Entenda como o governo irá viabilizar a redução no preço do diesel

Publicado em 28/05/2018 18:24

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou hoje (28) que não haverá aumento da carga tributária, com a criação de novos impostos, para compensar as medidas firmadas no acordo com os caminhoneiros. Entretanto, segundo ele, a perda de arrecadação deverá ser compensada em outros tributos já existentes e com cortes de gastos e investimentos.

"Do ponto de vista da meta fiscal tudo está compensado. A parcela de redução de impostos [sobre o diesel] é neutra e virá de outras fontes de arrecadação”, disse em entrevista coletiva. O custo final da redução do preço do diesel deve ficar em R$ 9,5 bilhões este ano.

Os caminhoneiros autônomos estão paralisados desde o dia 21 de maio e causaram o desabastecimento de produtos em vários locais do país. Entre os pontos negociados para que eles voltem ao trabalho está a redução do preço diesel em R$ 0,46 pelo prazo de 60 dias.

Depois desse período, o preço do diesel será ajustado mensalmente, de acordo com a política de preços da Petrobras e o governo manterá o subsídio de R$ 0,46. “Não haverá congelamento dos preços. Eles ficarão fixos por 60 dias e depois serão alterados para cima ou para baixo, dependendo do preço no mercado internacional e da taxa de câmbio”, explicou Guardia.

A redução de preço do diesel será viabilizada mediante redução de tributos e a criação de um programa de subvenção ao diesel.

Entenda de onde vem a redução de R$ 0,46:

R$ 0,16

Os tributos federais incidentes no diesel são a Cide (R$ 0,05 por litro) e o Pis/Cofins (R$ 0,41 por litro). A Cide será zerada e haverá redução de R$ 0,11 no Pis/Confins (mantendo-se R$ 0,30 por litro), ou seja, redução de R$ 0,16.

Para pagar esses R$ 0,16, o governo aguarda a aprovação do projeto de reoneração da folha de pagamento de setores da economia, que está em tramitação do Congresso. “É condição necessária, mas não suficiente para fazer a redução de R$ 0,16”, disse Guardia. Ele explicou que essa redução custará R$ 4 bilhões e que a reoneração garantirá algo em torno de R$ 3 bilhões por isso, outras medidas de tributação serão necessárias. O ministro, entretanto, não detalhou quais serão essas medidas.

Quando a redução chega na bomba?

Tão logo seja aprovado projeto de reoneração de folha, que permitirá o encaminhamento dos atos legais para zerar a Cide e reduzir o Pis/Cofins e a apresentação das outras medidas pelo governo, que poderão vir por decreto ou por projeto de lei.

R$ 0,30

A redução de R$ 0,30 por litro de diesel será viabilizada por meio de uma subvenção econômica, paga pelo governo às refinarias, que atinge a Petrobras, demais refinarias nacionais e os importadores, esse último responsável por 25% do consumo interno.

“Essas medidas têm que ser neutras do ponto de vista do mercado. Fazer o benefício chegar ao consumidor, preservar a autonomia da Petrobras e evitar qualquer distorção no funcionamento do mercado”, disse Guardia.

Quando a redução chega na bomba?

O governo editará duas medidas provisórias, que passam a valer assim que forem publicadas, uma criando o programa de subvenção do diesel e outra criando o crédito extraordinário no Orçamento Geral da União para pagar essa subvenção. Elas ainda precisarão ser aprovadas pelo Congresso.

De acordo com o ministro, o governo garantirá o subsídio independente da volatilidade do mercado. “Independente do preço do petróleo e da taxa de câmbio, estamos garantindo a redução de R$ 0,30 por litro”, disse.

O governo espera concluir todas essas negociações e garantir a redução de R$ 0,46 do preço do litro do diesel até o final dessa semana.

Programa de subvenção

De acordo com o ministro, o governo possui R$ 6,1 bilhões de margem para administrar o resultado fiscal primário do governo. Desses, R$ 5,7 bilhões serão utilizados para a cobertura do programa de subvenção. “Do ponto de vista orçamentário, vamos utilizar a chamada reserva de contingência”, disse, explicando que R$ 4,1 bilhões são da reserva propriamente dita e R$ 1,6 bilhão são de recursos que estavam capitalizados para empresas estatais.

O restante, R$ 3,8 bilhões, serão deslocados para o subsídio mediante cortes orçamentários, que ainda serão detalhados pelo governo.

Medidas estruturantes

Todas as medidas adotadas pelo governo federal, segundo Guardia, são emergenciais, valem até o final de 2018 e não entram na previsão do orçamento do ano que vem. Ou seja, se o próximo governo quiser manter o programa, também precisará remanejar do orçamento previsto.

“A partir de agora, fora da situação de crise, podemos pensar em soluções mais estruturantes para esse problema [do aumento dos combustíveis], ouvindo os diversos segmentos. E isso pode passar pela questão tributária”, disse.

Fonte: Agência Brasil

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Produção e venda de veículos no Brasil têm forte alta em julho ante junho
Auxílio a produtores e fomento à tecnologia marcam 1º semestre da Comissão de Agricultura
Negociadores de Mercosul e UE se reunirão em setembro sobre acordo comercial
Taxas futuras de juros caem no Brasil em novo dia de alívio no câmbio
Wall Street sobe com alívio em ações de tecnologia
Ibovespa avança na abertura com aval externo e balanços em foco