BC atua com mais força e dólar fecha em queda ante o real

Publicado em 03/05/2018 17:17

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - Depois de encostar no patamar de 3,55 reais e levar o Banco Central a atuar com mais força no mercado de câmbio, o dólar fechou esta quinta-feira em baixa, ajudado também pelo alívio no mercado externo.

O dólar recuou 0,52 por cento, a 3,5305 reais na venda, depois de subir 1,30 por cento na véspera, no maior nível em quase dois anos e muito perto de 3,55 reais.

Na mínima do dia, o dólar foi a 3,5219 reais e, na máxima, a 3,5677 reais. O dólar futuro caía cerca de 0,65 por cento no final da tarde.

"O BC mostrou desconforto com o nível da moeda, mas trata-se de um alívio pontual", afirmou o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.

Na noite passada, o BC indicou que vai ofertar quantidade de swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- superior à necessária para a rolagem integral do vencimento de junho "com o objetivo de suavizar movimentos no mercado de câmbio".

Nessa sessão, vendeu a oferta integral de até 8.900 mil contratos em swaps, somando o equivalente a 445 milhões de dólares do total de 5,650 bilhões de dólares que vence em junho.

Se mantiver e vender esse volume diário até o final do mês, o BC terá colocado 8,455 bilhões de dólares em swaps.

"A alta aqui tem a ver com o dólar no mundo. Por isso o dólar está buscando um novo patamar. Não vejo mais a 3,30 reais", afirmou o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves.

Entre fevereiro e abril, o dólar acumulou alta de 10 por cento sobre o real, sendo que só no mês passado saltou 6,16 por cento.

Uma das principais razões para a alta da moeda norte-americana no mundo é a possibilidade de o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, elevar mais os juros do que o inicialmente previsto, atraindo para a maior economia do mundo recursos aplicados hoje em praças financeiras consideradas de maior risco, como a brasileira.

Na véspera, o Fed não mudou sua taxa de juros e expressou confiança de que o recente aumento da inflação para nível próximo à meta de 2 por cento será sustentado. O Fed prevê atualmente mais dois aumentos dos juros este ano, embora número crescente de autoridades veja três como possível.

O mercado estará atento a novos números sobre a economia dos EUA, que tem mostrado força. No dia seguinte, serão divulgados números sobre o mercado de trabalho fora do setor agrícola.

No exterior, o dólar caía ante uma cesta de moedas nesta sessão, numa realização de lucros, e também ante parte das moedas de países emergentes, como o rand sul-africano e o rublo.

A cena política local também continuou pesando sobre o mercado, diante das incertezas que rondam as eleições presidenciais de outubro. Os investidores temem que um candidato que eles considerem menos comprometido com o ajuste fiscal possa ser eleito.

Venceram nesta quinta-feira 2 bilhões de dólares em leilão de linha, venda de dólares com compromisso de recompra, mas o BC não anunciou leilão dessa natureza.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Governo confirma contenção de gasto e vê déficit fiscal de R$28,8 bi em 2024, limite da banda de tolerância
Wall St encerra em alta com retorno de investidores às megacaps
Dólar cai ante real em dia favorável para as moedas emergentes
Arrecadação de junho teve alta real de 11%, mas ganhos ainda estão abaixo do necessário, diz secretário da Receita
Ibovespa tem alta modesta com Embraer e Petrobras minando efeito positivo de Wall Street
Taxas futuras de juros caem em dia positivo para emergentes e de confirmação de cortes de gastos no Brasil