O Globo: "Um olho nos números, outro nas ruas", por Francisco Leali

A sopa de números, gráficos e outros dados das pesquisas eleitorais divulgados esta semana ajudam a medir o pulso da campanha. Mas o quadro completo depende também da dita temperatura das ruas. Uma medida pode vir de como se comportam os transeuntes quando o candidato passa ao lado.

Três candidatos estavam ontem no estado de São Paulo. Jair Bolsonaro (PSL) foi ao interior. Divulgou vídeos cercado por um bom punhado de gente. Foi assim no aeroporto local, como também no centro da cidade que visitou. Hoje, continua na mesma região.

Isso é uma amostra de popularidade crescendo? Pode ser cedo para ter certeza, mas combina com a medida das pesquisas. No cenário semLula, o deputado e ex-militar tem 33% dos votos válidos em cidades do interior do país.

Ciro Gomes (PDT) foi à periferia de São Paulo. Marina Silva (Rede)foi visitar uma chácara também na periferia. O que não se viu na TV foi um amontoado de gente ao redor dos dois candidatos. Geraldo Alckmin (PSDB) estava no interior de Tocantins. A maioria das imagens dele era em locais fechados.

Neste começo de campanha, por enquanto, animados mesmo estão os eleitores do ex-capitão. Se a empolgação será revertida em muitos votos é preciso esperar mais um pouco. De modo geral, o brasileiro ainda não parece interessado na disputa, pelo menos segundo a última edição do DataFolha. Só 35% disseram ter grande interesse na campanha. Na pesquisa anterior, esse percentual era de 50%.

Tucano não voa

A candidatura de Alckmin permanece na fase de "taxear no pátio". Ou, como dizem, ainda não decolou. E os problemas começam em casa. Oeleitorado paulista que vota no tucano Doria não vai de Alckmin. Segundo o Ibope, 28% dos eleitores de Doria vão para Bolsonaro, 23% para Lula e 20% para o candidato tucano à presidência da República. (FRANCISCO LEALI, COORDENADOR NA SUCURSAL DE BRASÍLIA de O Globo).