Frederico D’Ávila, um dos colaboradores do programa de governo de Jair Bolsonaro na área do agronegócio e candidato a deputado estadual pelo PSL de São Paulo, contesta as análises de que Ana Amélia fará com que parte do ‘eleitorado agro’ migre para Geraldo Alckmin.
“Ana Amélia é uma jornalista conceituada, sempre foi uma aliada do setor, mas não é agrônoma, produtora, pesquisadora, não toca lavoura. Ela é muito respeitada, lógico que agrega. Ela é santa, mas não é divindade.”
O aliado de Bolsonaro acrescentou a O Antagonista:
“O pessoal do agro que está com o Geraldo não sabe vacinar bezerro ou dar partida num trator. Do lado de cá, só tem produtor que calça botina.”
D’Avila afirmou, também, que as propostas de Bolsonaro para o agro são mais claras e objetivas do que as do tucano.
“O Bolsonaro vai chacoalhar a Anvisa e o Ministério do Meio Ambiente, que ele pretende fundir com o Ministério da Agricultura. Vai respeitar o meio ambiente, mas sem terrorismo ambiental”, exemplificou.
Leia também:
Ana Amélia faz com que eleitores de Bolsonaro ‘parem para refletir’, diz Nilson Leitão
O deputado federal Nilson Leitão, líder do PSDB na Câmara e candidato ao Senado por Mato Grosso, acredita que Ana Amélia conseguirá atrair para Geraldo Alckmin parte do eleitorado do agronegócio que está com Jair Bolsonaro.
O tucano disse a O Antagonista:
“Quem é do agro sabe que Ana Amélia é uma voz forte em defesa do setor. No Senado, ela representa a agricultura brasileira até com mais efetividade do que outros que chegaram lá com ‘a cara do agro’.”
“Os eleitores de Bolsonaro achavam que ele era o único que defendia direito à propriedade e segurança jurídica. E não é verdade. Ana Amélia vai conseguir dialogar com esse grupo. Ela já está conseguindo fazer com que muitos que eram ‘Bolsonaro, pronto e acabou’ parem para refletir.”
Leitão quis pontuar, também, que a bancada do PSDB no Congresso é majoritariamente favorável ao porte de arma rural.
Ana Amélia põe a mão no fogo por Alckmin. Hoje
Chegamos num ponto — e não responsabilizem a imprensa — em que se pergunta a vice de chapa se ele põe a mão no fogo pelo titular.
A Folha fez o mesmo com Ana Amélia.
Leia:
Ou seja, até mão no fogo tem limite.
O que lideranças evangélicas dizem de Bolsonaro
A Folha conversou com lideranças evangélicas sobre Jair Bolsonaro.
Para o pastor Luiz Roberto Silvado, presidente da Convenção Batista Brasileira, ao levantar as bandeiras da família e atacar propostas relacionadas à ideologia de gênero, à legalização do aborto e à descriminalização das drogas, o presidenciável do PSL atrai parte da população, independentemente do credo.
Em relação ao combate ao desarmamento, porém, Silvado ponderou:
“Ele perde muita gente por causa do radicalismo no parlamento, porque existe uma forte influência pacifista no meio evangélico.”
O pastor Silas Malafaia discordou, alegando que, apesar de ser a favor do desarmamento, percebeu que grande número de evangélicos é contra. Disse acreditar que até seria bom Bolsonaro moderar o discurso, mas, para ele, valores relacionados à formação da família são mais fortes para esse público.
Já Magno Malta negou que haja radicalização: “Eu acho que mais radical que Bolsonaro é apoiar corrupto. É apoiar quem está envolvido na Lava Jato.”
Líder da Igreja Apostólica Fonte da Vida, o apóstolo Cesar Augusto comentou que as posições de Bolsonaro têm dois lados, podendo atrair ao mesmo tempo em que repelem o eleitor evangélico.
“Alckmin também tem posições conservadoras que agradam o evangélico. A vantagem do Bolsonaro é que ele se posicionou desde o início.”
Líder da Sara Nossa Terra e presidente da Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil, o bispo Robson Rodovalho disse ao jornal que vai trabalhar pelo candidato que aliar liberalismo econômico e conceitos tradicionais de família.
“Claro que ele [Bolsonaro] se tornou um dos grandes guardiões no Congresso desses valores e princípios. Eu acho que realmente parte do voto evangélico naturalmente deve fluir para a candidatura do Bolsonaro.”
Para Rodovalho, a questão das armas não gera conflito com o segmento.
“O evangélico, como toda a sociedade atual, está extremamente indignado com a violência e a inoperância do Estado.”