Lula tentará se eleger para escapar da Justiça, diz Míriam Leitão, em O Globo

Publicado em 26/12/2017 08:59
Mensagem de Requião convoca ato pró-Lula em Porto Alegre (em O Antagonista)

Fuga para o Planalto (por Míriam Leitão, em O GLOBO)

O grande risco com o Lula não é o radicalismo. Ele nunca foi radical, tanto que, como disse em entrevista na última semana: “Esse mercado injusto que nunca me agradeceu com o tanto que ganhou.” Deveria também ter cobrado gratidão das empresas em geral, porque nos 13 anos do governo petista os benefícios para o capital foram de 3% do PIB para 4,5% ao ano, um aumento, ao PIB de 2015, de R$ 90 bilhões.

Na entrevista, em que convidou um grupo de jornalistas para um café da manhã, o ex-presidente disse: “Eu não tenho cara de radical, nem o radicalismo fica bem em mim.” De fato. Não é esse o problema. O risco Lula é institucional. Já condenado em primeira instância, réu em mais 5 processos, denunciado em outros, sua estratégia é a fuga para o Planalto, único local onde poderá escapar de todas as ações, todas as investigações, onde terá autoridade sobre a Polícia Federal, e poderá minar o poder do Ministério Público. O Brasil se transformará num país em que a impunidade será coroada se o réu chegar à Presidência da República.

Ele tem usado a candidatura como defesa nas ações a que responde na Justiça. Provavelmente calcula que quanto maiores forem suas intenções de voto mais inatingível ficará, mais poderá usar a versão de que é um perseguido político.

Contudo, a Justiça terá que decidir diante das provas e dos autos e agora a palavra está com o TRF-4. Mesmo na hipótese de ser absolvido, há outros processos contra ele. Lula se define como uma pessoa “mais conhecida que uma nota de R$ 10”, e tenta usar essa notoriedade para se blindar. Vai se aproveitar do tempo jurídico e das muitas possibilidades recursais em seu favor. “Se eles cometerem a barbaridade jurídica de me condenar tenho ‘n’ recursos para fazer, e vou continuar viajando.”

A Justiça Eleitoral tem aceitado, inexplicavelmente inerte, à campanha presidencial antes da hora. Também nada faz contra a descarada campanha de Jair Bolsonaro. Isso cria a distorção de punir quem cumpre a lei, e favorecer quem a ofende. “O mundo é dos espertos”, disse recentemente o técnico Renato Gaúcho, do Grêmio, ao ser apanhado espionando adversários com drones. A tese do técnico tem se confirmado porque as intenções de voto colocam Lula e Bolsonaro nos primeiros lugares. Pelo visto, bobo é quem cumpre a lei eleitoral.

Ao dar os primeiros toques do que seria seu programa, ele, de novo, recorre à demagogia. “Por que o povo pobre tem que pagar mais imposto de renda do que o povo rico. Por que o rentismo não paga imposto de renda sobre o que ele ganha? Por que a gente não pode começar a pensar em uma política tributária em que as pessoas mais humildes paguem menos e os mais aquinhoados paguem mais? Por que não se coloca em prática a questão do imposto sobre as grandes fortunas? Parece radicalidade, mas não é.” Faltou uma pergunta: por que em 13 anos, quatro meses e 11 dias de governo, o PT não teve tempo de fazer o que ele propõe? Fez o oposto. As deduções de imposto para os grandes grupos e setores empresariais, as transferências através de empréstimo subsidiado, a elevação da dívida pública para aumentar em meio trilhão a capacidade de o BNDES dar crédito barato para grandes empresas, como JBS, grupo X, Odebrecht e outros, foram as grandes marcas dos governos petistas na economia. O programa econômico executado por ele e sua sucessora foi regressivo. Gastou-se mais dinheiro público com os muito ricos.

Lula prepara os truques com os quais vai responder às suas incoerências. Culpou o PT pela foto que tirou com Maluf. “Quando Haddad foi candidato a prefeito em 2012 eu estava com câncer, inchado e foram me tirar de casa para uma fotografia com Maluf.”

Ele se comporta como se o país tivesse amnésia coletiva. Propôs mudar tudo através de uma Constituinte, acusando a “elite”de ter feito uma nova Constituição desde 1988. O PT governou em quase metade desse tempo. Critica a atual gestão da Petrobras como se não tivesse acontecido nas gestões petistas o maior escândalo de corrupção da história do país.

Há todos os disfarces e truques de sempre, a demagogia costumeira, mas estes não são os maiores riscos, e sim um fato de que ele tem contas a acertar com a Justiça e tenta, como defesa, a fuga para a Presidência da República.

(Com Alvaro Gribel, de São Paulo).

Mensagem de Requião convoca ato pró-Lula em Porto Alegre (em O Antagonista)

O site do PMDB, partido do presidente Michel Temer, publicou uma mensagem do senador Roberto Requião convocando “bolivarianos” para “fazer festa” em Porto Alegre no dia do julgamento de Lula no TRF-4, 24 de janeiro.

Vejam a mensagem do senador:

“Bernie Sanders, Corbyn, Cristina Kirchner, Mujica, Rafael Correa, López Obrador, Jimmy Carter, Melechon, Beppe Grillo, Evo Morales, Podemos, a esquerda Grega, Boaventura e nossos irmãos portugueses, Lugo, Beatriz Sánchez, Bachelet, Guillier, Salvador Nasralla, Zelaya, bolivarianos e todos nossos irmãos latinoamericanos estão todos convidados para assistirem ao vivo em Porto Alegre o julgamento de nosso ex-presidente Lula e assim poderem dizer ao mundo se está sendo um julgamento justo, imparcial e equilibrado!

O comunista Flávio Dino disse à Folha que “Lula deve manter a candidatura até o limite”, pois é “fundamental, imprescindível”.

“Só há eleições livres com ele sendo candidato, não há razão para não ser, a não ser um processo de lawfare, de perseguição judicial. Metade da população tem intenção de votar nele.”

Só um meteorito salva o Brasil. (O Antagonista).

30 milhões saíram e voltaram, Barroso

No seu artigo para a coluna de Ancelmo Góis, Luís Roberto Barroso repisa que, nos últimos anos, 30 milhões de brasileiros saíram da miséria.

Eles voltaram para onde estavam, Barroso, atingidos pelo desastre econômico causado pelo PT.

O 5 estrelas de Maluf (em O Antagonista)

A Coluna do Estadão informa que Paulo Maluf se hospedou no hotel Gran Marquise, na praia de Meireles, em Fortaleza, um mês antes de ser preso.

Kakay disse que seu cliente foi buscar tratamento de coluna. A diária do 5 estrelas varia de R$ 544 (quarto superior) a R$ 12.155 (suíte presidencial).

Maluf deve estar estranhando o colchão da Papuda.

Kakay, um dos advogados de Paulo Maluf, disse ao UOL que seu cliente “é um transtorno para o sistema penitenciário”.

“Ele não tem mais força nas pernas. Ele não teria condições de se levantar se não houvesse mais pessoas na cela. Ele precisa que outros presos o ajudem, o que não é confortável para uma pessoa de 86 anos de idade.”

Fonte: O Globo/O Antagonista

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