Dólar sobe e encosta em R$ 3,25; Inflação deve fechar 2017 abaixo do piso da meta pela 1ª vez na história

Publicado em 09/01/2018 17:42

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a terça-feira com alta e bem próximo ao nível de 3,25 reais, num movimento de correção influenciado pela cena externa em dia de agenda doméstica esvaziada e volume de negócios mais restrito.

O dólar avançou 0,31 por cento, a 3,2464 reais na venda, depois de acumular queda de 2,36 por cento neste início do ano até a véspera.

Na máxima do dia, a moeda norte-americana marcou 3,2564 reais. O dólar futuro tinha alta de 0,15 por cento.

"O mercado tem nos 3,23 reais um ponto de suporte que está difícil ultrapassar. Chega nesses níveis, entra pressão compradora", afirmou o diretor da mesa de câmbio da corretora Multimoney, Durval Correa.

Nos últimos três pregões, a moeda norte-americana flertou com o patamar de 3,22 reais na mínima do dia, mas não conseguiu sustentar o nível de preços até o fechamento.

Como em janeiro o volume de negócios está mais enxuto, acaba favorecendo inversões mais rápidas na trajetória do dólar, com poucas operações interferindo na tendência.

"Assim que o mercado fica mais ofertado (de dólar), os preços começam a cair de novo", acrescentou Correa, ao lembrar que o ingresso de recursos na Bolsa de Valores têm contribuído para o recuo do dólar ante o real.

No exterior, o dólar operava em alta ante uma cesta de moedas e divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano, também em movimento de correção.

As moedas do mercado emergente começaram o ano com rali, uma vez que os sólidos números de crescimento econômico expulsaram os investidores do dólar e para ativos mais arriscados.

Como pano de fundo, os investidores seguiram de olho no governo do presidente Michel Temer e suas ações para tentar garantir votos suficientes para a reforma da Previdência.

O temor era de que o governo possa perder apoio político para aprovar a reforma diante do imbróglio formado pela indicação da nova ministra do Trabalho, deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ).

Nesta tarde, o vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), Guilherme Couto de Castro, negou pedido do governo para derrubar liminar que suspende posse da nova ministra do Trabalho. A deputada já foi condenada na Justiça do Trabalho.

O governo vem tentando negociar para garantir apoio para aprovar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados em fevereiro, mas ainda tem dificuldades. A matéria é considerada essencial para colocar as contas públicas em ordem.

PESQUISA - Inflação deve fechar 2017 abaixo do piso da meta pela 1ª vez na história

SÃO PAULO (Reuters) - A inflação deve ter encerrado 2017 abaixo do piso da meta pela primeira vez desde o início do regime de metas, permitindo que o Banco Central mantenha os juros em mínimas históricas enquanto a economia ganha vapor, mostrou pesquisa da Reuters divulgada nesta terça-feira.

O IPCA provavelmente subiu 2,80 por cento no ano passado, de acordo com a mediana de 26 estimativas, a menor taxa para o ano desde 1998.

Até a projeção mais alta coloca a inflação abaixo do piso da meta, de 4,5 por cento com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, mesmo quando arredondada para um único dígito após a vírgula.

Se confirmado o resultado, o president do BC, Ilan Goldfajn, terá que escrever uma carta aberta explicando o fracasso em cumprir o objetivo.

"O BC pode ter tranquilidade para manter a taxa de juros abaixo do juro neutro para estimular a atividade," disse o economista-chefe do Banco J. Safra e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall.

Ele espera que o BC corte a Selic em 0,25 ponto percentual em fevereiro, a 6,75 por cento, e a mantenha nesse patamar até o fim do ano.

Os juros futuros, no entanto, sugerem que uma minoria importante dos operadores aposta em uma redução adicional de 0,25 ponto em março, cenário que pode ganhar força se a inflação surpreender para baixo em dezembro.

Os dados, que serão publicados na quarta-feira às 9h, devem mostrar ainda que o IPCA subiu 0,30 por cento em dezembro em relação ao mês anterior, mostrou a pesquisa.

A inflação vem sofrendo o impacto de um período mais longo e mais profundo que o esperado de queda dos preços de alimentos, resultado da forte safra agrícola.

A inesperada decisão de cortar as tarifas elétricas no fim do ano também contribuiu para reduzir a pressão, embora muitos analistas esperem que os preços de energia sigam elevados em 2018.

Mas mesmo descontando esses efeitos, a inflação deve ficar contida nos próximos meses diante da queda lenta da taxa de desemprego, que continua nos dois dígitos.

Kawall estima que, descontados os componentes de alimentos e preços regulados, a inflação deve ficar em 3,9 por cento em 2018, ainda abaixo da meta.

Isso sugere que a postura dura do BC no ano passado e promessas de austeridade do governo foram bem-sucedidas em ancorar as expectativas para este ano.

"Isso permite que o BC mantenha os juros em nível baixo não só porque a inflação está fraca, mas também porque o juro neutro caiu", disse Kawall.

Kawall estimou o juro real neutro em cerca de 5 por cento atualmente. Ele ressaltou que a taxa pode recuar ainda mais se medidas fiscais, como a reforma da Previdência, forem aprovadas.

Fonte: Reuters

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