Wall St sobe e Dow Jones supera 24 mil pontos com otimismo sobre reforma tributária

Publicado em 01/12/2017 02:28
Reuters + Blog Rodrigo Constantino: A “nova normal” é um mundo com reduzidas taxas de juros, próximas de zero nos países desenvolvidos. dado com o que deseja…

 O S&P fechou em uma máxima recorde e o Dow Jones subiu acima da marca de 24 mil pontos pela primeira vez nesta quinta-feira, com investidores ganhando confiança de que o esforço do partido republicano para uma reforma tributária nos Estados Unidos poderia ter sucesso.

O Dow Jones subiu 1,39 por cento, a 24.272 pontos, o S&P 500 ganhou 0,82 por cento, a 2.647 pontos, e o Nasdaq Composite avançou 0,73 pontos, a 6.873 pontos.

A decisão do senador republicano John McCain de apoiar a lei tributária deu um novo ânimo à legislação. McCain havia ajudado a derrotar os esforços de republicanos para revogar o ObamaCare, e um voto positivo dele sobre a medida tributária era considerado crucial. Ele disse que a lei impulsionaria a economia, embora esteja "longe de perfeita".

"Nós temos vistos votos 'não' mudando para a coluna 'sim', então isso torna a aprovação da lei mais certeira e também antecipa o calendário", disse Bucky Hellwig, vice-presidente sênior da BB&T Wealth Management em Birmingham, no Alabama.

"A pressa agora está em aprovar isso, e investidores estão dizendo que estamos prontos para comprar isso", acrescentou.

O Senado deveria começar a votar as emendas à lei mais tarde nesta quinta-feira, com um voto final ainda hoje ou no início da sexta-feira.

O índice blue chip do Dow cruzou quatro marcos de 1.000 pontos neste ano apoiado por fortes ganhos corporativos, dados econômicos robustos e esperanças de cortes de impostos corporativos. A lei tributária reduziria a taxa de imposto corporativo a 20 por cento, ante 35 por cento.

Senador McCain apoia projeto tributário nos EUA; crescem chances de aprovação

WASHINGTON (Reuters) - Uma abrangente reforma tributária patrocinada pelo Partido Republicano ganhou força no Senado dos Estados Unidos nesta quinta-feira com o apoio do senador John McCain, conforme líderes do partido realizavam negociações nos bastidores para tentar assegurar votos suficientes para aprovação.

McCain, peça-chave no colapso em julho de um esforço republicano para revogar o Obamacare, disse que o projeto de lei de impostos está “longe de perfeito”. Mas o herói de guerra e ex-candidato presidencial afirmou que o projeto irá impulsionar a economia e dar alívio fiscal para todos os norte-americanos.

    A senadora republicana Susan Collins, que também desempenhou um papel no fracasso da revogação do Obamacare, disse a repórteres que ainda não está comprometida em apoiar o projeto tributário.

O Senado, controlado pelo Partido Republicano, deve começar uma votação possivelmente caótica sobre emendas de republicanos e democratas antes de seguir para uma votação final tarde da noite ou no início da sexta-feira.

    Horas antes dos votos, senadores ainda discutiam sobre os conteúdos do projeto de lei. Diversos republicanos mantiveram apoio enquanto buscam mudanças, incluindo limites sobre quanto o projeto de lei irá aumentar o déficit federal, inclusão de uma dedução federal de até 10 mil dólares em impostos de propriedades locais e do Estado, e maiores incentivos fiscais para companhias “pass-through”, incluindo pequenas empresas.

    Como esboçado, o projeto de lei do Senado irá cortar a taxa de impostos de corporações norte-americanas de 35 para 20 por cento e reduzir a carga tributária sobre empresas e indivíduos, embora encerre muitos incentivos fiscais, mas ainda irá acrescentar 1,4 trilhão de dólares à dívida federal que já ultrapassa 20 trilhões de dólares.

