Jucá deixa liderança do governo por divergência sobre crise de venezuelanos em Roraima
SÃO PAULO (Reuters) - O senador Romero Jucá (MDB-RR) anunciou nesta segunda-feira que deixou o cargo de líder do governo do presidente Michel Temer no Senado por discordar da forma que a gestão do emedebista está lidando com a crise de refugiados venezuelanos em Roraima.
"Acabo de comunicar ao presidente @MichelTemer que deixo a liderança do Governo por discordar da forma como o governo federal está tratando a questão dos venezuelanos em Roraima", escreveu o parlamentar em sua conta no Twitter.
Roraima tem recebido um grande fluxo de venezuelanos que deixam seu país natal por causa da grave situação econômica e social que o atinge. A crise imigratória ganhou contornos violentos na última semana, depois que venezuelanos foram expulsos do acampamento que ocupavam na cidade fronteiriça de Pacaraima, em Roraima, sendo forçados a fugirem de volta para o lado venezuelano.
Em sua publicação na rede social, Jucá não especificou quais são suas divergências sobre a política de Temer para a crise, mas o senador, que tenta a reeleição na eleição deste ano, tem defendido uma cota para a entrada de venezuelanos e a suspensão da passagem de fronteira em Pacaraima.
Governo não vê risco de falta de energia em Roraima, diz Minas e Energia
SÃO PAULO (Reuters) - O governo federal avalia que não há riscos de falta de energia em Roraima, apesar de uma ameaça da Venezuela de cortar o suprimento realizado pela estatal Corpoelec ao Estado devido a problemas na efetivação de pagamentos à empresa, disse à Reuters o Ministério de Minas e Energia nesta segunda-feira.
A posição da pasta, que vê condições de a demanda da região ser atendida por termelétricas em caso de problemas no suprimento pelo país vizinho, vem após a governadora de Roraima, Suely Campos, enviar ofício em que expressa preocupação a diversas autoridades, incluindo o presidente Michel Temer.
A informação sobre a ameaça da Venezuela de cortar a oferta de energia a Roraima foi publicada primeiramente pelo jornal Valor Econômico na semana passada.
"Caso ocorra o noticiado corte de energia será instalado um caos institucional em Roraima, inclusive com real risco de falência nos serviços públicos de saúde, agravando ainda mais a crise humanitária decorrente da imigração venezuelana", escreveu a governadora no documento, enviado também ao ministro de Minas e Energia, Moreira Franco.
Segundo a pasta de Minas e Energia, o imbróglio com a Venezuela é causado pela dificuldade da Eletronorte, subsidiária da Eletrobras, em efetivar pagamentos à Corpoelec devido a problemas no sistema bancário do país, e não à falta de recursos brasileiros para acertar as contas.
Em busca de uma solução para a situação, o ministério acionou o Banco Central para ajudar na viabilização do pagamento, segundo informações da assessoria de imprensa do ministério.
LINHÃO
Em paralelo, o governo brasileiro busca destravar a construção de uma linha de transmissão que conectará Boa Vista, em Roraima, ao sistema elétrico brasileiro, o que poderia dispensar em definitivo o abastecimento por meio da Venezuela.
A energia de Roraima é atualmente enviada pelo país vizinho por uma linha de transmissão de energia impactada por problemas de manutenção, segundo autoridades, mas o Estado tem capacidade térmica para cobrir toda a demanda, embora a custos mais elevados.
Para reduzir a dependência da Venezuela e de térmicas, o presidente Temer autorizou na semana passada um licenciamento ambiental em duas etapas do linhão que ligará Roraima ao sistema brasileiro.
Primeiro, será concedida autorização para cerca de 600 quilômetros do projeto que não adentram uma área indígena. A licença para o restante do projeto é prevista para o início do próximo ano, quando é esperada uma autorização dos índios para cerca de 123 quilômetros da obra que adentrariam suas terras.