Governo Trump aumenta pressão comercial sobre China com plano de tarifas mais altas sobre importações

Publicado em 01/08/2018 20:38

WASHINGTON/PEQUIM (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, buscou aumentar pressão sobre a China por concessões comerciais ao propor uma tarifa mais alta de 25 por cento, no valor de 200 bilhões de dólares, sobre importações chinesas, informou seu governo nesta quarta-feira.

O representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, disse que Trump ordenou o aumento de um imposto de 10 por cento proposto anteriormente porque a China se recusou a cumprir demandas norte-americanas e impôs tarifas retaliatórias sobre bens norte-americanos.

--   “O aumento na possível taxa do imposto adicional tem objetivo de dar ao governo opções adicionais para encorajar a China a alterar suas políticas e comportamentos prejudiciais e adotar políticas que irão levar a mercados mais justos e prosperidade para todos nossos cidadãos”, disse Lighthizer em comunicado.

Não há conversas formais entre Washington e Pequim há semanas sobre as exigências de Trump de que a China faça mudanças fundamentais em suas políticas sobre proteção de propriedade intelectual, transferências de tecnologia e subsídios para indústrias de alta tecnologia.

 Duas autoridades do governo Trump disseram a repórteres em teleconferência que Trump permanece aberto para conversas com Pequim e que através de conversas informais os dois países estão discutindo se uma “negociação frutífera” é possível.

“Nós não temos nada para anunciar hoje sobre um evento específico, ou uma rodada específica de discussões, mas comunicações permanecem abertas e nós tentamos descobrir se condições se apresentam para um compromisso específico entre os dois lados”, disse uma das autoridades.

CONSULTA POPULAR ESTENDIDA

A tarifa mais alta, se implementada, será aplicada a uma lista de bens avaliados em 200 bilhões de dólares identificada pelo Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) no mês passado como uma resposta às tarifas retaliatórias da China sobre uma rodada inicial de tarifas dos EUA sobre 34 bilhões de dólares em componentes eletrônicos, maquinários, automóveis e bens industriais da China.

 O USTR informou que irá estender um período de consulta popular para a lista de 200 bilhões de dólares de 30 de agosto para 5 de setembro por conta do possível aumento de tarifas. A lista, divulgada em 10 de julho, atinge consumidores norte-americanos com mais força do que as anteriores, envolvendo bens que variam de tilápias chinesas e ração para cachorros a móveis, produtos de iluminação, circuitos impressos e materiais de construção.

 A China informou nesta quarta-feira que “extorsão” não irá funcionar e que irá revidar se os EUA tomarem novos passos para dificultar comércio, incluindo aplicações de tarifas mais altas.

 -- “Pressão e extorsão dos EUA não terão um efeito. Se os Estados Unidos tomarem novos passos, a China irá inevitavelmente adotar contramedidas e nós iremos proteger resolutamente nossos direitos legítimos”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, em entrevista coletiva.

Investidores temem que uma crescente guerra comercial entre Washington e Pequim possa atingir o crescimento econômico global. Proeminentes grupos comerciais dos EUA, embora críticos ao que veem como práticas comerciais mercantilistas da China, condenaram as tarifas agressivas de Trump.

Produtores da Austrália não devem ter benefício com disputa EUA-China devido à seca

MELBOURNE (Reuters) - Os agricultores australianos, que estão sofrendo com um segundo ano de seca, não devem se beneficiar da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China devido à produção menor de importantes lavouras, incluindo o trigo e o sorgo, disseram operadores e autoridades do setor nesta quarta-feira.

A duradoura seca na costa oeste da Austrália deve reduzir a produtividade da safra de trigo do quarto maior exportador global do cereal. A condição do tempo já atingiu os cultivos de verão, como o sorgo, cujo maior comprador é a China.

"A área da Austrália que sofreu o golpe mais forte com a seca é a área de produção de sorgo", disse Nick Carracher, chefe da Asia Commodities Advisory Plataform na INTL FCStone.

A China pretende aumentar suas importações de grãos e oleaginosas de regiões alternativas após impor tarifas retaliatórias sobre a soja dos EUA, em meio a uma escalada de conflitos comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

A produção de sorgo da Austrália caiu para 994 mil toneladas no ano passado, quase metade da produção típica do país, segundo dados oficiais.

Neste ano, a safra dependerá das chuvas de verão entre novembro e dezembro, mas pode haver uma quantidade menor disponível para exportação, segundo um operador de grãos que falou nos bastidores de uma conferência do setor em Melbourne.

