Dólar tem 3ª queda seguida e fecha abaixo de R$ 3,90 com avanço de Bolsonaro

Publicado em 03/10/2018 17:18

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar terminou em queda pela terceira sessão consecutiva e abaixo de 3,90 reais nesta quarta-feira, com mais uma pesquisa eleitoral mostrando avanço do candidato do PSL Jair Bolsonaro na corrida à Presidência da República.

O dólar recuou 1,20 por cento, a 3,8876 reais na venda, no menor valor do dólar ante o real desde 14 de agosto, quando fechou a 3,8669 reais. Nestes três pregões, acumulou queda de 3,70 por cento.

Na mínima da sessão, a moeda chegou a ser cotada a 3,8229 reais. O dólar futuro tinha baixa de cerca de 1,30 por cento. "O Datafolha confirmou o Ibope e isso está trazendo euforia ao mercado... que já começa a precificar a possibilidade de vitória (de Bolsonaro) no primeiro turno", disse a estrategista de câmbio do banco Ourinvest, Fernanda Consorte.

A expectativa de que a cautela iria predominar nos mercados antes do primeiro turno foi substituída pelo entusiasmo nos três pregões desta semana, com investidores fazendo apostas mais fortes de vitória de Jair Bolsonaro (PSL) também no segundo turno da eleição presidencial, diante das novas pesquisas.

O Datafolha divulgado na véspera mostrou que Bolsonaro ampliou sua vantagem na liderança e chegou a 32 por cento das intenções de voto, de 28 por cento antes. Enquanto isso, o candidato do PT, Fernando Haddad, oscilou negativamente 1 ponto, a 21 por cento.

Na simulação de segundo turno, Bolsonaro aparece à frente de Haddad, com 44 a 42 por cento, mas em empate técnico. No levantamento anterior, o petista vencia por 45 a 39 por cento. Além disso, a rejeição de Haddad aumentou.

Na terça-feira, o dólar já havia fechado no menor valor desde 17 de agosto, a 3,9349 reais, após pesquisa pesquisa Ibope ter mostrado cenário similar.

Nova pesquisa Ibope é esperada para esta quarta-feira, e outro levantamento do Datafolha sai na quinta, para citar algumas.

À tarde, a alta do dólar no exterior acabou influenciando uma realização de lucros no mercado doméstico, após dados robustos sobre o mercado de trabalho norte-americano, que também içaram o rendimento dos Treasuries e a percepção de aumento de juros nos Estados Unidos em dezembro.

O dólar também subia ante emergentes, como o peso chileno e a lira turca.

O Banco Central ofertou e vendeu integralmente nesta sessão 7,7 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 1,155 bilhão de dólares do total de 8,027 bilhões de dólares que vence em novembro.

Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.

Apostas para o câmbio têm ajuste com aumento de chances de vitória de Bolsonaro

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - A expectativa de que a cautela iria predominar nos mercados durante a última semana antes do primeiro turno das eleições foi substituída pela euforia nos dois últimos pregões, com uma queda do dólar ante o real, com investidores fazendo apostas mais fortes de vitória de Jair Bolsonaro (PSL) também no segundo turno da eleição presidencial.

"O mercado está rebalanceando suas probabilidades dada a surpresa com as pesquisas Datafolha e Ibope, e não ajustando cenários", explicou o economista-sênior do banco Haitong, Flávio Serrano.

Até o fim da semana passada, o quadro principal das pesquisas indicava crescimento do petista Fernando Haddad e estagnação de Bolsonaro, a ponto de o deputado do PSL perder para Haddad em alguns levantamentos de segundo turno.

Assim, o mercado entrou na reta final antes do primeiro turno precificando um segundo turno acirrado, com dificuldades de antecipar o resultado final, diante do empate entre Bolsonaro Haddad nas pesquisas até a semana passada.

O Ibope de segunda-feira mudou esse quadro --e foi confirmado pelo Datafolha na véspera-- ao mostrar uma diferença de dez pontos entre os dois candidatos no primeiro turno, de 31 a 21, e Bolsonaro numericamente à frente de Haddad no segundo turno. Além disso, a rejeição de Haddad cresceu e encostou na de Bolsonaro - ambas acima de 40 por cento.

"O mercado faz uma conta para cada candidato e, como aumentaram as chances de vitória de Bolsonaro, passou a ajustar o preço dos ativos a esse cenário", acrescentou Serrano.

O mercado tem preferência pelos candidatos com perfil mais reformista, por entender que é necessário um ajuste nas contas públicas para que a economia tenha um crescimento mais robusto sem pressão inflacionária.

"A dúvida era se o Ibope era apenas pontual ou se iria se repetir nas pesquisas seguintes... Todos os dias têm pesquisa nesta semana. E o Datafolha, ontem, mostrou a mesma coisa", disse a estrategista de câmbio do banco Ourinvest, Fernanda Consorte.

Em sua avaliação, uma possibilidade clara de vitória de Bolsonaro nas pesquisas gerou uma onda de euforia que derrubou o dólar em todas as sessões deste mês. Nesta quarta-feira, a moeda norte-americana recuou 1,20 por cento, a 3,8876 reais na venda --a menor cotação desde 14 de agosto.

Nessa reprecificação dos ativos, os especialistas consultados pela Reuters calculam um dólar ao redor de 3,70 reais, considerando que ele faria reformas, mesmo que não todas as que acreditam que um eventual governo Geraldo Alckmin (PSDB) faria. O tucano é o candidato preferido do mercado, mas não decolou nas pesquisas.

"Mas o dólar se manter nesse patamar depois das eleições (num cenário em que Bolsonaro ganhe) vai depender de outras variáveis, como o exterior e até mesmo o desenrolar do novo governo", acrescentou o sócio-gestor da gestora Leme Investimentos, Paulo Petrassi.

"O começo de um novo governo tende a ser positivo, mas é preciso ver o que será feito depois."

Questionados pelo Banco Central na semana passada, um conjunto de mais de 100 instituições previa que o dólar encerraria o ano a 3,89 reais, segundo a pesquisa semanal Focus.

Fonte: Reuters

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