Inflação abaixo da meta é fato "extraordinário", diz Temer; venda de cimento aumenta

Publicado em 10/01/2018 20:10

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer afirmou nesta quarta-feira, durante reunião no Palácio do Planalto com integrantes do primeiro escalão do governo, que a inflação do país ter encerrado o ano passado abaixo do piso da meta estabelecida pelo governo é um fato "extraordinário" e que merece uma "comemoração".

Dados divulgados mais cedo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicaram que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou em 2017 alta de 2,95 por cento, nível mais baixo desde 1998 --quando ficou em 1,65 por cento-- e depois de ter encerrado 2016 com avanço de 6,29 por cento. O piso da meta de inflação no ano passado era de 3 por cento.

"A inflação baixa, só para repisar o que muitas e muitas vezes eu tenho dito, vai significar mais empregos, mais comida na mesa, mais rendimento na poupança, ou seja, quando a pessoa vai ao supermercado, ele vê um preço estável", disse Temer, ao destacar que, se os preços forem alterados a todo momento convém às pessoas denunciarem aos governos nos níveis federal, estadual e municipal.

A fala de Temer, feita numa reunião fechada para jornalistas, foi divulgada pela assessoria de imprensa do Palácio do Planalto. Houve um momento em que apenas profissionais de imagem, como cinegrafistas, puderam captar imagens e áudio do encontro.

O presidente disse ter feito questão de convidar os ministros e autoridades "mais envolvidos" nessa questão.

Participaram do encontro Gustavo Rocha, representando o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha; Henrique Meirelles, ministro da Fazenda; Esteves Colnago, ministro interino do Planejamento, Moreira Franco, ministro da Secretaria-Geral da Presidência; Carlos Marun, ministro da Secretaria de Governo; e Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central.

No áudio divulgado, Temer disse que uma inflação abaixo do piso é "coisa que há muitíssimos anos não se vê". Na verdade, é a primeira vez que isso ocorre. Para o presidente, o encontro serviu para comemorar o presente e aquilo que vai ser feito no futuro.

"Ou seja, ancorados no que nós fizemos no passado, nós temos que continuar a fazer para manter a inflação baixa, para reduzir os juros tal como vem sendo reduzidos, em consequência para gerar empregos e fazer com o brasileiro, repito, possa comer melhor, possa viver melhor, possa morar melhor", afirmou.

Em carta a Meirelles para justificar o descumprimento da meta, Ilan afirmou que a inflação caminha para a meta neste ano e acrescentou que a que a condução da política monetária continuará dependendo de diversos fatores, entre eles projeções e expectativas de preços. [nL1N1P51KL]

Para Temer, entretanto, a luta contra o desemprego encontra seu fundamento no aumento do consumo e da produção, que podem ser beneficiados pela redução da inflação e dos juros.

"Por isso, eu queria cumprimentar a todos e que a nossa palavra e esta reunião sirva de incentivo para que todo o governo continue nesse trabalho de recuperação econômica do nosso país, naturalmente para o bem do povo brasileiro", finalizou.

Inflação já caminha em direção à meta em 2018, diz Ilan em carta aberta

BRASÍLIA (Reuters) - A inflação já caminha em direção à meta oficial em 2018, afirmou nesta quarta-feira o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, acrescentando que a condução da política monetária continuará dependendo de diversos fatores, entre eles projeções e expectativas de preços.

"O BC seguiu os bons princípios no gerenciamento da política monetária e não reagiu ao impacto primário desse choque de alimentos, permitindo a queda da inflação para abaixo da meta", afirmou Ilan em carta aberta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na qual justificou que o IPCA abaixo do alvo oficial em 2017 ocorreu por conta do choque de preço de alimentos.

O IPCA fechou 2017 em 2,95 por cento, abaixo da meta de 4,5 por cento, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos, que também vale para 2018.

Venda de cimento no Brasil reduz queda em 2017

SÃO PAULO (Reuters) - A indústria de cimento no Brasil reduziu ritmo de queda nas vendas no ano passado e estima para este ano crescimento de 1 a 2 por cento em meio às expectativas de avanço do PIB, redução de desemprego e melhora no crédito para construção de moradias.

As vendas do setor em 2017 caíram 6,4 por cento, para 53,8 milhões de toneladas, o terceiro ano seguido de retração de uma indústria que tem capacidade instalada de cerca de 100 milhões de toneladas.

"Observamos uma sensível melhora nos últimos meses, o que levou a uma redução significativa do tombo anual. Em 2016, a indústria do cimento registrou uma queda de 11,5 por cento no consumo", disse em comunicado à imprensa o presidente da associação que reúne fabricantes do insumo no país, Snic, Paulo Camillo Penna.

Apesar da expectativa de crescimento das vendas neste ano, o desempenho não será suficiente para reverter a queda de 24 por cento sofrida pelo setor nos últimos três anos, segundo a entidade.

Considerando apenas dezembro, a venda de cimento no país caiu 6,4 por cento sobre um ano antes, para 4,05 milhões de toneladas, pressionada por recuo em todas as regiões do país, em especial no Nordeste, onde a queda registrada foi de 13,5 por cento.

O Nordeste também é destaque de queda no acumulado de 2017, apresentando retração de 11 por cento nas vendas de cimento, para 11,5 milhões de toneladas. O Norte teve recuo de 10 por cento no ano, a 2,76 milhões de toneladas, enquanto as vendas no Sudeste caíram 4,7 por cento, no Sul houve baixa de 4,5 por cento e no Centro-Oeste as vendas diminuíram 5,3 por cento no ano passado.

A exportação, que representa uma fração do volume negociado pelo setor, também caiu em 2017, recuando 71 por cento, para 46 mil toneladas.

(Por Alberto Alerigi Jr.)

Fonte: Reuters

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