“Por que nos atacam? Porque somos o último obstáculo contra o socialismo", diz Bolsonaro

Publicado em 03/08/2018 07:46
Em bate-papo com apoiadores no You Tube Jair Bolsonaro avisa: “Vão usar todas as armas possíveis para me desconstruir”, (na GAZETA DO POVO, com ESTADÃO)

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) foi sabatinado por influenciadores digitais e apoiadores de sua campanha nesta quinta-feira (2), em entrevista transmitida pelo YouTube. Inicialmente, Bolsonaro daria entrevista no programa Central das Eleições, da Globonews, no mesmo horário, mas pediu para trocar a data. O candidato confirmou, no fim da sabatina, que falará à Globonews nesta sexta (3).

“Vão usar todas as armas possíveis para me desconstruir”, disse o capitão da reserva. Segundo ele, o sorteio para a ordem das participações no programa foi manipulado para que Bolsonaro fosse entrevistado antes de Geraldo Alckmin (PSDB), motivo pelo qual o deputado desistiu de comparecer na quinta ao programa da Globonews.

Durante a sabatina, que durou cerca de duas horas e meia, Bolsonaro não enfrentou críticas dos entrevistadores e não foi colocado em situações delicadas. O fato não passou despercebido. “Isso parece um bate papo, não uma entrevista”, disse um internauta que acompanhava a sabatina pelo YouTube.

O deputado federal voltou a defender a ditadura militar e o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe da unidade que foi palco de prisões e torturas de presos políticos, entre 1970 e 1974. “É um herói nacional”, defendeu o capitão da reserva. “Por que nos atacam? Porque nós das Forças Armadas somos o último obstáculo para o socialismo”, disse Bolsonaro. 

A transmissão precisou ser encerrada logo no início da sabatina, por causa de problemas técnicos. Já na primeira parte da entrevista, Bolsonaro começou falando de segurança pública, defendendo o excludente de ilicitude para policiais militares que matarem alguém enquanto estiverem em serviço. O candidato já havia falado nesse assunto em entrevista ao Roda Viva, na segunda-feira (30)

Política

Bolsonaro admitiu a dificuldade em encontrar um vice para a chapa, mas garantiu que a questão deve ser solucionada até a convenção estadual do PSL em São Paulo. Ele admitiu que a possibilidade de ter a advogada Janaína Paschoal (PSL), autora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT), como vice é “mais remota”. Ele alegou problemas familiares de Janaína para não aceitar a vaga. 

Outros dois cotados para a vaga, segundo Bolsonaro, são o príncipe Luiz Philippe Orleans de Bragança, membro da família imperial brasileira, e o general Hamilton Mourão (PRTB). 

Em mais de uma oportunidade, o deputado admitiu a necessidade de trabalhar em conjunto com o Congresso, caso eleito. Por isso, fez um apelo para que seu eleitor escolha parlamentares alinhados ideologicamente com ele. Segundo Bolsonaro, não adianta votar nele para presidente e em “um cara do PSOL” para a Câmara. 

“Se o parlamento aprovar o aborto um dia, a minha caneta vai vetar. Mas se o Parlamento derrubar o veto, eu não posso fazer nada”, disse, pedindo novamente que os eleitores escolham deputados alinhados com as posições de Bolsonaro. 

Bolsonaro também aproveitou a sabatina para voltar a fazer críticas ao centrão, conjunto de partidos formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade, que resolveu apoiar a candidatura do tucano Geraldo Alckmin. O deputado federal afirmou aos entrevistadores que há um “grande acordo” entre PT e PSDB: “Um compromisso com um indulto”. O próprio Bolsonaro chegou a tentar uma coligação com o PR, tendo o senador Magno Malta (PR-ES) como vice, mas o acordo foi barrado pelo partido do senador. 

Durante a sabatina, Bolsonaro voltou a criticar o que chamou de ideologia de gênero e defendeu um incentivo para o ensino a distância no país. O deputado também atacou a Lei Rouanet e defendeu uma regulação na programação da TV aberta. “Quer fazer esses programas mais avançados? Faz a noite, não faz na Fátima”, em referência ao programa global Encontro. 

O deputado defendeu exploração de terras indígenas. Pela proposta de Bolsonaro, os povos indígenas ficariam com royalties da exploração de minérios em suas terras. O presidenciável citou a polêmica frase sobre quilombolas e disse que foi “uma colocação infeliz”, mas “paciência”. O capitão da reserva também falou em juntar Ministério da Agricultura com o do Meio Ambiente 

Supremo 

Bolsonaro também criticou o ativismo do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele voltou a falar em aumentar o número de ministros da Corte de 11 para 21, mas admitiu que a possibilidade está fora de questão. “Fui massacrado de um lado, quem entendeu elogiou do outro”, disse o presidenciável sobre a proposta. “Basicamente descartamos essa possibilidade”, admitiu Bolsonaro. 

O presidenciável deu pistas de como deve preencher as vagas que serão abertas no STF no próximo mandato, caso seja eleito. “Por que em um pais 90% cristão, não tem um ministro cristão no Supremo Tribunal Federal”, questionou o capitão da reserva. 

Entre os casos julgados pelo Supremo, Bolsonaro falou sobre o julgamento em relação ao aborto, marcado para esta sexta-feira (3). “Não tem cabimento o Supremo decidir. Quem tem que decidir somos nós [deputados]”, criticou. 

Economia 

Na hora de falar em economia, Bolsonaro se absteve e deixou que o economista Paulo Guedes respondesse em seu lugar. Guedes defendeu uma economia liberal para o país. O economista criticou corrupção e apontou como uma das causas para a crise econômica. 

“Esse sistema econômico que está aí na verdade corrompeu a política e estagnou a economia. O Bolsonaro pode reabilitar a economia”, disse Guedes. Ele também voltou a defender privatizações e a necessidade de reformar a Previdência. 

Ele também afirmou que a governabilidade de um eventual governo de Bolsonaro seria mantida não pelo loteamento de cargos, mas pelo repasse de recursos do âmbito federal para Estados e municípios: "A descentralização de recursos é o eixo da governabilidade. Bolsonaro pode ser o primeiro presidente que vai amputar seus próprios poderes, vai regenerar a classe política. Até o prefeito do PT vai querer votar nele, porque está precisando de dinheiro (para administrar o município). A classe política finalmente vai se reaproximar do povo", previu. 

Apoiadores

O candidato estava acompanhado por seu filho Flávio Bolsonaro e pelo economista Paulo Guedes, mentor do presidenciável no campo econômico e provável ministro da Fazenda caso Bolsonaro seja eleito. Havia três entrevistadores: Allan dos Santos, Bernardo Kuster e Flávio Morgenstern, todos influenciadores digitais que declaram apoio ao candidato.

Com entrevistadores simpáticos a ele, sentiu-se em casa no evento, que ficou no ar enquanto Alckmin abusava de frases prontas na GloboNews. Hoje à noite, Bolsonaro deve enfrentar uma bancada bem mais dura, e vai estar cara a cara com Miriam Leitão, torturada na ditadura militar. 

Voltando. “Até o prefeito do PT vai querer votar no Bolsonaro”. Foi com essa frase que Paulo Guedes, o conselheiro econômico do candidato, explicou a estratégia para garantir a governabilidade do país sem recorrer ao loteamento de cargos e à corrupção. Será a partir da descentralização. "A descentralização de recursos é o eixo da governabilidade. Bolsonaro pode ser o primeiro presidente que vai amputar seus próprios poderes, vai regenerar a classe política”, afirmou.

Em tempo. Bolsonaro afirmou que, em uma eventual Presidência, vetaria a legalização do aborto e combateria a ideologia de gênero em escolas.

Bolsonaro aposta em novo pacto federativo para ter governabilidade

Em duas rodadas de reuniões com investidores ontem, Paulo Guedes foi questionado sobre como Jair Bolsonaro garantirá governabilidade sem ter conseguido fechar alianças.

Segundo o Painel, Guedes disse que o pacto federativo e a descentralização de recursos para estados e municípios serão os eixos do plano do presidenciável.

