O Globo: Bolsonaro se consolida como representante do antipetismo, diz Datafolha

Publicado em 21/09/2018 05:11
Leia também: "Um país na margem de erro", por GUILHERME FIUZA, na GAZETA DO POVO

RIO — O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, conseguiu se consolidar como o representante do antipetismo, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira. Entre os que rejeitam o presidenciável do PT, Fernando Haddad, 57% pretendem votar no deputado. Já Geraldo Alckmin (PSDB) atrai apenas 8% desse eleitorado.

O candidato do PDT, Ciro Gomes, que tenta se apresentar como uma terceira via na polarização entre Bolsonaro e Haddad, atrai 9% dos que dizem não votar no petista de jeito nenhum _ um ponto percentual acima de Alckmin. Entre os que rejeitam Bolsonaro, 31% pretendem votar em Haddad e 21%, em Ciro.

A pesquisa mostra que Bolsonaro manteve a liderança, oscilando dois pontos para cima e alcançou 28% das intenções de voto. Haddad cresceu três pontos percentuais e chegou a 16%. Ele está tecnicamente empatado com Ciro, que ficou estagnado em 13% em comparação ao último levantamento, divulgado na semana passada. Alckmin também estacionou nos 9%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

A rejeição a Bolsonaro continua a mais alta entre os candidatos _ 43% dizem que não votam nele de jeito nenhum. No caso de Haddad, esse percentual cresceu de 26% para 29% em relação ao levantamento divulgado na semana passada.

Apesar de ter ficado estagnado em 9% das intenções de voto, Alckmin caiu seis pontos percentuais na região Sul, enquanto Bolsonaro cresceu quatro pontos desde a pesquisa realizada na semana passada.

O tucano também caiu três pontos percentuais entre os mais velhos (60 anos ou mais) e entre os que ganham de cinco a dez salários mínimos. Mas cresceu na mesma proporção entre os mais ricos (mais de dez salários mínimos).

De acordo com o Datafolha, os votos de Bolsonaro e Haddad são os mais consolidados, com 76% e 75%, respectivamente, dos que pretendem votar neles totalmente decididos. Esse patamar é de 42% entre os simpatizantes de Alckmin.

Entre os eleitores de Bolsonaro que ainda podem mudar o voto, Alckmin é o preferido, sendo a segunda opção para 21% dos que pretendem votar no deputado. Já entre os eleitores do tucano que não estão consolidados, 19% apontam Marina Silva (Rede) como segunda opção, 18% Ciro Gomes (PDT), e 17%, Bolsonaro.

Já em um eventual segundo turno entre Haddad e Bolsonaro, a maior parte dos que pretendem votar, no primeiro turno, em Alckmin, optariam pelo petista (47%), enquanto 30% votariam no candidato do PSL.

"Um país na margem de erro", por GUILHERME FIUZA, na GAZETA DO POVO

"Brasileiro confia tanto em pesquisa que nem dá para entender por que ainda tem eleição. Votar pra quê? Chega de intermediários. 
 

Há mais de ano o Brasil sabe que Lula está no segundo turno. Como ele sabe? As pesquisas disseram. E não disseram uma vez, nem duas. Gritaram, reiteraram, vaticinaram sempre que o noticiário policial dava uma trégua ao ex-presidente.

O segundo turno de Lula hoje é o do carcereiro que toma conta dele à noite, mas não tem problema. Ele envia um representante, com procuração e tudo, para tomar conta do que é dele. O triplex do Guarujá, o sítio de Atibaia, a cobertura de São Bernardo e a fortuna incomensurável para pagar advogados milionários por anos a fio não são de Lula. O que é dele, e ninguém tasca, é o lugar cativo no pódio dos institutos de pesquisa.

A estratégia de trazer o comandante do maior assalto da história para o centro da eleição que deveria ser o seu funeral político não é um incidente. Como já escrito – mas não custa repetir ao eleitorado distraído – é uma estratégia. E uma estratégia tosca.

O Brasil viu – mas para variar não enxergou – a construção dessa lenda surrealista: Lula, o PT e sua quadrilha representam, na sucessão de 2018, “a salvação progressista contra o autoritarismo”. Contando ninguém acredita.

