Dólar cai 1% e volta a R$ 3,30 após STF abrir caminho para prisão de Lula
Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava 1 por cento nesta quinta-feira, de volta à casa de 3,30 reais, com o mercado reagindo com alívio à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de negar habeas corpus preventivo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e abrindo caminho para sua eventual prisão, o que pode limitar sua infuência nas eleições presidenciais neste ano.
Às 10:02, o dólar recuava 1,04 por cento, a 3,3060 reais na venda, depois de ter acumulado alta 1,23 por cento nos três pregões anteriores, com os investidores montando posições defensivas para o julgamento da véspera. O dólar futuro tinha queda de cerca de 0,75 por cento.
"Embora os mercados estejam propensos a dar as boas-vindas à notícia (do STF), há razões para avaliar que qualquer rali será limitado", afirmou em relatório o economista para América Latina da Capital Economics (CE), Edward Glossop.
Isso porque Lula, considerado pelos mercados financeiros um candidato menos comprometido com o ajuste fiscal, lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais deste ano e, mesmo que não concorra, pode atuar como forte cabo eleitoral.
"Uma vez que a poeira assente, os mercados brasileiros tendem a se concentrar no fato de que os candidatos pró-mercado ainda enfrentam uma luta difícil na corrida eleitoral", acrescentou Glossop.
Por 6 votos a 5, o STF rejeitou no início desta madrugada o pedido de habeas corpus de Lula, decisão essa que deixa o petista mais próximo de ser preso para cumprir pena pela condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em segunda instância.
Agora, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) está livre para decretar a ordem de detenção, embora seja possível que o tribunal espere novo embargo de declaração para eventualmente tomar essa decisão. O prazo final para apresentação desse novo recurso é o dia 10 de abril.
O dólar também recuava frente ao real com o ambiente mais tranquilo no exterior, com menores tensões em torno de eventual guerra comercial entre Estados Unidos e China.
O dólar se recuperava ante uma cesta de moedas, tendo atingido a máxima de duas semanas, com os investidores reavaliando o risco de uma guerra comercial. Ante divisas de países emergentes, o dólar operava misto.
A recuperação no mercado acionário norte-americano ajudou o dólar a reverter algumas perdas, depois que o assessor econômico do presidente Donald Trump disse que o governo norte-americano estava negociando com a China, não se envolvendo em uma guerra comercial.
O Banco Central brasileiro não anunciou qualquer intervenção no mercado de câmbio nesta sessão, por ora. Em maio, vencem 2,565 bilhões de dólares em swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares.