Jucá expressou opinião pessoal sobre Previdência, não há decisão final do governo, diz Meirelles

Publicado em 13/12/2017 17:26

SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta quarta-feira que o governo continua trabalhando para aprovar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados na próxima semana, em linha oposta ao que o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), falou mais cedo, de que o texto iria à votação em fevereiro.

O senador apresentou a sua opinião pessoal e não do governo, afirmou Meirelles, acrescentando que a base aliada e o Executivo devem discutir o assunto e decidir o encaminhamento da reforma nos próximos dias.

Quase 60 votos a menos (em O Antagonista)

Segundo Lauro Jardim, o governo contabilizou como votos certos e “imutáveis” pela reforma da Previdência 250 deputados. São necessários 308.

Por isso Romero Jucá anunciou o adiamento para fevereiro, embora todo o governo saiba que será ainda mais difícil aprovar a reforma em ano eleitoral.

Rodrigo Maia disse à Folha que não combinou nada para deixar a reforma da Previdência para fevereiro, ao contrário do que informou há pouco Romero Jucá.

O deputado Beto Mansur, vice-líder do governo, afirmou quem quem decide esse assunto é a Câmara. “Isso é uma sacanagem com Michel”, disse Mansur a Pauderney Avelino, aliado de Maia.

Enquanto isso, Michel Temer está no Sírio-Libanês.

Como esperado, a oposição solta fogos com a notícia de que a votação da reforma da Previdência não ocorrerá neste ano.

Ivan Valente, do PSOL, afirmou que o adiamento é “vitória da pressão popular” e pediu para que a mobilização continue, “para derrotar de vez o pacote de maldades de Temer”.

Meirelles contraria Jucá e diz que intenção é votar reforma

Henrique Meirelles disse que Romero Jucá, que anunciou o adiamento para fevereiro da votação da reforma da Previdência, “tem muita experiência e bom senso, deu opinião válida, mas não está na Câmara”.

O ministro da Fazenda insistiu em que o governo continua “trabalhando para aprovar o mais rápido possível a reforma” e quer votá-la na semana que vem.

A prefeitos, Temer defende aprovação imediata de reforma da Previdência para evitar 

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer fez nesta quarta-feira, em evento com a presença de prefeitos e representantes de municípios no Palácio do Planalto, a defesa da aprovação imediata da reforma da Previdência para evitar que o país atravesse um "desastre".

No discurso, Temer também fez a avaliação que, daqui a 10 anos, quem estiver presidindo o país terá que antecipar a regra de transição para a idade mínima de aposentadoria, prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma e que determina um período de 20 anos para que a idade mínima para se aposentar chegue a 65 anos.

"Nós estamos fazendo uma reforma agora que evita um desastre ali na frente. Qual o desastre? Desastre já revelado modernamente, na Grécia em Portugal", disse Temer.

"Lá houve cortes de aposentadorias e pensões de 20, 30 por cento, houve cortes de vencimentos de 20, 30 por cento, porque não se tomou a cautela --que agora nós estamos tomando-- de fazer uma reforma mediana, uma reforma razoável para que isso não venha a acontecer em brevíssimo tempo", disse.

O presidente afirmou que, se a reforma não for feita agora, daqui a dois ou três anos, ela terá de ser realizada de "maneira muito mais radicalizada".

Temer disse que os homens vão se aposentar com 55 anos e as mulheres, com 53, e destacou que, pela proposta de reforma, durante uma "longa transição", de 20 anos, é que vai ser fixado a idade mínima de aposentadoria de 65 anos para os homens, por exemplo.

"Eu aqui comigo até penso o seguinte, meus amigos: daqui a uns dez anos, quem estiver presidindo o país vai dizer 'olha, não vai dar para esperar os 20 anos, nós vamos ter que antecipar isso tudo'", avaliou o presidente, ao prever que a regra de transição deverá ser alterada no futuro.

No ato que contou com a presença de representantes de municípios, o presidente pediu apoio aos prefeitos para que, a partir de agora, entrem em contato com deputados e senadores para defender a aprovação da reforma com o argumento de que a sociedade precisa dela e que ninguém será prejudicado.

A estratégia foi a mesma que ele adotou, na véspera, com empresários que participaram de evento no Palácio do Planalto.

Temer disse que acredita na possibilidade de votar a reforma "agora", antes do recesso parlamentar, e que isso depende do número de votos que o governo vai ter. Para ele, a economia poderá reagir negativamente se a proposta não passar, o que não é bom para o país. Se passar, frisou, o país dará um "salto" e todos vão aplaudir.

O presidente repetiu que o novo texto "não prejudica ninguém", uma vez que trabalhadores rurais e atingidos pelo BPC (benefício de prestação continuada) ficaram de fora. Ele citou que a principal mudança vai ocorrer com servidores públicos, que terão de fazer um plano de previdência complementar caso ganhem acima de cerca de 5.600 reais.