ALGUNS SINAIS DE QUE UMA NOVA BOLHA ESPECULATIVA PODE ESTAR EM CURSO NO MUNDO (por rodrigo constantino)

A “nova normal” é um mundo com reduzidas taxas de juros, próximas de zero nos países desenvolvidos. Após a crise de tecnologia em 2000, os bancos centrais jogaram as taxas para baixo, para “estimular a economia”. Economistas keynesianos como Paul Krugman vibraram, e chegaram a pedir uma bolha imobiliária para “curar” a recessão. Cuidado com o que deseja…

Veio a bolha, que estourou em 2008. O que fizeram os bancos centrais? Ora, para quem tem apenas um martelo tudo se parece com prego. Reduziram as taxas novamente, com rodadas brutais de estímulo monetário, injetando liquidez farta nos mercados. Veio o QE1, QE2, QE3… era tanto “quantitative easing” que perdemos a conta.

Mas os economistas austríacos alertaram: essa liquidez toda vai encontrar seu destino, e não necessariamente será produtivo. Novas bolhas especulativas serão formadas. Uma má alocação de capital será uma consequência inevitável disso. Vai “dar ruim” lá na frente.

E eis que temos, em 2017 apenas, vários sinais de possíveis bolhas se formando mundo afora, já que os bancos centrais podem controlar a liquidez, mas jamais para onde o excesso de “recursos” vai respingar. Seguem alguns indícios de que a coisa pode estar saindo de controle:

  • Um quadro supostamente de Leonardo Da Vinci foi vendido pela impressionante quantia de $450 milhões;
  • O Bitcoin, criptomoeda que caiu nas graças não só dos libertários geeks, mas do povo em geral, multiplicou-se por quase dez e bateu em $10 mil;
  • O Bank of Japan e o Banco Central Europeu compraram $2 trilhões em ativos (sim, trilhões);
  • A dívida global subiu para mais de $225 trilhões, ou acima de 320% do PIB global;
  • Empresas americanas venderam um recorde de $1,75 trilhão em bonds;
  • Os bonds de high yield europeus negociaram abaixo de 2% ao ano;
  • A Argentina, com histórico de caloteira, vendeu bonds de cem anos (sim, um século!) em uma oferta que foi bastante demandada;
  • Illinois, que está insolvente, vendeu bonds a 3,75% ao ano para compradores que tiveram de disputar alocação;
  • O valor de mercado das ações globais subiu $15 trilhões e atingiu $85 trilhões, um recorde em relação ao PIB, de 113%;
  • A volatilidade do S&P 500 caiu para mínimas de 50 anos e a volatilidade do Treasury foi para um mínimo de 30 anos;
  • A Tesla, que perde dinheiro, vendeu bonds a 5% ao ano sem garantias, enquanto queima mais de $4 bilhões em caixa produzindo poucos carros;
  • A Apple está chegando perto de $1 trilhão de valor de mercado.

A lista me foi enviada por um amigo do mercado financeiro, e é assustadora. Tem mais coisa que podemos incluir, mas o leitor, mesmo o leigo, já pode pegar o jeito da coisa. Num mundo sem retorno, em que os poupadores são penalizados pela prudência e os devedores são constantemente resgatados pelas autoridades, temos a “eutanásia do rentier”, ou seja, os que possuem poupança são forçados a fazer loucuras em busca de algum yield qualquer.

É análogo a uma festa em que o dono distribui bebida grátis há horas. Depois de tanta liquidez, os presentes relaxam o critério de julgamento e passam a chamar urubu de “meu loiro”, enxergando top model onde só há mocreia. São levados a acreditar que o Bitcoin só tem uma direção possível: conquistar o mundo das moedas e desbancar o dólar. Ou fingir que a Argentina é um país sério. Ou então imaginar um mundo futuro – e em breve – onde todos terão carros elétricos da Tesla, já que o combustível fóssil – usado para gerar energia também aos carregadores elétricos da Tesla – está ultrapassado e já era.

Enfim, quando o dinheiro passa a arder na mão, quando o poupador perde dinheiro se tiver uma poupança conservadora, todos acabam sendo levados a fazer loucuras, a especular feito doidos, a crer nas mais bizarras promessas. Agradeça aos bancos centrais por essa realidade instável. Quem não entende a teoria austríaca dos ciclos econômicos pode muito bem tomar a bolha pelo normal, e depois não adianta chorar…

Rodrigo Constantino

Fonte: Reuters/Blog Rodrigo Constantino

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