Uma imensa maioria de formadores de opinião e personagens influentes da elite branca (aquela mesma do refrão petista) vive de lamber esse herói bandido, fingindo defender o povo – esse mesmo povo roubado até as calças pelo meliante idolatrado por eles. Ou melhor: idolatrado de mentira, porque a única idolatria dessa elite afetada e gulosa é por grana, poder e aquele verniz revolucionário que rende até umas almas carentes em mesa de bar.

Então, aí está: a estratégia funcionou e os cafetões da ética imaginária conseguiram – milagre – chegar às portas da eleição defendendo sem um pingo de inibição o PT, exatamente o maior estuprador da ética que a história já conheceu.

Pode ser doloroso, mas é preciso constatar: a possível presença do PT no segundo turno será a canalhice brasileira saindo do armário. Sem meios tons.

Se o Brasil estivesse levando uma vida saudável, estaria agora dando continuidade à exumação da Era PT – e tomando as devidas providências para jamais errar de novo tão gravemente. Mas a margem de erro por aqui é um latifúndio – o país mora no erro, e eventualmente passa férias fora dele, como um marginal.

Tradução: o insistente culto ao fantasma petista fermentou as assombrações antipetistas – e o Brasil deixou de se olhar no espelho para ficar perseguindo morto-vivo com crucifixo na mão.

Fora desse fetiche mórbido, dessa tara masturbatória pelo falso dilema esquerda x direita, a reconstrução do Brasil parou. A saída quase heroica da recessão, com redução dos juros e da inflação, reforma trabalhista e recuperação da Petrobras – nada disso existe no planeta eleitoral de 2018.

Quem vai tocar isso adiante? Quem vai segurar o leme da economia com a perícia de Ilan Goldfajn, o presidente do Banco Central que nos salvou do populismo monetário de Dilma e seus aloprados?

A resposta contém o disparate: um desses aloprados (que tinha o leme nas mãos na hora do naufrágio), o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa foi expulso da campanha de Haddad, o gato (ligação clandestina no poste) – banido por outro náufrago ainda mais aloprado que ele, o economista Marcio Pochmann. Ou seja: a possível reencarnação petista no Planalto está nas mãos dessa militância pré-histórica que se fantasia de autoridade acadêmica para perpetrar panfletos que fariam Nicolás Maduro dizer “menos, companheiro”.

Adivinhe se esse tema aparece na campanha presidencial?

Adivinhou, seu danado. O Brasil está lá, boiando na margem de erro, lendo pesquisa e brincando de jogar pôquer com o 7 de outubro. Nem sabe quem é o economista do Haddad. Ou melhor: nem sabe quem é o Haddad – porque aquele ministro da Educação tricampeão de fraudes no Enem, que não sabia nem aplicar uma prova e mandava escrever “nós pega o peixe”, sumiu de cena. Não existe mais também o prefeito escorraçado ainda no primeiro turno por inépcia.

Esse Haddad aí é outro: é o super-homem das pesquisas, que voa por cima de todo mundo com a criptonita do Lula e faz a imprensa companheira lutar por uma foto dele com a camisa aberta e a grife do presidiário explodindo no peitoral.

Vai nessa, Brasil. As pesquisas colecionam erros clamorosos em todas as eleições, mas dessa vez talvez até acertem, porque num país exilado na margem de erro qualquer chute é gol – mesmo no campeonato dos detentos."

