Dívida pública federal interrompe 5 meses de alta e cai 0,14% em julho, diz Tesouro

Publicado em 27/08/2018 11:20

BRASÍLIA (Reuters) - A dívida pública federal do Brasil caiu 0,14 por cento em julho sobre junho, a 3,749 trilhões de reais, interrompendo cinco meses consecutivos de alta com a ajuda da queda do dólar frente ao real no período.

Com isso, seguiu fora do intervalo de referência estabelecido para o ano, de 3,78 trilhões a 3,98 trilhões de reais, informou o Tesouro Nacional nesta segunda-feira.

O dado foi afetado pelo desempenho da dívida externa no mês. Em julho, houve redução de 3,75 por cento sobre o estoque apurado no mês anterior, a 141,28 bilhões de reais.

Isso ocorreu no mês em que o dólar conseguiu garantir sua primeira queda mensal desde janeiro, de 3,16 por cento, graças a um ambiente um pouco mais tranquilo no exterior.

Já a dívida pública mobiliária interna teve alta de 0,01 por cento na mesma base de comparação, a 3,608 trilhões de reais. Neste caso, houve apropriação positiva de juros de 30,26 bilhões de reais e resgate líquido de 29,76 bilhões de reais.

Em agosto, contudo, a moeda norte-americana voltou a mostrar forte avanço, principalmente por preocupações com a cena eleitoral doméstica, indo acima de 4 reais.

Pesquisas recentes de intenção de voto têm mostrado o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) mantendo a liderança na disputa no cenário em que não há a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no páreo.

O candidato preferido do mercado, Geraldo Alckmin (PSDB), segue sem ganhar tração, enquanto o crescimento de Lula tem alimentado apostas de que o PT irá assegurar sua presença no segundo turno.

Em meio à forte volatilidade, o dólar acumulou na semana passada valorização de 4,85 por cento, maior ganho semanal desde novembro de 2016, fechando a sexta-feira a 4,1044 reais na venda.

O BC, contudo, não fez nenhuma atuação extraordinária, seguindo na oferta de swaps cambiais tradicionais para rolagem do estoque. Da sua parte, o Tesouro tampouco anunciou leilões extraordinários.

Do fim de maio ao início de julho, ambos atuaram em conjunto em meio à turbulência nos mercados com a escalada das tensões comerciais e temores de mais aperto monetário nos Estados Unidos, além de greve dos caminhoneiros no Brasil e incertezas sobre as eleições presidenciais de outubro.

Enquanto o Tesouro realizou uma série de leilões extraordinários de títulos soberanos, o BC fez leilões de novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares.

COMPOSIÇÃO

Sobre a composição da dívida pública, os títulos atrelados à taxa flutuante, como a Selic, assumiram a dianteira e passaram a responder pela maior fatia da dívida total, com representatividade de 33,64 por cento, sobre 32,34 por cento em junho.

Para o ano, o objetivo no Plano Anual de Financiamento é que esses papéis, representados pelas LFTs, fiquem entre 31 a 35 por cento da dívida pública federal.

Já os títulos prefixados, que eram até então os de maior peso na dívida, caíram a 32,82 por cento em julho, sobre 34,29 por cento em junho, mas ainda dentro da meta de 32 a 36 por cento para o ano.

Os títulos indexados à inflação, por sua vez, chegaram a 29,60 por cento da dívida total em julho, contra 29,28 por cento no mês anterior, sendo que a referência para o ano é de 27 a 31 por cento.

A participação dos investidores estrangeiros na dívida mobiliária interna subiu a 12,57 em julho, ante 11,93 por cento em junho, apontou o Tesouro.

Brasil registra déficit de US$4,4 bi nas transações correntes em julho, pior que esperado

BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil registrou déficit em transações correntes de 4,433 bilhões de dólares em julho, pior que o esperado, num dado influenciado principalmente pelo resultado mais fraco da balança comercial que o registrado no mesmo período do ano passado.

Em pesquisa Reuters, a expectativa era de déficit de 3,8 bilhões de dólares.

No mês, os investimentos diretos no país (IDP) somaram 3,897 bilhões de dólares, em linha com a projeção de analistas de 4,0 bilhões de dólares.

A balança comercial novamente deu o tom para as transações correntes, ficando superavitária em 3,9 bilhões de dólares, bem abaixo do patamar de 6,055 bilhões de dólares em julho do ano passado.

A performance mais modesta vem na esteira da recuperação das importações, que cresceram 49,3 por cento sobre um ano antes, ao passo que as exportações subiram menos, com avanço de 21,9 por cento em julho, divulgou o BC.

Já os gastos líquido de brasileiros no exterior tiveram ligeira queda a 1,314 bilhão de dólares, sobre 1,439 bilhão de dólares em julho de 2017.

Por sua vez, as remessas de lucros e dividendos para fora também recuaram a 1,746 bilhão de dólares ante 2,077 bilhões de dólares no mesmo mês do ano passado.

De janeiro a julho, o resultado das transações correntes ficou negativo em 8,078 bilhões de dólares, sobre déficit de apenas 2,835 bilhões de dólares em igual etapa de 2017. Em 12 meses, esse déficit chegou a 15,005 bilhões de dólares, equivalente a 0,76 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

A última projeção do BC para o ano, feita em junho, foi de déficit em transações correntes de 11,5 bilhões de dólares, pior que a marca de 9,762 bilhões de dólares de 2017.

No mercado, segundo boletim Focus mais recente divulgado nesta segunda-feira, a expectativa é de um déficit de 17,55 bilhões de dólares nas transações correntes em 2018.

Fonte: Reuters

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