Para a PEC da reforma ser aprovada na Câmara são necessários os votos de 308 dos 513 deputados em dois turnos de votações no plenário da Casa. Posteriormente, a proposta terá ainda de ser analisada pelo Senado.

PSDB fecha quetão a favor da reforma da Previdência

O PSDB fechou questão a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência, informou nesta quarta-feira a assessoria de imprensa da liderança do partido na Câmara dos Deputados.

Para aprovar a PEC são necessários os votos de 308 votos dos 513 deputados em dois turnos de votação no plenário da Casa. O PSDB tem uma bancada de 46 deputados. Com o fechamento de questão, o parlamentar fica sujeito a punições caso não siga a orientação partidária.

O deputado Carlos Sampaio (SP) disse a jornalistas que, embora o fechamento de questão tenha sido feito sem ressalvas, ele foi incumbido de conversar com o relator da reforma, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), sobre a possibilidade de ser feita ainda alguma alteração na regra de transição.

Previdência é fundamental para equilíbrio da economia, diz Ilan

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta quarta-feira que os ajustes e reformas do governo, em particular a da Previdência, são fundamentais para o equilíbrio da economia.

Em coletiva de imprensa, Ilan fez um balanço das ações do BC em 2017, que considerou um ano proveitoso em termos macroeconômicos. Sobre ações da agenda do BC que ainda não foram endereçadas, Ilan afirmou que a autoridade monetária segue estudando projeto para sua autonomia operacional.

Ele também pontuou que o BC irá trabalhar para reduzir o custo do cartão de débito e fazer estudo sobre níveis estruturais de compulsórios, ambas novidades em relação às medidas apresentadas até então.

Economia brasileira tem vários colchões disponíveis para volatilidade com eleições, diz Ilan

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - A economia brasileira está se recuperando e tem vários colchões disponíveis para atravessar qualquer volatilidade futura por conta das eleições, avaliou nesta quarta-feira o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, defendendo ainda os benefícios para a economia de uma inflação possivelmente abaixo do piso da meta neste ano.

Bastante questionado sobre as eleições presidenciais de 2018, Ilan citou conforto com os atuais níveis da inflação, das reservas internacionais e dos swaps cambiais.

"Começar o ano com inflação abaixo da meta é um colchão. Começar o ano com expectativas ancoradas para todos os anos é um colchão", disse ele, afirmando que não faria comentários sobre a eleição porque a contribuição do BC é de "instituição técnica e neutra".

A respeito da possibilidade de a inflação fechar o ano abaixo de 3 por cento, Ilan defendeu o lado positivo do legado. No último encontro de política monetária, o BC reduziu a projeção de inflação pelo cenário de mercado a 2,9 por cento em 2017, abaixo do piso da meta oficial deste ano --de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

"Considero que a inflação ter chegado a 2,9, 2,8 por cento é um grande ativo para a sociedade brasileira. O poder de compra aumentou. Em conjunto, permitiu a queda da taxa de juros a níveis mínimos históricos e contribuiu para a recuperação da economia", disse ele.

Na mais recente pesquisa Focus, feita pelo BC junto a uma centena de economistas, a expectativa para o IPCA neste ano caiu a 2,88 por cento. Se o índice terminar 2017 abaixo de 3 por cento, será a primeira vez desde a criação do regime de metas que a inflação fica abaixo do piso e Ilan terá de justificar o resultado em carta aberta.

O presidente do BC voltou a pontuar que a inflação mais baixa neste ano teve relação com o choque deflacionário dos preços dos alimentos e que a política monetária não deve reagir diretamente ao movimento.

"Não se tenta combater queda de preços de itens que o BC não tem controle tentando subir o preço daqueles que o BC tem controle", afirmou.

Ele também enfatizou que os ajustes e reformas do governo, em particular a da Previdência, são fundamentais para o equilíbrio da economia. A continuidade desse cenário, afirmou Ilan, garantirá trajetória de juros mais baixos.

No início do mês, o BC cortou a Selic em 0,5 ponto percentual, à mínima histórica de 7 por cento ao ano, deixando a porta aberta para nova redução adiante, mas ressalvando que encarará a investida com "cautela".

Isso porque o BC deixou claro que os passos seguintes estão mais sensíveis a eventuais mudanças no cenário de riscos o que, para analistas, foi uma sinalização sobre como será o desfecho da reforma da Previdência.

Durante a coletiva, Ilan fez um balanço da atuação do BC em 2017, que considerou um ano "proveitoso" em termos macroeconômicos. Dentre as ações já divulgadas e que ainda não foram endereçadas pela autoridade monetária, Ilan afirmou que o BC segue estudando projeto para sua autonomia operacional.

Para ele, essa é uma investida que tende a reduzir o prêmio de risco da economia "com custo fiscal nenhum".

Ilan também afirmou que o BC irá trabalhar para diminuir o custo do cartão de débito e fazer estudo sobre níveis estruturais de compulsórios, ambas novidades em relação às medidas apresentadas até então na Agenda BC+.

(Reportagem adicional de Bruno Federowski)

Fonte: Reuters/O Antagonista

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