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NÃO HÁ QUALQUER DÚVIDA: HADDAD COMO “CENTRO” É ESTELIONATO ELEITORAL, por RODRIGO CONSTANTINO

Já escrevi mais de um texto aqui sobre a estratégia da esquerda radical e parte do establishment, apavorado com a possibilidade de vitória do “outsider” Jair Bolsonaro. Ela consiste em pintar o ultra-radical candidato do PT como “moderado pragmático”. Fernando Haddad já tem pinta de tucano, o que ajuda na embalagem. O desespero com Bolsonaro faz o resto do serviço: Haddad se transforma num sujeito ponderado e, vejam só, até a favor da austeridade.

editorial do GLOBO de hoje fala dessa “guinada” ao centro como estratégia, compara com aquilo feito por Lula no primeiro mandato, e termina questionando se o PT aprendeu mesmo a lição ou se mente. Eis um trecho:

Caminharia para a quarta derrota. Lula, então, deu o cavalo de pau no transatlântico e, em meados de 2002, lançou a Carta ao Povo Brasileiro, garantindo cumprir contratos (leia-se, nada de calote nas dívidas interna e externa, uma obsessão da esquerda; e respeito ao mercado). Deu certo.

Haddad já começou o cavalo de pau. Na sabatina da “Folha”, UOL e SBT confirmou o afastamento da sua campanha do economista Marcio Pochmann, símbolo do pensamento econômico petista de raiz. Pochmann é arauto, entre outras heresias, da ideia de que não há urgência para a reforma da Previdência. Sabe-se no que este tipo de tese resulta. Haddad foi adiante e admitiu que parte da proposta da reforma previdenciária de Temer “tem coisas úteis”. Principalmente a reforma do sistema dos servidores. O resto, disse, iria para “uma mesa de discussões”. Estas já foram esgotadas, mas este é outro assunto.

Lula, inicialmente, cumpriu a promessa e, para reforçar o compromisso, permitiu que Palocci, no Ministério da Fazenda, seguisse uma política de ajuste “neoliberal”, ajudado, no Banco Central, por ninguém menos que um tucano, Henrique Meirelles, e, mais do que isso, ex-presidente mundial do BankBoston, um dos braços do “capital financeiro monopolista internacional”.

Funcionou. A inflação, que disparara devido à alta do dólar causada pelo temor a Lula, retrocedeu, e a economia voltou a crescer. Por isso, também já se especula sobre o nome de um “neoliberal” para a Fazenda de Haddad. Lula sabe em detalhes esta história.

Mas conspira contra PT e Fernando Haddad o desfecho daquela apenas aparente — viu-se depois — conversão do partido às boas práticas de política econômica. A dúvida é se aprenderam a lição ou poderão cometer outro estelionato eleitoral.

A dúvida só quem tem é o jornal carioca, ou quem deseja muito ser enganado novamente. Qualquer observador isento não questiona uma coisa dessas, pois sabe que o PT está apenas mentindo, como sempre, que é totalmente incapaz de aprender qualquer lição sincera. A única lição que o PT aprende é como evitar perder o poder, ou seja, o partido oficialmente lamenta não ter sido mais radical na implantação do bolivarianismo no Brasil.

Os petistas continuam defendendo abertamente o modelo venezuelano, em seus documentos oficiais não fazem qualquer autocrítica dos erros passados, e seguem desrespeitando a Justiça. A vice na chapa de Haddad é a comunista Manuela D’Ávila, do PCdoB. As pessoas próximas são todas extremistas de esquerda, pregando tudo contra as reformas necessárias para o país.

Não obstante, o jornal carioca tem dúvida se aprenderam a lição ou se vão tentar cometer outro estelionato eleitoral. É como ter dúvida se um serial killer que já matou dezenas vai agora se tornar um bom samaritano ou vai praticar novamente o crime. É muita vontade de ser enganado. É muita cegueira ideológica. É a típica postura tucana, de quem adora apanhar e depois questiona se o agressor, no fundo, não é bonzinho.

Não há qualquer espaço para dúvida aqui. É óbvio que se trata de um estelionato eleitoral, como, aliás, alertei bem antes que aconteceria. Estava na cara que o PT faria isso para tentar seduzir os votos mais ao centro. “Quem espera que o diabo ande pelo mundo com chifres será facilmente sua presa”, alertou Schopenhauer. O PT tenta ocultar os chifres, naturalmente. Mas se olharmos direito, nem conseguem esconde-los. Basta procurar nos lugares certos, nas atas oficiais do partido, nas declarações, e lá estarão os enormes cornos do Belzebu.

Rodrigo Constantino

 

Fonte: Gazeta do Povo

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