Ibovespa sobe 2,5% e tem giro forte com trégua externa; Itaú sobe 3,6%

Publicado em 06/02/2018 17:14
Leia abaixo: Mercados mundiais vão se recuperar, mas movimento no Brasil será mais lento, diz Loyola, ex-presidente do BC

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice de ações da B3 fechou na sessão de forte giro financeiro desta nesta terça-feira, com o Itaú Unibanco entre os destaques positivos, após o maior banco privado do país revelar projeções para 2018 e anunciar pagamento de dividendos .

A bolsa doméstica também se beneficiou da relativa trégua na aversão a risco externa, que minou praças acionárias globais nos últimos dois pregões em razão de receios sobre um banco central norte-americano mais agressivo quanto aos juros.

O Ibovespa subiu 2,48 por cento, a 83.894 pontos. Na mínima da sessão, nos primeiros negócios, o índice caiu 1,3 por cento, abaixo de 81 mil pontos. Na máxima, subiu 2,8 por cento, a 84.161 por cento.

O volume financeiro do pregão somou 16,98 bilhões de reais, quase o dobro da média diária do ano, de 8,9 bilhões de reais.

A sessão começou sob efeito de forte correção técnica em praças acionárias globais, iniciada em Nova York na véspera, com receios de que o banco central norte-americano adote um processo mais rápido de alta das taxas de juros.

O noticiário corporativo de modo geral positivo e a relativa melhora externa, contudo, ajudaram a blindar o Ibovespa. Na véspera, o índice brasileiro acelerou as perdas no final do pregão, encerrando com queda de 2,59 por cento.

"Alguns clientes voltaram à ponta compradora para repor posições e aproveitar o que pode ter sido uma oportunidade de entrar em alguns papéis", disse o chefe da mesa de renda variável da corretora BGC Liquidez.

DESTAQUES

- ITAÚ UNIBANCO PN subiu 3,6 por cento com reação favorável às projeções do maior banco privado do país para 2018 e anúncio de que pagará 17,6 bilhões de reais em dividendos e juros sobre capital próprio relativos a 2017.

- BRADESCO PN fechou em alta de 2,38 por cento, com o setor de bancos acompanhando a melhora generalizada do Ibovespa. BANCO DO BRASIL subiu 4,39 por cento e SANTANDER BRASIL UNIT ganhou 3,64 por cento.

- TIM PARTICIPAÇÕES saltou 6,98 por cento, após resultado trimestral com alta de 66 por cento no lucro líquido da operadora de telefonia móvel, para 604 milhões de reais no quarto trimestre. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) subiu 13 por cento.

- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON subiram 4,99 e 5,01 por cento, respectivamente, na contramão do recuo dos preços do petróleo, beneficiadas pelo tom positivo na bolsa.

- VALE avançou 5,25 por cento, encontrando suporte ainda na alta dos preços do minério de ferro à vista na China, a despeito do mau humor externo.

- EMBRAER valorizou-se 5,16 por cento, em meio a expectativas por acordo com a norte-americana Boeing.

- MULTIPLAN caiu 2,29 por cento, em sessão negativa do setor de shopping centers. IGUATEMI cedeu 1,83 por cento e BR MALLS recuou 1,03 por cento.

- SUZANO recuou 0,66 por cento, após acordo para comprar terras e florestas da fabricante de louças, componentes metálicos e painéis de madeira Duratex, operação que pode movimentar mais de 1,06 bilhão de reais. DURATEX, que não está no Ibovespa, saltou 8,03 por cento.

Mercados mundiais vão se recuperar, mas movimento no Brasil será mais lento, diz Loyola, ex-presidente do BC

SÃO PAULO (Reuters) - A má situação fiscal e incertezas eleitorais cobraram do Brasil um preço mais alto do que outros países emergentes durante o forte ajuste nos mercados mundiais provocado pela expectativa de que os Estados Unidos elevarão mais os juros, avaliou o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola.

E a recuperação nos mercados financeiros globais virá no curto prazo, com o Brasil seguindo essa tendência mas de forma menos intensa. Mesmo assim, Loyola não espera fuga de capitais dos mercados brasileiros.

"Notadamente, o Brasil não tem muito o que entregar este ano em termos de política", disse ele à Reuters nesta terça-feira, acrescentando que o Brasil é mais punido que outros países também pela ausência do grau de investimento e provável não-aprovação da reforma da Previdência agora.

"Temos eleição (presidencial) que está absolutamente incerta, que pode recolocar em Brasília um governo populista e pouco comprometido com responsabilidade macroeconômica, e não estamos conseguindo fazer reforma da Previdência, que a essa altura foi para o vinagre", afirmou.

Neste cenário, o Brasil está menos preparado para enfrentar soluços no mercado internacional, pois isso leva investidores a se afastarem de ativos de maior risco.

Desde o início do movimento de correção nas bolsas norte-americanas, no último dia 2, o índice IPC da Bolsa Mexicana caiu 2,43 por cento até por volta das 16:15 (horário de Brasília) neste pregão, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa paulista, perdeu 2,79 por cento.

Ainda assim, ressaltou Loyola, o país não deve sofrer fuga de investidores e de capital estrangeiros.

"As notícias não são maravilhosas, mas a economia está se recuperando, as empresas dando resultados positivos, isso ajuda a bolsa", disse. "Por outro lado, o risco eleitoral está aí presente. O mercado recebeu bem a condenação do ex-presidente Lula, mas está muito longe de ter clareado o cenário eleitoral."

BRASIL E AJUSTE

Depois de fortes ganhos ao longo do ano passado, Wall Street deu início a um ajuste dos preços de ações e de Treasuries norte-americanos, mas em breve deve retornar à tendência de alta nos papéis corporativos e soberanos na maior parte das grandes economias, apontou Loyola.

"As economias estão indo bem, não tem nada que tenha mudado substancialmente. Não tem nenhum fator substantivo do ponto de vista econômico para explicar a queda."

A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos avançou em janeiro e os salários cresceram ainda mais, maior ganho anual em mais de oito anos e meio, ampliando expectativas de que a inflação vai acelerar neste ano e, assim, alimentando expectativas de que os juros na maior economia do mundo podem subir mais rapidamente.

A expectativa de mais altas nos juros levou à correção nos mercados dos EUA, potencializada por negociações eletrônicas e algoritmos, o que gera repercussão em outros mercados, afirmou Loyola.

"A inflação está bem tranquila, já tem pressão salarial, mas não estamos vendo algo que vai exigir ajuste muito mais forte (nos juros norte-americanos)", afirmou.

Fonte: Reuters

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