"Haverá um grande consumo doméstico para ração animal, conforme vacas alimentadas com pasto passarão a utilizar grãos", disse ele.

Bunge tem prejuízo não esperado por perdas em hedge de soja; CEO vê recuperação

(Reuters) - A companhia global do agronegócio Bunge reportou um surpreendente prejuízo trimestral nesta quarta-feira, com sua unidade de agronegócios sofrendo perdas de 125 milhões de dólares em razão de hedges de soja relacionados à disputa comercial entre os Estados Unidos e a China.

O resultado representou um contraste absoluto com suas concorrentes de commodities agrícolas, Archer Daniels Midland e Cargill, que registraram fortes lucros trimestrais.

A Bunge culpou em grande parte a aposta de que os preços da soja subiriam com a redução das tensões entre os EUA e a China durante o período. No entanto, a guerra comercial aumentou e a cotação da oleaginosa caiu drasticamente.

A Bunge também reportou um abalo de 24 milhões de dólares no trimestre por um hedge cambial no Brasil, o maior exportador de soja do mundo, mas disse que espera recuperar as perdas no segundo semestre deste ano.

A perda foi particularmente surpreendente porque esperava-se que os grandes comerciantes internacionais de grãos se beneficiassem da volatilidade do mercado e das mudanças nos fluxos globais de grãos, resultantes do aprofundamento da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

"Não era o que você esperaria, dado que este é um trimestre de pico (de safra) na América do Sul", disse o CEO da Bunge, Soren Schroder, acrescentando que mudanças em políticas comerciais e custos de frete no Brasil são os maiores riscos para a retomada no segundo semestre.

A perda da Bunge foi parcialmente compensada, já que o segmento de agronegócios da Bunge vendeu 3,4 por cento mais grãos e outras commodities no segundo trimestre encerrado em 30 de junho, e o lucro bruto da unidade mais que dobrou, para 354 milhões de dólares.

A Bunge, que foi alvo de uma tentativa fracassada de aquisição pela rival ADM, disse que o prejuízo líquido para os acionistas foi de 21 milhões de dólares, ou 15 centavos por ação, no trimestre, ante lucro de 72 milhões de dólares, ou 51 centavos por ação, um ano antes.

As vendas líquidas da empresa subiram para 12,15 bilhões de dólares, ante 11,65 bilhões.

CONFIANÇA

Segundo o CEO da multinacional, há uma grande confiança na recuperação dos lucros da Bunge com oleaginosas no segundo semestre de 2018.

Schroder disse ainda que perder com apostas em soja foi um risco do negócio para otimizar lucros futuros.

Ele observou também que a China está evitando soja dos EUA, por conta da tarifa, ao mesmo tempo em que importa outros tipos de proteína para a composição da ração, enquanto aguarda a próxima colheita da América do Sul.

EUA e México se aproximam de acordo sobre regras para conteúdo de carros no Nafta, diz México

TRAVERSE CITY (Reuters) - Os Estados Unidos e o México estão perto de um acordo sobre as regras de conteúdo automotivo nas negociações para renovar o pacto comercial do Nafta, disse uma importante autoridade mexicana nesta quarta-feira.

Guillermo Malpica, chefe do departamento comercial e do Nafta para o governo mexicano, também disse que os Estados Unidos "começaram a mostrar mais flexibilidade na semana passada" sobre conteúdo automotivo e outros tópicos nas negociações, que se arrastaram por quase um ano.

As autoridades mexicanas dizem que estão otimistas quanto à possibilidade de conseguir um acordo para renovar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte e que estão esperançosos de realizar um avanço quando ministros do México e dos Estados Unidos se reunirem esta semana.

Malpica, ao falar com repórteres em uma conferência da indústria automobilística, disse que estão se "aproximando" de um acordo sobre as chamadas regras de origem no setor, que determinam quanto do veículo deve ser feito nos três países do Nafta para o status de livre comércio.

O peso mexicano subiu 0,2 por cento para o seu nível mais forte do dia, após notícias de progresso no elemento autos das negociações, antes de recuar novamente. Alguns analistas prevêem que o peso se valorize abaixo de 18 por dólar a partir de seu nível atual de 18,6 dólares, caso haja um acordo.

Em maio, o México se ofereceu para elevar a exigência de conteúdo local para 70 por cento dos atuais 62,5 por cento. Os Estados Unidos estão pedindo que o limite seja de 75 por cento.

Malpica também disse que os Estados Unidos ainda estão pressionando por uma cláusula de suspensão que exigiria que o tratado fosse reaberto a cada cinco anos. O Canadá e o México se opõem fortemente à ideia.

Fonte: Reuters

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