinculação ao teto constitucional, ocasionado um efeito cascata sobre os subsídios do Poder Judiciário e do Ministério Público e, ademais, incrementado as despesas com pessoal em todos os entes da federação, na medida em que elevaram o limite remuneratório máximo dos membros e servidores das carreiras jurídicas vinculados ao teto constitucional", completou o magistrado.

Fux havia concedido liminar para garantir o pagamento de auxilio-moradia para juízes desde 15 de setembro de 2014, causando, desde então, um gasto bilionário para as contas públicas.

Nos bastidores, as cúpulas do Planalto e do STF costuravam um acordo para que o pagamento do auxílio-moradia fosse revogado em troca da sanção do reajuste do salário dos ministros da corte. Esse pagamento serve de teto do funcionalismo e pode ter efeito cascata na magistratura e em todo o serviço público, pois eleva o máximo que um servidor pode ganhar.

O presidente eleito Jair Bolsonaro chegou a sugerir que Temer vetasse o aumento do STF e afirmou que, diante da fragilidade das contas públicas, não seria o momento de conceder o reajuste.

No cálculo das consultorias de Orçamento da Câmara dos Deputados e do Senado, o aumento dos ministros do STF pode ter impacto total de 4 bilhões de reais, englobando 1,4 bilhão de reais para a União e 2,6 bilhões de reais para os Estados, considerando todas as esferas de poder.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Wall Street avança com alta de apostas em corte de 0,50 p.p. nos juros do Fed
Ibovespa fecha em alta com investidor à espera de decisões de BCs; Azul dispara
Dólar cai abaixo dos R$5,60 com expectativa de corte maior de juros nos EUA
Ações europeias encerram semana em alta e foco do mercado muda para Fed
China pune PwC com 6 meses de banimento e multa recorde por auditoria na Evergrande
Lula chama de "imbecis" defensores de privatização da Petrobras e diz que Lava Jato tentou desmoralizar estatal