Ele acredita que o interesse de governadores e prefeitos deve engajar parlamentares de diferentes legendas – até mesmo do PT.

Roda Viva de Bolsonaro tem mais de 8 milhões de visualizações em três dias

A entrevista de Jair Bolsonaro no Roda Viva acumula em três dias mais de 8 milhões de visualizações no Youtube e no Facebook, o que representa 51% da audiência dos programas de todos os demais candidatos juntos.

Ciro Gomes é o segundo colocado, com 2,5 milhões de visualizações ao longo de mais de dois meses. Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles são os lanterninhas.

 

O que Alckmin prometeu aos sindicalistas?

A cada entrevista, Geraldo Alckmin dá mais ênfase ao discurso de que não vai retomar o imposto sindical e que não quer o governo envolvido nisso.

Ontem, na GloboNews, chegou a dizer que amadurece a ideia de extinguir o Ministério do Trabalho. A manutenção dos sindicatos “é um assunto dos trabalhadores”.

“Um governo deve sair o máximo que ele puder. É um assunto deles, dos trabalhadores, eles que vão decidir.”
Alckmin, que está na capa da Crusoé deste fim de semana, não explicou exatamente o que pretende fazer.

Mas o trabalhador deve ficar atento, considerando que o tucano aliou-se ao PTB de Bob Jeff e ao Solidariedade de Paulinho da Força, ambos investigados pela PF num esquema de venda de registros sindicais no Ministério do Trabalho.

Senador Humberto Costa é recebido aos gritos de ‘golpista’ em convenção do PT

PT de Pernambuco aprovou candidatura da vereadora Marília Arraes ao governo do estado, contrariando orientação da Executiva Nacional que fechou acordo com PSB

O senador petista Humberto Costa foi recebido aos gritos de “golpista” por militantes do próprio partido, na noite desta quinta-feira (2), na pré-convenção do PT que manteve a candidatura da vereadora Marília Arraes ao governo de Pernambuco. Em clima bastante acirrado, a grande maioria dos 251 delegados presentes ao encontro decidiu manter Marília candidata, contrariando orientação da Executiva Nacional do PT.

“Finalmente, depois de três adiamentos, tivemos a oportunidade de mostrar o que efetivamente a base do partido quer. Uma candidatura própria com condições políticas de fazer a defesa do ex-presidente Lula”, declarou Marília. Não houve contagem dos votos. O resultado foi decretado após os delegados favoráveis à candidatura levantarem os crachás. A assessoria de imprensa de Marília Arraes informou que ela obteve 230 votos favoráveis, 20 contrários e uma abstenção. 

Leia também: Fernando Haddad: quem é e o que pensa o mais provável plano B do PT

O presidente do PT de Pernambuco, Bruno Ribeiro, comunicou que não houve contagem. “Mas, pelo contraste, ficou claro que ela tinha ampla maioria.”

Na quarta-feira (1), a Executiva Nacional do partido havia decidido retirar o nome da vereadora da disputa para apoiar a reeleição do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, em nome de um acordo nacional com o PSB. A estratégia nacional de sacrificar candidaturas estaduais tem como objetivo isolar politicamente o candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes.

Em 2014, Paulo Câmara apoiou, no segundo turno, o senador Aécio Neves (PSDB) para a Presidência da República e também se posicionou de maneira favorável ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Leia também: Ciro se vitimiza: “Não sei o que fiz para merecer essa hostilidade do PT”

Após a vitória de Marília, Humberto Costa declarou que esperava o resultado, no entanto, acha difícil reverter a decisão da Executiva Nacional. “Vocês acreditam que exista alguma coisa aprovada no PT que não tenha o apoio e o conhecimento de Lula?”, retrucou o senador.

Nesta sexta (3), o Diretório Nacional do PT vai apreciar o recurso impetrado contra a decisão da Executiva. A expectativa é de que a resolução do comando da sigla, costurada pelo ex-presidente Lula, seja mantida. Marília disse acreditar que a decisão desta quinta-feira vai influenciar a mudança de posição do PT. “Sem dúvida, o resultado vai influenciar a opinião dos dirigentes. Vamos acompanhar amanhã para ver o que vai ser decidido”, ressaltou.

Na aliança com o PSB, Humberto Costa (PT) vai ocupar uma das vagas ao Senado na chapa pessebista. A outra é do deputado federal Jarbas Vasconcelos (MDB), crítico ferrenho do PT e do ex-presidente Lula.

Sob protestos, Gleisi defende acordo do PT com PSB

Sob protestos de militantes pernambucanos, a senadora Gleisi Hoffmann (PT) defendeu nesta quinta a estratégia do partido de desistir da candidatura de Marília Arraes para viabilizar o acordo com o PSB nas eleições 2018. A legenda ficará neutra no pleito nacional em troca de apoio do PT em estados-chave como Pernambuco.

“É claro que é ruim para a gente, do ponto de vista regional e de Pernambuco, abrir mão de uma candidatura como de Marília (Arraes), mas temos um projeto nacional e, desde o início, os companheiros de Pernambuco sabiam dessa nossa movimentação e conversação. Em nenhum momento fizemos qualquer movimentação que não fosse clara e aberta”, declarou em Curitiba, onde esteve com o ex-presidente Lula na carceragem da Polícia Federal.

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Enquanto falava com a imprensa, integrantes de movimentos sociais e do PT pernambucano protestavam com faixas e cartazes e gritando “não tem plano B, em Pernambuco é Marília do PT”. Gleisi afirmou que iria conversar com os manifestantes para explicar a estratégia petista. “Não vamos resgatar uma agenda de desenvolvimento inclusivo, e nosso foco é esse, melhorar as condições do Brasil, se não tivermos uma frente assim, sozinhos não vamos fazer”, disse.

Izaquiel de Souza, integrante do MST de Pernambuco, era um dos que protestava contra a fala de Gleisi. Ele carregava um cartaz com os dizeres: “Não apoiamos golpistas. A militância é Marília Arraes (PT)”. “Queremos um projeto de candidatura nova, do PT, que apoia a reforma agrária. Apoiamos ela (Marília) para o que der e vier. Queremos a manutenção da candidatura dela e faremos o possível para isso”, declarou o militante à reportagem.

Com neutralidade, PSB se divide em palanques com Ciro Gomes, Alckmin e PT

Caso leve adiante a decisão de romper os acordos regionais com o PSB, o PDT poderá comprometer palanques com a sigla em nove estados. O gesto é uma resposta ao acordo entre PSB e PT pela neutralidade dos pessebistas. Ciro Gomes foi o principal prejudicado pela costura e chamou a manobra de golpista.

Um mapa de tendências de apoio feito pelos pessebistas coloca Ciro na dianteira das alianças. O ex-governador do Ceará, hoje, recebe apoio da legenda em quatro estados em que o PSB tem candidatura própria (Espírito Santo, Distrito Federal e Sergipe) e em outros seis em que participam de uma mesma coligação.

Na sequência, Alckmin divide palanque com o PSB em oito estados e o PT, em sete. Alvaro Dias (Podemos) está na mesma coligação que os pessebistas no Paraná pela reeleição da governadora Cida Borghetti (PP). Em São Paulo, o PDT declarou apoio há uma semana ao PSB do governador Márcio França, que apoiará Geraldo Alckmin (PSDB). França também está coligado com o Podemos de Dias.

Presidente do diretório paulista do PSB, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette, vê a neutralidade como caminho natural da sigla. Segundo ele, as demandas de cada estado eram inconciliáveis. “Bom seria ter um candidato próprio, mas imaginava que isso fosse acontecer. A morte do Eduardo Campos deixou um vazio”, afirma.

O PSB São Paulo sempre defendeu a neutralidade na disputa nacional argumentando a situação delicada de França no estado. Vice de Alckmin, o governador diz que defendeu o apoio ao tucano “desde o começo”. “Mas se houver consenso , para que não cause problemas em outros estados, compreenderei a neutralidade”, afirmou.

Fonte: Gazeta do povo/ESTADÃO

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